Atriz com 15 anos de carreira no teatro, Mariana Gallindo viverá mulher que terá a família como um dos pilares. Gênesis estreia na próxima terça-feira (19/1), na Record
A novela Gênesis, estreia da próxima terça-feira (19/1) na Record, vai trazer o início da humanidade segundo a Bíblia, partindo de Adão e Eva mesmo. Mas o folhetim também marca outro começo: o da carreira da atriz Mariana Gallindo na televisão após 15 anos de teatro.
Para Mariana há semelhanças e diferenças entre os sets e os palcos. Entre as semelhanças, ela destaca “o momento da concepção dos personagens, a alegria que me dá ao dar vida e viver aquelas situações, a entrega ao ofício, a relação com toda equipe e a transformação que cada trabalho realiza na minha vida.”
“A maior diferença que eu vejo é o domínio do ator sobre a obra. No teatro temos a perfeita noção sobre o impacto da peça na plateia, se eles choram, riem, não riem, aplaudem e isso dá ao ator a possibilidade de “editar” a peça no seu decorrer. Na televisão tudo está na mão do diretor, ele decide os tempos, os cortes, ângulos; e a resposta do público só saberemos depois que já estivermos no ar”, compara Mariana, em entrevista ao Próximo Capítulo.
Em Gênesis, Mariana viverá Zade, uma mulher marcada pela cumplicidade com o marido, Elisá (Marcello Gonçalves), e com a filha Liba (Pâmela Tomé). “A característica mais forte da Zade é a confiança e cumplicidade com a família. Para compor a Zade foi importante pensar na época e na região em que a novela se passa, entender os costumes, a cultura, o lugar da mulher naquela sociedade e as relações sociais”, define Mariana.
Na entrevista a seguir, a atriz fala mais sobre o processo de criação de Zade, teatro musical e inclusão social de maiores de 60 anos. Confira!
Entrevista// Mariana Gallindo
Como será sua participação na novela? Você vai viver a Zade. Como a definiria?
A característica mais forte da Zade é a confiança e cumplicidade com a família. Ela tem diálogo aberto com o marido Elisá (Marcello Gonçalves) e com a filha Liba (Pâmela Tomé). Com Elisá, a relação é tão íntima que eles se entendem e se resolvem sem dizer uma palavra, apenas com o olhar. E com Liba, o que acho mais bonito, é sua capacidade de, mesmo discordando ou com medo, deixar a filha tomar a atitude que quiser, pois confia não apenas em Liba, mas nos ensinamentos que ela transmitiu à filha.
Como você compôs o personagem?
Para compor a Zade foi importante pensar na época e na região em que a novela se passa, entender os costumes, a cultura, o lugar da mulher naquela sociedade e as relações sociais. Entendido isso, pensei em como eu faria essa mulher de milhares de anos atrás existir hoje. Mais ainda, como uma mãe de hoje se enxergaria nessa mulher. Então a resposta veio por meio dos sentimentos, que são universais, inerentes dos seres humanos, não importa a época ou o lugar.
Gênesis é sua estreia na televisão, mas você já tem 15 anos de teatro. Quais são as principais diferenças?
Quando penso nisso, às vezes acho que é completamente diferente e, às vezes, completamente igual. Completamente diferente, pois, na televisão, gravamos uma cena de cada vez, temos a possibilidade de errar, de ver como ficou, de repetir; e, no teatro, a única chance é aquela e, se não for boa, só na próxima sessão. Por outro lado, quando você tem a chance de repetir você fica muito mais crítico, afinal estará gravado para sempre. No teatro se não for boa essa cena, amanhã a gente já esquece e faz de novo. Mas a maior diferença que eu vejo é o domínio do ator sobre a obra. No teatro temos a perfeita noção sobre o impacto da peça na plateia, se eles choram, riem, não riem, aplaudem e isso dá ao ator a possibilidade de “editar” a peça no seu decorrer. Podemos acelerar uma cena, aproveitar melhor uma piada, enfim, o sucesso ou não da peça está bastante na mão do ator; já na televisão tudo está na mão do diretor, ele decide os tempos, os cortes, ângulos; e a resposta do público só saberemos depois que já estivermos no ar. Agora, o que eu acho completamente igual é o momento da concepção dos personagens, a alegria que me dá ao dar vida e viver aquelas situações, a entrega ao ofício, a relação com toda equipe e a transformação que cada trabalho realiza na minha vida.
Porque a chegada à televisão demorou tanto? Você não queria ou não aconteceu?
Há dois anos decidi ampliar minha carreira. Eu amo teatro musical, mas queria muito novos desafios. Fiz alguns testes para seriados, mas não passei em nenhum. Então surgiu o teste de Gênesis, meu primeiro teste pra novela e passei. Acho que tudo tem seu momento e se demoraram 15 anos para eu entrar numa novela é porque eu precisava de maturidade e experiência para entregar o meu melhor para o público deste veículo
O musical é um gênero muito presente na sua carreira. Qual será o futuro desses espetáculos com tudo o que estamos vivendo?
Hoje mais do que nunca digo: “um dia de cada vez.” Não consigo precisar quando voltaremos, nem qual tamanho das produções, quantidade de plateia, de elenco, se teremos patrocinadores, se o público terá condições financeiras e coragem de entrar num teatro, enfim, essas perguntas ficam diariamente na minha cabeça; principalmente porque este ano eu iria estrear minha primeira produção de teatro musical e, por cautela, cancelei. O que posso dizer é que o teatro é vivo desde 2500 a.C. então ele se adapta muito bem e nós encontraremos uma forma de nos adaptarmos a esta realidade. O que acho mais importante neste momento é termos cautela, agir com inteligência preservando nossa saúde e pensar em realizar atividades artísticas que priorizem a saúde e o bem estar coletivo.
Você comanda o SEXagenárias, projeto voltado a mulheres de mais de 60 anos. As mulheres ainda recebem muita cobrança com relação ao envelhecer?
Eu comecei com as SEXagenárias pela minha mãe e pela minha avó, mulheres fortes, potentes, lindas, mas que estavam se depreciando por sua idade. Eu queria que elas se sentissem da maneira que eu as enxergava e não da maneira que elas se cobravam por não ser. Isso é muito duro e muito absurdo! Nos cuidamos tanto para viver mais, então quando você realmente começa a viver mais, existe a cobrança para você não aparentar a idade que tem.
Em fevereiro você deve inaugurar a Casa Henriquieta. Como será esse espaço?
A casa é um espaço de refúgio e encontros, era a casa dos meus avós Paulo e Henriqueta e eu preservei essa cara de casa de vó, com jardim enorme, decoração com bordados, crochês e tudo que remeta à infância na casa da vovó. Lá teremos aulas de crochê, canto, dança, teatro musical, rodas de leitura e outras atividades artísticas que visem o autoconhecimento e a troca de experiências. Este ano, por conta da pandemia, vamos inaugurar o espaço devagarinho, com turmas super reduzidas e com todos os protocolos de segurança recomendados, já que trabalho principalmente com idosos. Cuidei de tudo pessoalmente, cada detalhe. Espero do fundo do coração que as pessoas que realizem as atividades lá sintam o mesmo carinho que eu sinto quando estou lá.