De carona na estreia da próxima temporada do MasterChef, na terça-feira (6/3), chefs da cidade falam sobre a onda de programas gastronômicos. Será que eles gostam?
Acordar às quartas-feiras vai ficar ainda mais penoso a partir desta semana. Isso porque a Band estreia nesta terça a oitava temporada do MasterChef Brasil. O famigerado horário das 22h30 também está de volta, o que faz com que o reality show termine por volta da 0h30 e complique um pouco a vida de quem levanta cedo.
Na nova temporada, o programa volta a ser disputado por cozinheiros amadores. Esta será a quinta vez que não profissionais tentam convencer os jurados Erick Jacquin, Paola Carosella e Henrique Fogaça, que são mantidos desde a estreia da atração e também estiveram à frente das versões Junior e Profissionais. A apresentação ficará a cargo de Ana Paula Padrão, jornalista dona da contagem regressiva mais lenta da televisão brasileira, também presente desde o início do reality no Brasil
A edição de terça-feira deve mostrar o processo de seleção a que se submeteram os candidatos até que conheçamos os escolhidos para entrar na competição para valer ー a Band não confirma o número exato, mas costumam ganhar o avental do MasterChef cerca de 25 amadores. A estreia deve contar, também, com disputas em duplas, trios e quartetos, além de provas mais técnicas, como descascar cebola com perfeição.
Emoção é o que não faltará no MasterChef
Um vídeo divulgado nas redes sociais mostrava a empolgação de Ana Paula e do trio de jurados para a atração. Nele, Paola Carosella afirma que “será emocionante para mim e espero que seja para vocês também.”
Com certeza para o chef David Lechtig, da rede El Paso, será. Fã do MasterChef Brasil e também do formato que mostra cozinheiros de outros países, David afirma que faz de tudo para estar em casa na hora do programa e revela que escolhe alguns participantes para torcer.
“Eu sei que é um programa de televisão, que tem edição, fantasia. Está na cara que eles seguem um guia e que muita coisa é cortada na edição. Mesmo assim é divertido e eu adoro”, afirma o chef. David diz que a versão brasileira é mais emocionante e tem “mais camaradagem” do que as outras. “Nos outros países, as críticas dos jurados são destrutivas. Aqui tem uma camaradagem mais bonita. Mesmo que a Paola Carosella faça aquelas caras, ela dá dicas, ensina”, comenta o chef, que já se inspirou em provas para criar pratos.
Ano passado, a chef Mara Alcamim participou como jurada convidada de uma prova do MasterChef Brasil e a adorou a experiência (Lembre como foi!). A comandante do restaurante Universal Diner ficou impressionada com a estrutura que encontrou.
“Eu adoro o programa. Quanto mais a gente tiver programas de gastronomia, mais as pessoas ficam curiosas. O mundo inteiro convive com isso e o Brasil está entrando agora nisso. Sou super a favor desses programas. Tem uma estrutura enorme. Umas 20, 30 pessoas envolvidas na produção, fora que cheguei de helicóptero”, lembra Mara.
Vida real x Programa na tevê
Ser chef de cozinha é uma das profissões da moda, atualmente. Especialmente porque, com tantos realities gastronômicos no ar, a glamourização em torno do profissional acaba ganhando força. “Para a profissão, é uma faca de dois gumes”, brinca David Letchig, do El Paso. “Tem a glamourização, mas mostra a valorização da profissão. Eles gravam duas, três vezes por semana e a gente, numa cozinha, trabalha sob pressão em dois turnos por dia. É bem mais pesado. Mas isso acontece em programas sobre outras profissões, como médicos e arquitetos também. Tem que ter a parte do show que a gente adora”, completa.
Mara Alcamim, do Universal Diner, concorda que a tevê mostra um lado fantasioso dos chefs, mas faz a ressalva de que “toda profissão tem um pouco de glamour”. Para ela, o MasterChef “é importantíssimo para a profissão. Todo mundo ganha ao saber o que é uma técnica, ao saber identificar um produto de qualidade. E quem virar chef só pelo glamour vai ficar pelo caminho.”
A personal chef Raquel Amaral saiu de Brasília para São Paulo para participar do The taste, competição do GNT. “Participar de um programa como esse te dá muita publicidade, mas mostra muito glamour que não é verdade. A cozinha profissional tem muito mais suor. A gente não é artista, é chef. Por outro lado é muito bacana ver a valorização da profissão”, pondera. Raquel não ganhou o programa, mas saiu de lá para um estágio na cozinha do Maní, um dos restaurantes mais premiados do país. “O The taste é menos tenso do que o MasterChef, mas, mesmo assim, é uma experiência muito louca. Quando saí me prometi que nunca mais faria algo parecido. Mas no dia seguinte já estava morrendo de saudades”, diverte-se Raquel, que é fã também “de quase todos os programas gastronômicos do GNT.”
O MasterChef Brasil também é educação. É o que defende o argentino Sebastian Parasole, coordenador do curso de gastronomia do Iesb, para quem “o programa tem um caráter educativo que me interessa muito. Modifica o modo de o público ver e lidar com a gastronomia e de pensar os produtos locais. Isso não quer dizer que a realidade seja mostrada na tevê. Ser cozinheiro não é um concurso, exige muitas horas de trabalho duro diariamente.”