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Marcello Gonçalves: As novelas me aproximaram de Deus

Publicado em Entrevista

Ator de Jesus e de Gênesis, Marcello Gonçalves conta ao Próximo Capítulo que não parou de trabalhar durante a pandemia e que as novelas bíblicas o puseram mais perto de Deus. Confira!

Marcello Gonçalves é daqueles que não conseguem desacelerar. Quando a pandemia de coronavírus chegou ao Brasil, ele gravava a novela bíblica Gênesis, rodava o filme Obscuro e ainda tinha planos nos palcos. A vinda do isolamento social interrompeu esses projetos, mas abriu espaço para outros.

“Acredito que o artista está sempre criando e comigo não é diferente. Quando parou tudo, incluindo uma peça que estava produzindo, foquei nas parcerias que só começariam no segundo semestre e adiantei encontros e reuniões on-line para continuar a criação. Eu não parei”, afirma Marcello, em entrevista ao Próximo Capítulo.

O ator esteve na novela Jesus e está em Gênesis. Aos críticos do filão das tramas bíblicas, Marcello lembra que Jesus é um sucesso em vários países. Além disso, ele conta que os folhetins o aproximaram de Deus, sem que isso signifique a conversão a uma religião específica.

“Já frequentei igreja católica, centro espírita, igreja evangélica, mas encontrei Deus dentro do meu coração. Tenho na família católicos, padre, freira, evangélicos, espírita e budista. Respeito todos. Mas minha conexão vem pela natureza e pelo contato com as plantas. Tudo é energia”, conta.

O ator também pode ser visto na série A divisão, do Globoplay, que expõe feridas da polícia, como corrupção e violência. Marcello comemora a coragem da série e ressalta que “o papel da arte é desvendar o véu da sociedade para que se tenha mudanças sociais, econômicas e culturais a fim de se estabelecer um diálogo permanente e crescente de novas possibilidades para todos. Quando se retrata a corrupção entranhada no sistema, essa radiografia serve para apontar o caminho da mudança.”

Em 28 anos de carreira, Marcello tem a boa marca de 29 filmes ー entre curtas e longas-metragens. “O cinema faz o que gosto que é contar histórias com qualidade e tempo de criação”, justifica o ator, que poderá ser visto em 2021 nas telonas em O último animal, do português Leonel Vieira. “O longa traz na narrativa histórias do submundo carioca sobre tráfico internacional”, adianta.

Entrevista// Marcello Gonçalves

Foto: Lu Valiatti/ Divulgação

A pandemia interrompeu seus planos na televisão (Gênesis), no cinema (Obscuro) e nos palcos. Como não pirar indo da agenda tão atribulada ao isolamento social em tão pouco tempo?
Acredito que o artista está sempre criando e comigo não é diferente. Quando parou tudo, incluindo uma peça que estava produzindo, foquei nas parcerias que só começariam no segundo semestre e adiantei encontros e reuniões on-line para continuar a criação. Eu não parei.

Você está no elenco da série A divisão, que terá nova temporada em 2021. Qual é o segredo da série?
É a equipe altamente competente tecnicamente, com um profundo e visceral trabalho de pesquisa. Tem o Vicente Amorim, um diretor minucioso, e a realização da Affroregae audiovisual no comando do José Júnior, que é novo do cinema, mas imprescindível na realização do trabalho.

A divisão expõe uma chaga da sociedade brasileira, a corrupção na polícia. Qual a importância de trazermos isso à tona na dramaturgia?
O papel da arte é desvendar o véu da sociedade para que se tenha mudanças sociais, econômicas e culturais a fim de se estabelecer um diálogo permanente e crescente de novas possibilidades para todos. Quando se retrata a corrupção entranhada no sistema, essa radiografia serve para apontar o caminho da mudança.

Você esteve em Jesus, novela que está sendo reprisada na pandemia. Como é se rever?
Vejo só depois que acaba o trabalho. Vejo as minhas cenas, mas não gosto de ficar me vendo, faço isso com calma e tempo.

Antes de a pandemia chegar ao Brasil você gravava outra trama bíblica, Gênesis. Como vê esse filão da teledramaturgia no país?
Acho importante historicamente fazer esses trabalhos, ricos em pesquisa, e qualidade. Prezo pela qualidade e isso o diretor Edgard Miranda saber fazer muito bem. Esse filão pode ser ainda mais explorado, se a Record quiser. Tem investidor e público no mundo todo. A novela Jesus é um grande sucesso em vários países.

Fazer essas novelas o aproximou de alguma religião?
Com certeza me aproximei mais de Deus. Mas não de nenhuma religião, já frequentei a igreja católica, centro espírita, igreja evangélica, mas encontrei Deus dentro do meu coração. Tenho na família católicos, padre, freira, evangélicos, espírita e budista. Respeito todos. Mas minha conexão vem pela natureza e pelo contato com as plantas. Tudo é energia.

Você costuma se engajar em trabalhos filantrópicos, como para a companhia Parlapatões. O coletivo é uma saída para a sociedade contemporânea?
O homem coletivo sente a necessidade de lutar, parafraseando Chico Science, Nessa pandemia, ficou claro que essa será a melhor alternativa em calamidades humanitárias próximas. Os Parlapatões são patrimônio nacional e cultural e é importante reconhecer isso, arregaçar as mangas e fazer o que tem que ser feito. Como faz a APTR aqui no Rio, com uma campanha que salvou, centenas de artistas em situação de risco por conta da covid-19.

Você tem 28 anos de carreira e 29 filmes. É no cinema que se encontra como ator? Porque?
O cinema faz o que gosto que é contar histórias com qualidade e tempo de criação. Além de atuar, desenvolvo projetos na Lat’s Filme e na Multiphocus, em que sou sócio criador de três filmes.

Você estará no filme O último animal. O que pode dizer desse projeto?
O filme é do Leonel Vieira, diretor de cinema português que mora em Lisboa. O longa traz na narrativa histórias do submundo carioca sobre tráfico internacional. O filme é falado em inglês e português e tem no elenco Joaquim de Almeida, Joe Renteria, Duran Fultom Brown, Alejandra Toussaint, Samuel Mello, Gabriela Loram e grande elenco.

Porque acha que interpreta mais vilões do que mocinhos?
Tenho traços fortes. Isso me ajuda. Gosto dos vilões, mas vou fazer papéis que não me oferecem habitualmente nas minhas produções. Isso equilibra um pouco e é desafiador. Amo desafios.

Você acaba de comprar os direitos para produzir o espetáculo teatral Meu ex imaginário. O que um projeto tem que ter para te chamar a atenção?
O texto tem que ser bom. E, nesse caso falo da Regiana Antonini e sua afiada biografia teatral com comédias. Isso já basta. Quando procurei a autora, já conhecia o texto e fui direto ao ponto: Quero fazer uma comédia romântica de qualidade e isso o texto Meu ex imaginário tem!