Gênesis: Com efeitos visuais ruins e música fora de hora, estreia não empolga

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Novela estreia sem trazer o que prometia e com um Adão extremamente violento. Leia a crítica do primeiro capítulo de Gênesis

A primeira cena de Gênesis, novela que a Record estreou nesta terça-feira (19/1), era um lampejo de que vinha coisa boa por aí. Manchetes de jornais mostrando violência contra a mulher, fome na África e corrupção envolviam a Terra (redonda, vale destacar) e a voz de Deus (Flávio Galvão) decretava que estava tudo errado: “Não foi pra isso que eu criei vocês.”

Na sequência, Deus diz que vai mostrar como ele criou o mundo e como ele deveria ter sido para que vejamos onde erramos. Pronto! Gênesis se mostrava o que ela realmente é: uma novela bíblica. Aliás, das mais caxias, pois, ao texto de Camilo Pellegrini, Raphaela Castro e Stephanie Ribeiro, juntam-se citações de trechos da Bíblia, sempre mostrando no canto da tela onde elas podem ser encontradas no Livro Sagrado. A maioria vem do Gênesis mesmo, mas há trechos do Apocalipse e de João, por exemplo.

Sempre com uma narração empostada, desnecessariamente parecida com a de Cid Moreira (será que é uma homenagem?) e pronta para embalar nosso sono, Deus começa contando como Lucífer (Igor Rickli) deixou de ser anjo e, como castigo, desceu à Terra para representar o mal. Junto com ele, vieram os outros anjos que o apoiaram numa espécie de tentativa de golpe de Estado contra Deus. Isso teve gente que aprendeu por aqui!

Igor Rickli entrega um Lucífer sedutor, que tenta nos encantar, mas (literalmente) brilha demais por conta da maquiagem e do figurino. Não ajuda em nada o personagem um extenso número musical no qual ele explica que quer tomar o poder de Deus e se tornar o todo poderoso. O ator também parece ainda preso a Alberto, personagem que marcou a estreia dele em novelas, em Flor do Caribe.

Efeitos de Gênesis decepcionam

Depois de expulsar Lucífer do Céu, Deus resolve criar o universo ー confesso que me perdi nessa sequência e fiquei sem saber para onde o vilão e seus comparsas foram primeiro. A criação do céu, dos mares, da terra, dos animais e, por fim, do homem poderia vir envolta numa série de efeitos especiais bonitos e bem feitos, como era o prometido.

Mas Gênesis escorrega justamente no que era anunciado como seu grande trunfo ー será que isso é pecado? Os efeitos estão lá, mas tornam tudo muito artificial. Os animais claramente criados por computação gráfica. A serpente não assusta nem um bebê. As paisagens coloridas demais e não integradas a Adão (Carlo Porto, numa atuação enigmática na qual ele fala sem abrir a boca) parecem ter saído de um enorme chroma key.

Mais tarde, Eva (Juliana Boller, mais esforçada do que o parceiro) é criada a partir da costela de Adão e come o fruto proibido ー não sem antes participar de mais um desnecessário número musical. É Gênesis ou Jesus Cristo superstar?

A expulsão de Adão e Eva do paraíso marca uma virada no capítulo de estreia. E também na estética, que escurece, mas não deixa de parecer artificial. Assim como é estranha a mudança do caráter de Adão. Rude, ele passa a agredir Eva e poderia ser alvo de uma daquelas manchetes que iniciaram a novela.

Gênesis ainda tem muito que mostrar ー são sete fases! Mas começou mal, devendo as irmãs, como Os dez mandamentos ou mesmo Jesus.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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