Intérprete de Gurik, Marcelo Argenta revela que gosta dos vilões e das novelas de época. Em Gênesis, ele tem as duas coisas
O ator Marcelo Argenta se sente completamente à vontade em séculos passados. Pelo menos no que se refere a novelas. Acostumado com as produções de época, ele emplaca mais um personagem “antigo” em Gênesis, novela bíblica da Record na qual interpreta o guerreiro Gurik na trama de Camilo Pellegrini, Raphaela Castro e Stephanie Ribeiro.
“Gurik é um personagem que estará nas três fases que compõem Ur dos Caldeus. Começando como soldado, na segunda vira oficial e se torna general na terceira. No início da trama, ele estará ligado à caravana capitaneada por Terá ( ngelo Paes Leme). Gurik é braço direito do Rei Ibbi-sim (Felipe Roque) a quem o rei confia, troca confidências e discute as questões de guerra, de batalha e a quem o rei irá muito se apoiar para discutir questões de dentro do castelo, os conflitos”, define Marcelo, em entrevista ao Correio.
Marcelo ressalta o fato de o personagem não ser citado na Bíblia: “A questão de ele ser ficcional me dá uma liberdade na criação, diferente de um personagem já existente, no caso um personagem bíblico, em que já temos definida sua persona.”
Um dos grandes sucessos de Marcelo foi outro personagem de caráter duvidoso em outra novela de época: o Lauro de Êta mundo bom (2016). “Gosto muito das novelas de época, acho que como ator você poder viver aquilo é sensacional. Em Êta mundo bom foi assim e, agora, em Gênesis também. Em Gênesis eu me coloquei como ator como se tivesse fazendo um Shakespeare, energia, corpo, voz… e isso implica nos cenários, figurinos, enfim… realmente um outro mundo. E penso eu que tramas de épocas podem ser mais ricas em história, nas tramas, nas possibilidades”, explica.
Mas foi em uma novela contemporânea, Malhação – Vidas brasileiras (2018), que Marcelo ficou com medo de ser agredido nas ruas. Isso porque ele vivia o professor Breno, que assediou uma aluna. “Nesse caso, o negativo, o ódio, o ranço pelo personagem foi como um elogio ao meu trabalho. Porque realmente não era para gostar dele. Ele era um abusador, um psicótico. Mas também com o Breno, foi a primeira vez que na rua quando alguém me ‘reconhecia’ eu ficava de olho, para ver se a pessoa, de repente, pudesse avançar em mim, me agredir”, revela, aos risos.
Prestes a completar 40 anos, em maio, Marcelo acha que não vai estranhar a idade tida como um marco na vida dos homens. Ele sabe que está numa boa fase da carreira, com corpo e mente em dia e quer apenas um presente: “Torcendo por essa vacina (contra a covid-19)!”
Entrevista // Marcelo Argenta
Você entra na novela Gênesis como o Gurik. Como é o personagem?
Gurik é um personagem que estará nas três fases que compõem Ur dos Caldeus. Começando como soldado, na segunda vira oficial e se torna general na terceira. No início da trama, ele estará ligado à caravana capitaneada por Terá ( ngelo Paes Leme). Gurik é braço direito do Rei Ibbi-sim (Felipe Roque) a quem o rei confia, troca confidências e discute as questões de guerra, de batalha e a quem o rei irá muito se apoiar para discutir questões de dentro do castelo, os conflitos.
Gurik não faz parte da Bíblia. Viver um personagem criado do zero para a novela é mais fácil do que interpretar um que o público já conheça?
Penso que nunca é “fácil” fazer um personagem. A questão de ele ser ficcional me dá uma liberdade na criação, diferente de um personagem já existente, no caso um personagem bíblico, em que já temos definida sua persona. Claro que, depois, o ator que for fazê-lo dará seu “toque”, suas nuances.
O personagem tem várias cenas de batalha. Como se preparou para elas. Teve alguma aula? Cuidou mais do corpo?
