“Love, Victor”. É assim que Victor Salazar (Michael Cimino) assina os e-mails e mensagens que troca com Simon. O adolescente é o protagonista de Love, Victor, série que chegou ao Brasil junto com o Star + e, nos EUA, já teve concluída a segunda temporada e anunciada a terceira. Vale ressaltar que Love, Victor é um spin off de Love, Simon.
A série é delicada. O principal mote de Love, Victor é a descoberta da sexualidade do protagonista. Aos 15 anos, ele é homossexual, mas não sabe lidar com isso. Contar para os outros, então, nem pensar. O jeito que ele arranja é desabafar com Simon, personagem que nunca vimos e nem sabemos o quanto é real. Funciona mais como uma maneira de entrarmos mais a fundo na cabeça de Victor.
Victor acaba de chegar a Atlanta com a família de origem hispânica ー os pais Armando Salazar (James Martinez) e Isabel (Ana Ortiz), a irmã Pilar (Isabella Ferrera) e o caçula Adrian (Mateo Fernandez) ー e não conhece ninguém. Em vez de se soltar num lugar novo e poder ser ele mesmo, Victor se fecha mais, especialmente quando descobre o verdadeiro motivo da mudança de cidade.
O rapaz acaba formando uma teia de amizades que inclui o vizinho intrometido e carente Félix (Antony Turpel), as colegas de sala na escola Lake (Bebe Wood) e Mia (Rachel Hilson) e o companheiro de trabalho Benjamin (George Sear). Logo, Victor se apaixona por Benjamin, por quem vive uma paixão platônica a boa parte do tempo, mas namora mesmo Mia. Essa relação existe mais para provar a si mesmo e à sociedade que namora meninas do que por estar apaixonado. O que Victor está é assustado.
Não é só Victor que tem seus problemas. A relação da patricinha Lake com a mãe é tão mal resolvida que afeta a autoestima da menina, que se finge de durona. Mia tem uma questão a resolver com o pai, pois a mãe dela saiu de casa e ela faz questão de atrapalhar qualquer relação amorosa dele. Além disso, ela se culpa pelo sumiço da mãe e acaba inventando problemas da matriarca com álcool e drogas.
É bom frisar que Love, Victor tem seus momentos de choro e emoção, sim. Mas também tem muita comédia, principalmente quando a família Salazar está junta.
É no mínimo estranho que em uma série chamada Love, Victor não esteja em Victor o foco da ação. Ele tem boas cenas, cumpre uma trajetória interessante. Mas muitos ali têm mais o que dizer e as tramas paralelas acabam se desenvolvendo mais. Armando e Isabel têm segredos que movimentam a trama e até mesmo Pilar merece mais atenção em determinados episódios.
Michael Cimino não é mau ator. Victor tem realmente esse olhar perdido, essa falta de expressões marcantes de que quem vive amarrado, sufocado com a família e os amigos mais próximos. Mas os outros são mais solares, assim como Bebe Wood e Rachel Hilson, e acabam chamando mais a atenção.
Na verdade, Love, Victor precisa desabrochar, amadurecer. Tal qual o protagonista. O previsível final deixa o caminho aberto para uma segunda temporada com mais temas adolescentes tratados como os jovens merecem: com profundidade.
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