Olhando para novelas antigas é possível fazer um passeio pela sociedade brasileira sob vários aspectos. Se estão em questão Roda de fogo (1986), O salvador da pátria (1989), ambas de Lauro César Muniz, e O bem-amado (1973), de Dias Gomes, o que espanta é que esse passeio soa mais do que atual. O salvador da pátria está sendo reprisada no Viva e O bem-amado pode ser vista no Globoplay, mesma plataforma em que Roda de fogo estreia nesta segunda-feira (26/4).
As três tramas, cada uma a seu modo, tratam da sede pelo poder público, pela Presidência da República mesmo. E apresentam personagens capazes de tudo para alcançar esse objetivo. É o caso de Renato Villar (Tarcísio Meira), protagonista de Roda de fogo. Acusado de corrupção e prestes a ver a carreira política naufragar antes mesmo de deslanchar, ele tenta seduzir a juíza Lúcia Brandão (Bruna Lombardi), tida como incorruptível, para influenciar no julgamento. O plano não dá certo porque os dois acabam se apaixonando de verdade, o que leva a magistrada a um dilema ético, agravado por uma doença terminal da qual sofre o empresário. A novela ainda aproveita para criticar o militarismo por meio do general aposentado Hélio d´Ávila (Percy Aires) e do ex-torturador Jacinto (Claudio Curi).
A polêmica de O salvador da pátria extrapolou as telas. Políticos da direita e da esquerda reclamavam que a novela de Lauro César Muniz acabaria influenciando na eleição presidencial de 1989 — a primeira direta do país depois do regime militar. Tal influência seria por meio de Sassá Mutema (Lima Duarte, em personagem histórico), boia-fria condenado por um crime que não cometeu que é levado pelo deputado corrupto Severo Toledo Blanco (Francisco Cuoco) à política. Eleito prefeito, Sassá não aceita se render a falcatruas, rompe com Severo e tenta fazer uma política independente, calcada na ética. As semelhanças — inclusive físicas — de Sassá com o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva eram alvo de várias reclamações.
Agora, se é para traçar paralelo com a atualidade, é na mais antiga das três que vamos encontrar mais elementos. A Sucupira de O bem-amado poderia muito bem ser uma grande capital do Brasil de 2021, ou mesmo a sede do poder federal. O prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo) abusa do populismo: é eleito prometendo inaugurar um cemitério na cidade. Mas como ninguém morre, ele tenta resolver esse “problema” do “modo próprio”. Durante a trama de Dias Gomes, negociatas são fechadas, juízes comprados e Odorico, do alto de seu autoritarismo, chega a duvidar da eficácia de uma vacina, dificultando que o imunizante chegue à população. É como se costuma dizer no fim dos capítulos: “Qualquer semelhança com a vida real será mera coincidência”.
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