Filme sobre o 11 de setembro, Quanto vale? quase vira um dramalhão

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Disponível no catálogo da Netflix, o filme Quanto vale? tem na atuação de Michael Keaton um dos grandes atrativos. Leia a crítica!

“Quanto vale uma vida?”. O questionamento é feito pelo advogado Kenneth Feinberg (Michael Keaton) a incrédulos estudantes de direito. “Isso aqui não é filosofia. E, no direito, isso tem uma resposta. E é um número”, continua. Esse pensamento fez de Ken famoso nos EUA e o orientou na condução de diversos casos controversos de indenizações.

Por isso, foi a empresa dele e da sócia, Camille Biros (Amy Ryan), que o governo americano procurou para criar e administrar um fundo para indenizar parentes de vítimas do atentado de 11 de setembro de 2001, nos EUA. Esse é o mote de Quanto vale?, filme dirigido por Sara Colangelo que está no catálogo da Netflix e tem roteiro baseado em histórias reais assinado por Max Borenstein.

Quanto vale? traz o embate dinheiro x emoção

Ken e Camille pensam de forma diferente com relação ao fundo para parentes de vítimas do 11 de setembro

Logo na apresentação do fundo para os familiares, vemos que há uma contradição entre o jeito de lidar com aquelas pessoas de Ken e Camille. Ele é completamente preso à fórmula que inventou, transformando as pessoas e os sentimentos em cifras. Para ela, a história de cada um se torna importante e deveria ser levada em conta ao determinar o valor do que o parente teria direito no fundo.

Quanto mais o filme vai se desenvolvendo, mais frio Ken vai se revelando e Michael Keaton leva isso tão a sério que amamos odiá-lo. É difícil sentir qualquer compaixão por ele naquele momento.

Na mesma proporção, Camille vai se afastando dele e, com o apoio da colaboradora Pryia Khundi (Shunori Ramanathan), se aproximando dos possíveis assistidos (às vezes até se envolvendo demais com as histórias deles) e de Charles Wolf (Stanley Tucci), antigo colega de Ken na faculdade. Viúvo de uma vítima do atentado, Charles funciona como um antagonista de Ken, tentando mostrar a ele que há corações atrás daquelas cifras. Assim como Michael Keaton, Stanley Tucci cai como uma luva no papel.

O ritmo do filme é meio arrastado e, se Quanto vale? fosse uma novela, diríamos que ela tem a famosa “barriga” no meio, com início e fins bem redondinhos. Aliás, o filme flerta com o folhetinesco também ao apresentar uma discussão filosófica sobre quanto vale uma vida, sobre o como uma indenização desse porte pode ser calculada e o quanto ela confortaria a família e acabar descambando para as relações interpessoais entre as partes, deixando a discussão existencial de lado. Sentimos muito, Ken, mas a questão aqui não são os números, mas as vidas.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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