Na quinta novela bíblica da carreira, Guilherme Winter vive o vilão Judas Iscariotes
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Guilherme Winter sai em defesa do seu personagem, Judas, na novela ‘Jesus’

Publicado em Entrevista

Ator Guilherme Winter fala ao Próximo Capítulo sobre o vilão da novela da Record, sobre carreira internacional e crise com a idade. Confira!

Defender um vilão não é tarefa das mais fáceis. Se esse vilão for Judas Iscariotes, então… Mas é justamente isso que Guilherme Winter tenta fazer. “Além de ótimo tesoureiro do grupo de apóstolos, Judas é considerado pelos companheiros como homem bom, leal, inteligente e instruído. Mas possui uma fraqueza: a ambição pelas coisas materiais e pelo poder. Ele é influenciado por Satanás e o remorso o leva ao suicídio”, afirma Guilherme, que vive Judas na novela Jesus, a quinta trama bíblica da carreira dele.

“Embora ele tenha sido um homem de grande inteligência e seguidor de Jesus, falhou em muitas coisas, assim como todo ser humano falha, não é mesmo? Então, como ator, não julgo meu personagem, mas luto para passar a verdade dele e humanizá-lo”, continua.

Além da novela, Guilherme pode ser visto no filme argentino Desearás al hombre de tu hermana, disponível na Netflix. No longa, Guilherme tem cenas sensuais, que ele tira de letra.

“Esse tipo de cena geralmente é visto como um tabu. É sempre feito com muito cuidado e respeito com o elenco, acho que isso é o principal para realizar uma cena com esse contexto”, conta.

Com essa experiência na Argentina – ele também atuou numa peça de teatro por lá –, Guilherme espera dar o pontapé para a carreira internacional. “Estou feliz com meus papéis no Brasil, mas como tive algumas experiências no exterior, seria muito especial poder trabalhar lá fora novamente”, afirma. Rumo a Hollywood!

Leia entrevista completa com Guilherme Winter

Judas é um dos personagens mais populares e míticos da Bíblia. Como se preparou para vivê-lo?
Judas é um personagem muito controverso. Claro que a grande massa o considera como o grande traidor da humanidade, ele é sinônimo de traição. Além de ótimo tesoureiro do grupo de apóstolos, Judas é considerado pelos companheiros como homem bom, leal, inteligente e instruído. Mas possui uma fraqueza: a ambição pelas coisas materiais e pelo poder. Ele será influenciado por Satanás e se convence de que a prisão de Jesus seria o estopim para uma grande revolta, que conduziria o povo judeu finalmente à liberdade. Judas então trai. O plano falha e o remorso o leva ao suicídio. Para viver um personagem tão intenso, me dediquei incansavelmente aos estudos dos roteiros, livros históricos e, também, diálogos com os diretores e escritores da trama.

Jesus é sua quinta novela bíblica. Esses trabalhos te aproximaram da religião?
Me aproximam do ator que quero me tornar cada vez mais, ou seja, contar boas histórias e ter personagens fortes, e isso pode ser feito em uma novela com temática bíblica ou não, até mesmo porque não sou adepto de uma religião, embora seja católico de criação. Contudo, o que acredito mesmo é que podemos trabalhar nosso corpo e mente sem um dogma.

Fez alguma mudança física para o Judas?
Nada tão radical, com exceção da barba e cabelo que precisei deixar crescer.

Judas é um personagem que já foi interpretado por vários atores. Tem como dar o seu toque a ele? Qual será o diferencial deste Judas?
Acredito que Judas é Judas, né? (risos) E isso implica em questões que não podem ser deixadas de lado. Faço um traidor, um homem que a humanidade vê como um “absurdo” na história de Cristo. No entanto, quero destacar que tenho procurado olhar para o meu personagem de maneira bem pontual, sem descaracterizar o que realmente o fez entrar para a história como o Judas Iscariotes que o mundo conhece. Embora ele tenha sido um homem de grande inteligência e seguidor de Jesus, falhou em muitas coisas, assim como todo ser humano falha, não é mesmo? Então, como ator, não julgo meu personagem, mas luto para passar a verdade dele e humanizá-lo.

