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As séries brasileiras estão em alta

Publicado em Séries

Séries brasileiras atravessam boa fase, com produções de ficção e documentais que fazem sucesso aqui e no exterior

Por Adriana Izel e Vinicius Nader

O início deste ano foi promissor para as séries brasileiras. Com roteiro e criação de Carlos Saldanha, Cidade invisível apareceu e se firmou por várias semanas na lista entre as 10 mais vistas do catálogo da Netflix no Brasil. O drama fantástico com toques de folclore nacional fez sucesso também em outros países, em alguns ficando também entre as 10 mais vistas.

É com esse ar positivo que títulos como Hard (com novos episódios a partir deste domingo na HBO) e Doutor Castor (série documental do Globoplay que vem fazendo barulho desde a semana passada) chegam às telas. Isso sem falar na expectativa por séries como a segunda temporada de Aruanas, no Globoplay, e Temporada de verão, na Netflix ー ambas previstas para este ano.

Nos novos episódios de Hard, Sofia (Natália Lage), dona de casa que se viu obrigada a assumir a produtora de filmes pornográficos Sofix depois da morte do marido, está mais à vontade nesse universo, até então desconhecido para ela.

“O processo dela é ir se colocando cada vez mais e descobrindo dentro dela esse potencial criativo, esse potencial de administradora, de empresária e também de alguém que pode contribuir com um olhar novo sobre o pornô”, afirma a protagonista Natália Lage, em entrevista ao Correio. “O castelo que ela montou, a fortaleza que ela montou para se proteger vai desmoronando e vão aparecendo esses fantasmas e esses espelhos que vão fazendo ela ter que lidar, a cada situação, novamente com esse novo lugar que ela está ocupando. Ela começa a se empoderar, a lidar melhor com a profissão e a cada pessoa que descobre ela tem que se revisitar e entender de novo como é estar nesse lugar”, adianta a atriz.

A continuação de Hard traz dois desafios para Sofia: viver o grande amor ao lado de Marcello (Julio Machado), ator pornô por quem se apaixonou, e enfrentar o preconceito da família, das amigas e dela mesma. “Para ela, estar apaixonada por uma pessoa completamente contrária a tudo que ela foi criada para acreditar é muito difícil. Então, ela vai avançar dois passos e voltar um. Ela está com o Marcelo numa dificuldade profunda e verdadeira de alguém que nunca se imaginou naquela situação, mas que está totalmente apaixonada”, explica Natália.

Para Natália, o preconceito das amigas de Sofia — que se acham liberais, mas se espantam com a indústria pornô — nos aproxima da trama. “A gente é um povo que se conhece muito pouco, a gente é muito racista, a gente é muito machista, a gente é muito homofóbico, mas a gente não se dá conta disso. A gente está num processo, não só no Brasil, mas no mundo, de reconhecimento desse lugar. E esse é o primeiro passo para a mudança. O que eu desejaria é que os brasileiros tivessem essa postura que a Sofia tem, de encarar os próprios fantasmas, próprios tabus e medos e pudessem se transformar com isso”, reflete

Série documental

18.02.1985 – Luiz Pinto – RI – Desfile da Escola de Samba “Mocidade Independente de Padre Miguel”, com o enredo “Ziriguidum 2001, Carnaval nas Estrelas” : bicheiro Castor de Andrade, patrono da escola, junto à comissão de frente – Cromo 85-0314

Carnaval e futebol. Duas das grandes paixões nacionais estão reunidas em Doutor Castor, série documental em 4 episódios na qual o diretor Marco Antônio Araújo desvenda o mito Castor de Andrade. O perfil, primeira produção original Globoplay feita pelo Esporte da Globo, aborda o dirigente do time do Bangu, o carnavalesco da Mocidade Independente de Padre Miguel, mas não deixa de lado o contraventor, o bicheiro.

“O Castor é um personagem irresistível. É inacreditável que ainda não existisse um documentário ou uma biografia sobre ele. A história do Castor é fundamental para entendermos o Rio de Janeiro, para compreendermos o Brasil. Crime, futebol e carnaval são marcas registradas do Brasil – e o Castor foi uma grande figura nessas três áreas”, afirma o diretor, em entrevista ao Correio.

Marco Antônio Araújo ressalta a dubiedade de um personagem como Castor: “O assistencialismo é uma arma poderosa em locais onde o estado é omisso. Castor dava dinheiro para as pessoas, financiava tratamentos médicos, fazia doações para as igrejas da região. E levou alegria por meio do Bangu Atlético Clube e da Mocidade Independente de Padre Miguel. Claro que havia um preço a pagar. As mortes e a violência vinham a reboque, como acontece sempre que uma organização criminosa toma de assalto uma região.” Na série, que alterna “causos” pitorescos e depoimentos de juristas e jornalistas, ainda fica claro que Castor ainda é presença marcante em Bangu.

Expectativa

Ainda para este ano serão muitas as séries brasileiras com potencial para fazer sucesso. Temporada de verão, da Netflix, traz elenco internacional ー o astro de Elite, Jorge López contracena com elenco jovem conhecido por aqui, como André Luiz Frambach, Leonardo Bittencourt e Giovanna Lancellotti. Fãs de séries também esperam a segunda temporada da engajada Aruanas, no Globoplay.

Uma das novidades no elenco é Elisa Volpatto, que viverá Ivona, uma conhecida ativista que volta da Europa para ajudar as Aruanas. “Estou animada, pois é uma série da maior importância que coloca as questões ambientais no centro do debate. E em tempos em que o Brasil alcança o recorde em desmatamento na Amazônia, é urgente que essas questões se apresentem para o grande público, mesmo que por uma obra de ficção”, afirma, em entrevista ao Correio.