João Vithor Oliveira se destaca como Saulo de Deus salve o rei

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O ator, que começou a atuar ainda criança, fala sobre arte, família e política. Confira entrevista com João Vithor Oliveira!

Filho da diretora de teatro Bia Oliveira e sobrinho-neto do cineasta, ator e autor Domingos de Oliveira. Ator desde criança, João Vithor Oliveira começa a galgar o próprio espaço na televisão.

Aos 22 anos de idade e 18 de carreira, o rapaz aponta o Rafa da novela Chamas da vida (2008) como um divisor de águas — “Foi ali que tive a oportunidade de cruzar com pessoas que tiveram o cuidado de entender aquele momento de transição e a generosidade simplesmente com seus exemplos, afirma ao Próximo Capítulo — e agora se destaca como um jovem talento de Deus salve o rei, novela na qual vive Saulo, guerreiro que teve que superar uma cegueira e vive às turras com Selena (Marina Moschen), por quem é apaixonado.

Entre essas duas novelas, vieram duas tramas inteiras (A temporada de 2009 de Malhação e Boogie Oogie, de 2014) e várias participações especiais em produções como Fina estampa, Joia rara e Sol nascente, assim como pelo menos cinco peças de teatro.

O teatro é definido por João como a “minha arte”. Tanto que ele começou a fazer faculdade de artes cênicas. “Acredito que tenha sido muito importante naquele momento me conectar com as referências ali postas. Me ajudou a tomar consciência do teatro, da minha arte, como função social e da importância de darmos valor ao outro, mesmo que na divergência”.

Em entrevista ao Próximo Capítulo, João Vithor fala sobre o tio-avô famoso (“Saber a opinião dele, o que ele acha, é sempre importante para mim”), sobre a preparação para Deus salve o rei, os cuidados com o corpo e a alimentação e sobre política. Confira!

Leia entrevista completa com João Vithor Oliveira!

Como foi a preparação para viver o Saulo de Deus salve o rei?
Inicialmente tivemos a oportunidade de, em grupo, durante um mês, investigar esse universo que habitaríamos em breve. Então foi um momento de imersão e estudo sobre o “universo medieval” em que experimentamos desde comprimentos à relação com animais, atirar com arco e flecha, besta. Enfim, situações bem comuns da realidade dos personagens, que nós precisamos estar preparados para lidar. Foi bem especial.

Saulo te exigiu uma preparação física forte. Você já fazia bastante exercício físico?
Sempre fui ativo. Busco estar sempre em movimento, então, sim, já fazia. Porém, Saulo me trouxe a vivência da responsabilidade em relação a um corpo novo, que não era o meu. Então, sim também, precisei me ater mais à alimentação, além de passar frequentar a academia regularmente, coisa que até então não fazia. Percebi que precisava estar disponível e preparado para a necessidades dele, logo, pela natureza do personagem, essa foi uma maneira que encontrei de me aproximar dele. Ou ele mim, já não sei mais…(risos).

O Saulo de Deus salve o rei exigiu preparação física de João Vithor Oliveira

Você começou cedo nas novelas, ainda criança. Como foi crescer nos sets de gravação?
Nossa, uma loucura. Acredito que na verdade tenha tido muita sorte nisso tudo, em poder vivenciar esse universo de outra perspectiva, ainda muito, muito jovem. Segundo: acho, mesmo não lembrando tão bem de tudo que vivi, que aprendi muito sobre essa realidade, que anos depois escolheria pra minha vida, com a presença do lúdico, da leveza de uma criança que não tinha noção da dimensão do que estava fazendo. Pelo contrário, tudo era uma grande diversão.

Quando deixou de ser uma brincadeira para virar o trabalho para o resto da vida?
Já deixou? (risos) Bom, na verdade, acredito que durante um trabalho que fiz quando tinha 14 anos, quando também já tinha iniciado meu interesse pelo teatro efetivamente ( também motivado e em parceria com minha mãe, Bia Oliveira) quando trabalhava em Chamas da vida. Foi ali que tive a oportunidade de cruzar com pessoas que tiveram o cuidado de entender aquele momento de transição e a generosidade simplesmente com seus exemplos.

Você reencontra atores com quem trabalhou quando criança agora, adulto? Como é essa experiência?
É demais! Um pouco antropológico eu diria. (risos) Na verdade, essa experiência é o que levamos dessa “experiência” né?! O outro.

Você começou a faculdade de teatro. Qual é a importância de uma formação teórica para um ator?
Acho que o estudo e formação teórica é muito importante, não só para um ator, como para qualquer outra profissão. Falando sobre a minha experiência, acredito que tenha sido muito importante naquele momento me conectar com as referências ali postas. Me ajudou a tomar consciência do teatro, da minha arte, como função social e da importância de darmos valor ao outro, mesmo que na divergência. Acredito que seja um momento de ampliação do ser humano, a partir do debate, do estudo, educação, no meu caso, também com arte, por ser faculdade de teatro, mas acredito que valha pra tudo. Esse pode ser o caminho.

Foto: Rodrigo Lopes/Divulgação. Apesar da pouca idade, João Vithor Oliveira já tem 18 anos de carreira

Uma polêmica decisão da Justiça pode por fim ao DRT de ator, o que vem dividindo opiniões da classe. Qual é a sua posição nessa questão?
Sou absolutamente contra a ADPF 293. Basicamente penso que a livre manifestação artística não pode e não deve ser confundida com o exercício profissional da arte. Contamos com a sensibilidade da Ministra Cármen Lúcia. Diria mais: acredito que seja um momento propício, já que estamos tocando no assunto, e está latente, além de ser importantíssimo, para que talvez pudéssemos abrir o diálogo, diminuir as burocracias, não no sentido de perdermos direitos, como o proposto, e sim, utilizarmos dessa possibilidade para expor as fragilidades do que ali já está posto, posto há um bom tempo a propósito, possivelmente para ampliar, melhorar, modernizar, para algo que nos represente e reconheça de fato a importância social da nossa profissão.

Você é sobrinho-neto de Domingos de Oliveira. Até que ponto ele influenciou na sua decisão de ser ator? Vocês costumam trocar ideias sobre a profissão?
Confesso que na decisão não influenciou, mas, em compensação durante a minha trajetória, tive diversos momentos em que quase de maneira antropofágica, recorri a ele e bebi muito dessa fonte. Ainda bebo. tomo banho até (risos) mesmo quando não trabalhamos juntos, eu peço ajuda. Saber a opinião dele, o que ele acha, é sempre importante para mim. Domingos é um gênio e tenho a sorte de tê-lo por perto, de ser da família, aproveito o máximo que posso.

Você é de uma geração que curte assistir a seriados na tevê. O que você mais gosta de ver?
Olha, eu assisto a bastante coisa. Gosto de saber o que tá acontecendo e o que está sendo produzido lá fora. Atualmente, estou vendo Peaky Blinders, Merlí e, recentemente, terminei Fargo. Breaking bad ainda é meu preferido, já que perguntou o que mais gosto.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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