Atriz da nova geração, Jéssica Ellen se firma no cenário artístico. Na tevê, ela estreia na segunda-feira (25/11) com destaque em Amor de mãe, nova novela das 21h, ao mesmo tempo que está em Filhos da pátria
Foi bem novinha, dentro da Rocinha, favela carioca, que Jéssica Ellen teve a certeza de que viveria da arte. A inserção dela nesse mundo foi na infância. Com 10 anos, ela fazia aulas de dança e ginástica olímpica. Aos 13, conheceu o teatro dentro da escola e depois passou a fazer um curso fora. No ano seguinte, estudou canto. Depois se formou em dança contemporânea pela Escola Angel Vianna, em Botafogo. “Sempre estudei em escola pública, e nas escolas sempre havia eventos extracurriculares, semana da poesia, semana da arte, e eu estava sempre envolvida nas atividades artísticas. Ajudava a organizar, era representante de turma. A arte sempre se apresentou desde muito cedo para mim. Nunca tive dúvida de que ia trabalhar com isso, de que seria meu ganha-pão”, conta em entrevista ao Correio.
O primeiro grande trabalho foi aos 19 anos. Logo no primeiro teste garantiu o papel da personagem Rita na 20ª temporada de Malhação, exibida em 2012. Desde então, não parou. Esteve em Geração Brasil (2014), Totalmente demais (2015), Justiça (2016), Segredos de justiça (2017), Filhos da pátria (2017 a 2019) e Assédio (2018). A partir de segunda-feira (25/11), Jéssica Ellen estará em horário nobre interpretando a professora de história Camila, a personagem é a filha adotiva de Lurdes (Regina Casé), protagonista da trama, que acompanha a história de três mulheres que exercem a maternidade em toda a sua plenitude.
Esse é mais um papel da atriz em que ela pode levar à telinha temas importantes e de forma não estereotipada. Aqui, o destaque é a educação. Na série Assédio, como o próprio nome diz, a temática foi o abuso sexual. Em Justiça, o debate ficou por conta do preconceito racial. “Dentro da minha geração, tive a bênção de receber personagens que realmente eram fortes. E tento fazer da melhor forma possível. Acho que estamos caminhando para uma conquista de espaço cada vez maior, mas está muito longe de ser o ideal, mesmo. Tem algumas produções que pensam um pouco mais, que escalam mais atores negros. Só que tem produções em que parece que estamos na Dinamarca. Acho que existe uma mudança geracional da época da Taís Araújo para a minha. Minhas contemporâneas estão aí, mas a gente precisa ocupar mais esse espaço. Não só na frente da tela, atrás também, na criação, na caneta, ser quem escreve. Precisamos de autores negros”, destaca.
Heroína da educação
Camila é uma personagem que faz um resgate das origens de Jéssica Ellen. Ela conta que se inspirou na professora de história Sueli Maria. “Eu me inspirei nela e dedico essa personagem a ela. Foi uma professora que na minha vida escolar toda me influenciou”, afirma. Inspirada nessa antiga professora, ela construiu a Camila que o Brasil conhecerá no folhetim. “Ela é uma heroína da educação, uma professora de história que realmente acredita que, por meio da educação, é que se ampliam os horizontes. Ela chega ao estado do Rio de Janeiro, encontra a escola em um momento de abandono, em que o governo não dá assistência, e quer fazer aquelas crianças tentarem sair da bolha, com muito afeto e amor. Poder viver isso como atriz é muito especial”, completa.
Ao mesmo tempo que estará em destaque em Amor de mãe, Jéssica Ellen continuará a ser vista na série Filhos da pátria. Integrante do elenco desde 2017, ela vive a personagem Lucélia de Deus, que ela aponta como um presente e uma oportunidade de se testar em outro formato: a comédia. “É muito diferente, porque costumo fazer drama, estou sempre chorando. É muito bom poder fazer comédia, para dar uma mesclada. O texto do Bruno (Mazzeo, um dos criadores e roteiristas ao lado de Alexandre Machado) é tão atual e cirúrgico que faz a gente se identificar como pessoa. Eu me divirto muito fazendo a Lucélia, tem uma ousadia leve e gostosa de fazer, além de me fazer experimentar esse outro gênero. Estou aprendendo muito”, analisa.
Desde o ano passado, ela também envereda pela música, com o lançamento do primeiro álbum autoral, Sankofa, além da estreia nos palcos em um musical sobre canções de Lulu Santos e até a participação no Rock in Rio ao lado de Elza Soares, no Palco Sunset. “Comecei a pesquisar a história da minha família, de onde vim, como minha avó veio ao Rio e resolvi fazer um CD em que eu homenageasse coisas que são importantes para mim, como a minha família, meus orixás e minha ancestralidade”, explica.
Nova novela
Com o encerramento de A dona do pedaço, o horário das 21h da Globo ganha um novo folhetim. A atração escolhida é a novela Amor de mãe, escrita por Manuela Dias, com direção-geral e artística de José Luiz Villamarim. A trama se desdobra por meio da narrativa de três personagens: Thelma, Vitória e Lurdes.
Lurdes (Regina Casé) — É Lurdes a verdadeira protagonista de Amor de mãe. A mulher simples de Malaquitas (cidade fictícia do Rio Grande do Norte) tem quatro filhos biológicos — Magno (Juliano Cazarré), Ryan (Thiago Martins), Domênico (Eros Lazari quando criança) e Érica (Nanda Costa) — e adotou Camila (Jéssica Ellen). Lurdes é aquela mãe que, como ela mesma diz, vira “leoa” para defender as crias. A personagem é movida pela busca por Domênico, que, quando tinha 2 anos, foi vendido pelo pai, Jandir (Daniel Ribeiro), a traficantes do Rio. Ela vai atrás do filho na capital carioca, onde encontra Vitória e Thelma. Com tudo para ser amargurada, Lurdes consegue levar a vida de forma leve.
Thelma (Adriana Esteves) — Uma tragédia marca a vida de Thelma. Há mais de 20 anos, a casa dela pegou fogo com o marido e o filho dela dentro. Ela conseguiu salvar o menino, mas não o marido. O resultado é que Thelma se tornou uma mãe superprotetora, que sufoca Danilo (Chay Suede). Ela trabalha no restaurante português mantido pela família e vive em pé de guerra com o irmão, Sinésio (Evandro Andrade), porque ele quer vender o estabelecimento. Ao passar mal, Thelma descobre que tem um aneurisma inoperável, mas não conta sobre a doença para o filho, fazendo de Lurdes (Regina Casé) sua confidente.
Vitória (Taís Araújo) — A carreira sempre foi a prioridade na vida da advogada Vitória, especialista em defender políticos e empresários nem sempre éticos. Casada com Paulo (Fabrício Boliveira), Vitória sofreu um aborto no passado e deixou adormecido o desejo de maternidade. Agora, ele voltou e virou uma obsessão que acaba abalando o casamento dela. Separada, ela busca na adoção a solução. Quando vai comemorar a aprovação do nome dela na lista de adoção, ela conhece e se apaixona pelo ativista ambiental Davi (Vladimir Brichta). Na primeira noite deles, ela engravida, o que muda completamente o jeito de Vitória levar a vida. Quando ela adota Tiago (Pedro Guilherme Rodrigues), a advogada contrata Lurdes (Regina Casé) como babá.
*Colaborou Vinicius Nader