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Luellem de Castro vê mais negros na TV, mas “ainda há muito que fazer”

Publicado em Entrevista

Luellem de Castro, a Talíssia de Malhação – Vidas brasileiras, fala ao Próximo Capítulo sobre espaço para negros na TV, música, teatro e novela. Confira!

A temporada de Malhação deste ano, Vidas brasileiras, reveza o protagonista a cada 15 dias. Dos que já tiveram as próprias quinzenas, Talíssia (Luellem de Castro), Garoto (Pedro Maia), Dandara (Jeniffer Dias), Érico (Gabriel Fuentes) e Jade (Yara Charry) são negros (Leia aqui entrevistas com Pedro e Yara).

Mesmo assim, Luellem de Castro sabe que a novelinha é uma exceção por trazer o protagonismo negro. “Estamos mais atentos a isso. Acho e que a internet é um lugar incrível que gera muita visibilidade. Mas a TV ainda está muito atrasada. É só prestar atenção na quantidade de produtos no ar e contar quais têm mais negros do que brancos. Nenhum. Ainda há muito que fazer”, afirma, em entrevista ao Próximo Capítulo.

Em sua primeira novela depois de participações pequenas e de fazer parte do elenco de apoio em outras produções, Luellem está em estado de graça com Talíssia. “Ela é adolescente mesmo passando por tantas coisas. Ela continua leve e jovem, não endurece por causa das dificuldades”, explica, referindo-se a racismo, intolerância religiosa e à gravidez na adolescência.

“Estamos em um momento importante de reconstrução de sociedade. Quanto mais falarmos sobre esses assuntos melhor é pra sacudir a mente e expulsar velhos pensamentos”, reflete.

Na entrevista a seguir, Luellem de Castro fala sobre Malhação, sobre música (ela é compositora e tem um grupo onde também canta) e sobre teatro. Confira!

Leia entrevista com Luellem de Castro!

Atriz Luellem de Castro como Talíssia em Malhação - Vidas brasileiras
Foto: Globo/Divulgação. Luellem de Castro comemora o bom momento vivendo a Talíssia

A Talíssia teve duas quinzenas como protagonista. Esperava essa repercussão da personagem?
Na verdade, isso já era uma coisa prevista. Fiquei feliz por ter rolado, a gente nunca sabe o que vai acontecer em uma obra aberta, né?

O que mais te encanta na Talíssia?
O que me encanta nela é que ela é adolescente mesmo passando por tantas coisas. Ela continua leve e jovem, não endurece por causa das dificuldades.

Ela é uma personagem muito forte – enfrenta problemas a toda hora, sempre com leveza. Você também tem essa força?
Não sei (risos). Já passei por muita coisa na vida e continuo aí, talvez eu tenha.

A personagem em alguns momentos discute o racismo e a intolerância religiosa. Qual é a importância de tocar nesses assuntos em uma produção voltada para o público juvenil?
Acho que estamos em um momento importante de reconstrução de sociedade. Quanto mais falarmos sobre esses assuntos melhor é pra sacudir a mente e expulsar velhos pensamentos.

Esta temporada de Malhação tem personagens negros em destaque (Talíssia, Garoto, Dandara, Érico, Jade tiveram as próprias quinzenas), mas isso ainda não é uma regra na televisão brasileira. Sente que a representatividade está aumentando? Ainda tem-se muito que avançar?
Estamos mais atentos a isso e que a internet é um lugar incrível que gera muita visibilidade. Mas a TV ainda está muito atrasada. É só prestar atenção na quantidade de produtos no ar e contar quais têm mais negros do que brancos. Nenhum. Ainda há muito que fazer.

O fato de você não ter filhos te atrapalhou a compor a Talíssia?
Que nada! Afinal, a gente não precisa passar por tudo o que um personagem passa pra conseguir fazê-lo. Foi bem tranquilo.

Você esteve em Malhação – Sonhos. Como está sendo o retorno à novelinha?
Desafiador. Em Malhação – Sonhos eu fazia elenco de apoio, a exposição era menor. Lidar com isso faz parecer que eu estou na minha primeira Malhação .

Você lançou recentemente o single Menina Hareboa e Talíssia é uma das vocalistas da Tales de Mileto. Qual é a importância da música na sua vida?
A música tem me dado segurança pra eu saber dizer para os outros e para mim mesma que tipo de artista quero ser. Tem sido uma delícia passar por isso.

Menina Hareboa fala de uma questão social, a relação de uma empregada doméstica com a patroa. A arte pode ser usada a serviço de discussões políticas e sociais?
Claro! Arte comunica diretamente. Tem algo melhor do que falar diretamente com muita gente? É melhor que qualquer palanque político.

Na banda Nós somos, você canta ao lado do seu irmão, Leandro. Como faz para não levarem para um ensaio ou show questões familiares?
Não temos muitas questões, sempre fomos muito amigos. Nos damos muito bem. Sempre me espelhei nele. Ele é o meu herói.

Você deve estrear em janeiro um espetáculo com o grupo Teatro de Afeto. Como será a peça?
A peça fala sobre mulheres fortes e permanência. Espero que seja emocionante pro público como está sendo pra gente!

E o Teatro de Afeto? Como são as atividades do grupo?
O teatro de afeto é um grupo que trabalha a espiritualidade. Nossas atividades são todas voltadas para o autoconhecimento. É um grupo especial.