Ingrid Conte pode ser vista em três papéis diferentes: na série Dom e nas novelas Topíssima e Gênesis
A atriz Ingrid Conte vive um momento de êxtase profissional. Ela classifica como o “grande barato” da carreira a possibilidade de diversificar, de viver diferentes tipos.” Ela pode ser vista como a stripper Jéssika na série Dom (Amazon prime), como a estudante tímida Elizabeth na reprise de Topíssima (Record) e como a solar Elisa na inédita Gênesis (Record).
Ingrid ressalta que essa diversidade é boa “para o ator e para o ser humano. Nós somos tantas coisas, mas assumimos uma persona para viver socialmente. Experimentar personagens tão diferentes faz a gente enxergar várias nuances que deixamos guardadinhas ali num canto porque a gente já se acostumou a ser de um jeito”.
A atriz completa: “Quanto mais complexo o personagem, mais sinto que ele representa uma oportunidade de me tornar uma pessoa melhor, uma pessoa que consegue observar o mundo real com um olhar cada vez menos maniqueísta.”
O papel mais atual de Ingrid é Elisa, de Gênesis. A atriz a define como uma “uma jovem doce, solar, que nasceu no acampamento de Abraão, em uma das transições de tempo”. A atriz conta que, “desde cedo, ela é apaixonada por Gael (Guilherme Boury) e sonha em se casar com ele e ter uma família. Admira muito a sogra, Ádalia (Carla Marins), com quem aprendeu tudo sobre tecelagem; e confia muito em Sara (Adriana Garambone) e Abraão (Zé Carlos Machado).”
Em contraponto com Elisa está a stripper Jéssika, personagem com a qual Ingrid se destaca na série Dom, cuja segunda temporada foi recentemente confirmada pela Amazon prime. “Nós, mulheres, em algum momento da vida, tivemos nosso corpo silenciado porque aprendemos desde cedo que o feminino é perigoso. Diminuímos, restringimos, abafamos nossa sexualidade para nos encaixar numa sociedade onde os padrões são ditados pelos homens, inclusive o ideal estético do corpo da mulher. Quando soube que ia fazer uma stripper, pensei: ‘é preciso estar 100% à vontade pra me expressar através do corpo’. Ao mesmo tempo que foi desafiador, foi delicioso”, conta Ingrid, que teve aulas de pole dance para ajudar a despertar a sensualidade.
A segurança exibida por Ingrid como Jéssika vem sendo construída aos poucos. Por isso, é interessante rever a performance dela como a Elizabeth em Topíssima, novela que está sendo reprisada. “O núcleo da república era muito divertido, a gente tinha muita liberdade para fazer várias propostas em cena. Eu fico rindo sozinha quando revejo algumas cenas, lembrando de como foi gravar. (risos) Mas também aproveito como um momento de estudo, para entender onde e como posso melhorar como atriz”, relembra.
Duas perguntas // Ingrid Conte
Como você avalia a atual produção do streaming nacional?
O mercado audiovisual já está há bastante tempo em expansão, mas com a pandemia e o isolamento social, a busca por conteúdo on-line aumentou vertiginosamente. As plataformas de streaming e a internet são as atuais promessas de arte e entretenimento. Aliás, nem são mais promessas. São reais e coexistem junto aos outros meios de distribuição. Dom, por exemplo, foi a primeira série original brasileira lançada pela Amazon e o número de produções originais de streaming só cresce.
Como foi sua experiência com o teatro no Equador? Em que ela é aproveitada nos dias de hoje?
Conheci o grupo de teatro equatoriano Contraelviento enquanto estudava teatro na CAL. Eles fizeram um workshop de férias e me apaixonei pelo trabalho deles. Meses depois, fui junto com mais duas amigas viver uma experiência com eles, lá no Equador. Pela manhã participávamos do processo de montagem de Shakespeare que eles estavam ensaiando (dirigido pelo colombiano Juan Monsalve) e à tarde participávamos das aulas que Patricio e Vero, os fundadores da Contraelviento, ministravam. Foi uma experiência enriquecedora e que me fez enxergar o quanto a arte é universal e desfaz barreiras.