Fizemos aula de manuseio de espada, ensaiamos algumas coreografias de luta e também tive aula de montaria. Numa batalha estarei a cavalo. O cuidar do corpo eu sempre me cuidei, faz parte da minha rotina de vida. Para esse trabalho, na verdade, eu procurei me alimentar mais, para ganhar um pouco mais de peso para o personagem e também pelo ritmo desgastante, principalmente nas cenas de batalha, cenas externas, ao ar livre, com sol e calor intenso. Precisa de muita energia para aguentar o tranco (risos).
Você acaba vivendo mais vilões ou personagens dúbios na televisão. Eles realmente são mais interessantes?
Eu gosto! Acho que prende mais a quem assiste. Você fica sem saber o que ele fará, se torna mais imprevisível, e com isso prende mais a atenção. Ele está sempre “cheio”, um personagem que não se esvazia.
Quando você interpreta personagens como o professor Breno de Malhação a repercussão negativa do público chega a te assustar?
Nesse caso, o negativo, o ódio, o ranço pelo personagem, para mim, foi como um elogio ao meu trabalho. Porque realmente não era para gostar dele. Ele era um abusador, um psicótico. Mas também com o Breno, foi a primeira vez que na rua quando alguém me “reconhecia” eu ficava de olho, para ver se a pessoa, de repente, pudesse avançar em mim, me agredir (risos).
Meninas chegavam para você para falar sobre experiências parecidas na época da novela? Como você, como pessoa pública, pode ajudá-las?
Meninas e meninos. Eles chegavam para relatar fatos que ocorreram, sempre no passado, nenhum me relatou no presente. E também alguns em estarem “felizes” com o tema sendo tratado numa novela, principalmente Malhação, em que predomina um público jovem.
Você tem experiências nas chamadas novelas bíblicas, mas também em tramas contemporâneas como Malhação e de época como Êta mundo bom. Quais são as principais diferenças em estar em cada um desses três tipos de produção?
Gosto muito das de época, acho que como ator você poder viver aquilo. Acho sensacional poder sair desse nosso dia a dia. Em Êta mundo bom foi assim e, agora, em Gênesis também. Em Gênesis eu me coloquei como ator como se tivesse fazendo um Shakespeare, energia, corpo, voz… e isso implica nos cenários, figurinos, enfim… realmente um outro mundo. E penso eu que tramas de épocas podem ser mais ricas em história, nas tramas, nas possibilidades… e até falta de recurso da época, ou no caso, de todos os nossos recursos de nossa época. Hoje, no mundo contemporâneo tem WhatsApp, nem precisa ir até a pessoa, é só mandar mensagem (risos). Se você fizer diferente disso hoje você está meio “fora da realidade”, não será real (risos).
Você está prestes a completar 40 anos de idade. Esse marco significa algo para você ou é apenas mais um número?
Confesso que nem pensei, ou estou pensando nisso. Vamos ver quando o aniversário chegar (risos).
Você estará no filme As almas que dançam no escuro. O que pode dizer desse projeto?
Esse é meu segundo trabalho com o diretor Marcos DeBrito. Fizemos antes o Apóstolos, que é um segmento do longa-metragem Histórias estranhas, de 2019, e ele foi exibido como curta em festivais importantes como Sitges e Screamfest, inclusive sendo citado pelo diretor Guillermo de Toro (diretor de O labirinto do fauno e A forma da água), na sua página do Twiter. Almas que dançam no escuro é um drama de suspense investigativo, que trata de um tema muito delicado, usando do terror psicológico para se aprofundar na dor da perda. Nossa expectativa é que ele estreie comercialmente no começo do segundo semestre, mas quem sabe figure em alguns festivais antes disso.
Podemos esperar te ver nos palcos este ano?
Veremos! Estou envolvido em dois projetos no teatro, mas ainda estamos nesse momento delicado de covid-19. Torcendo para essa vacina!