Isabela Arruda acha elo entre o bíblico e o presente em Reis

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Em sua estreia no audiovisual, Isabela Arruda vive a serva Elza em Reis e traça paralelo entre a luta das mulheres na época da Bíblia e hoje em dia. Confira a entrevista!

Apesar de estar na série bíblica Reis, Isabela Arruda garante que aprende com a personagem que marca a estreia dela na telinha, Elza. A jovem atriz destaca a contemporaneidade das discussões trazidas por Elza e aponta semelhanças entre a luta da personagem com a das mulheres de hoje. Em entrevista ao Próximo Capítulo, Isabela Arruda ainda fala sobre violência contra a mulher e adianta projetos para o palco. Confira!

Entrevista // Isabela Arruda

Elza é muito fiel às pessoas que a cercam. Essa é a principal característica de sua personagem em Reis?
Sim! Elza é muito fiel às outras servas da casa e a Abigail. Elas passam por momentos decisivos em suas jornadas e sempre buscam uma a outra para se apoiar. Na preparação, estudamos como as mulheres vivam no dia-a-dia de suas casas, aprendemos a fazer a mesma comida que elas faziam, aprendemos a costurar roupas e nos adaptamos à rotina do cotidiano delas, à construção e aos afazeres da casa. Com isso, pude aprender mais sobre essa relação não só de trabalho da casa que permeia entre elas, mas entendo que a relação delas passou do trabalho e que hoje elas vivem como uma família.

É difícil estabelecer uma conexão com um personagem bíblico, de uma época bem anterior à nossa, como a Elza? Quais são as principais semelhanças e diferenças entre vocês?
Encontrei muito mais semelhanças do que achei que encontraria. As mulheres daquela época sentiam e expressavam medos, vontades e desejos muito parecidos com as mulheres de hoje. O que muda é o tempo, a linguagem e o momento histórico que elas viveram. Tiveram momentos em que lembrei de hábitos que minha mãe e minha avó tentaram passar pra mim, algumas coisas eu aceitei e outras não. Sinto muita empatia por todas as personagens mulheres de Reis. A Bíblia mostra algumas mulheres transgressoras que tivemos e a própria Abigail é uma delas: para Elza, ela representa o amor e a paciência, que são virtudes humanas plausíveis, mas também a não aceitação de imposições que são constantemente jogadas sobre ela.

Apesar de ser uma estreante, você ainda tem uma webserie, um curta-metragem e uma peça de teatro nos planos. Seu 2023 será produtivo, né? Quais são suas expectativas?
Pois é! Parece que do nada as coisas começaram a acontecer ー não exatamente do nada porque estou a um bom tempo me dedicando exaustivamente a arte, sempre estudando e buscando renovar meus conhecimentos. Estou muito animada para fazer esses próximos trabalhos, um personagem e uma nova história a ser contada é sempre um presente, para um artista. O curta já estamos no processo de preparação e terminamos a gravação até o final do mês, temos como plano circular por alguns festivais de cinema. A webserie ainda está em processo de roteirização. O roteiro está sendo criado e o elenco está acompanhando com leituras dramáticas. Estou muito ansiosa para a peça Entre likes e segredos. Voltar ao teatro é uma dádiva. Foi ali onde tudo começou.

Flores ao vento trará um assunto delicado: o feminicídio. Qual a importância de a arte tratar de temas tão urgentes e atuais como esse?
Esse curta está abalando minhas estruturas e já estamos finalizando o processo de preparação para iniciar as filmagens. Minha personagem é a Lilith. Ela tem 15 anos e é vítima de uma violência brutal. A narrativa foca no limbo entre morte e vida. As pessoas não sabem da história depois que a vítima de feminicídio se foi. Se ela pudesse contar o que aconteceu depois de ter ido, o que nos contaria? Milhares de mulheres são agredidas no Brasil todos os dias, em muitos casos, o agressor é impune ou é dado como desaparecido. Espero que o espectador conheça essa história e se sensibilize ao ponto de mudar o olhar sobre essa questão.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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