No espetáculo Fuerza bruta você atuava debaixo d’água. Como foi essa experiência?
Fiz o corredor na esteira. Foi emocionante participar desse espetáculo. É muito físico e exige muito do corpo. Já era muito fã deles e os conhecendo de perto fiquei mais fã ainda porque fiz grandes amigos. Nos receberam muito bem, nos deixaram à vontade. Foi uma experiência única e muito intensa pra mim e pra Giselle Itié.

O espetáculo tem origem argentina, assim como o filme Desearás al hombre de tu hermana. Como é sua relação com a Argentina?
Eu amo esse lugar. Lá, tive a oportunidade de trabalhar, tempo de me encantar e, hoje, sempre que posso vou a Buenos Aires. Minha relação é de gratidão. É uma terra onde a cultura transborda, e para um ator isso é estar no paraíso.

No filme você tem cenas sensuais. Como lida com a exposição do corpo e com esse tipo de cena? Tem problemas em tirar a roupa para um papel?
Esse tipo de cena geralmente é visto como um tabu. É sempre feito com muito cuidado e respeito com o elenco, acho que isso é o principal para realizar uma cena com esse contexto.

A peça e o filme acabaram dando um pontapé inicial numa carreira internacional. Pensa em fazer mais coisas no exterior ou quem sabe em Hollywood?
Sim, penso. Qual ator não desejaria, né? (risos) Estou feliz com meus papéis no Brasil, mas como tive algumas experiências no exterior, seria muito especial poder trabalhar lá fora novamente. No entanto, acredito muito que tudo acontece de uma maneira natural, claro que é preciso ter foco, e, por isso, quero continuar batalhando por boas histórias e, assim, os olhares mundo afora se abrem também.

É muito diferente atuar em uma língua que não é a nossa?
Sim, porque para fazer com naturalidade e verdade, sem ficar preso ao texto, digo racionalizando o texto para que a coisa flua. Foi um intercâmbio lindo de culturas e muito desafiador. Mas todos no set foram muito gentis e generosos comigo e isso me deixou muito à vontade. Tenho um carinho muito grande pela Argentina. Fiz grandes amigos que levo no coração. Sou muito fã da cultura e do jeito que se expressam.

Você chegou a ser skatista profissional. Como optou pelas artes?
Poderia ter sido, mas a vida convergiu para outro lugar e naturalmente foi virando um hobby.

Você estudou desenho industrial. Isso o ajuda de alguma forma na profissão de ator, já que são áreas ligadas ao senso estético?
Se considerarmos que o senso estético envolve também o tato e a visão, atributos que estão presentes na vida do ator, percebo que ter estudado desenho industrial me ajudou a perceber detalhes, noção do que é belo e, até mesmo, de aguçar a capacidade de julgar, apreciar e decidir o que pode ser agradável aos sentidos humanos. As duas áreas lidam com o visual ou aparência de algo. Então foi um aprendizado válido.

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Ano que vem você completa 40 anos. Isso pesa de alguma forma?
Não pesa. É especial poder ver a vida passar e saber que estamos vivendo nossos sonhos. Envelhecer é algo que vai acontecer com todos nós, não é mesmo? E o desespero não vai resolver uma situação que não está em nossas mãos, ou seja, o tempo corre. Além disso, sentir que a idade pesa ou não, é uma decisão de cada um, assim acredito. Idade é uma questão de estado de espírito. Costumo pensar assim e me sinto em paz.

Como você cuida do seu corpo?
Gosto de ir à academia sempre que dá, mas procuro não descuidar da alimentação, que é um grande canal do que pode ser benéfico e maléfico por nosso corpo.