O estilista e ator Fause Haten abriu as portas da vida dele nos últimos anos para a gravação da docussérie Entrada franca, exibida desde o último dia 7 no canal Fashion TV, com transmissão de episódios inéditos às segundas, às 20h, e reprises às quartas e aos sábados, às 21h30.
Em sete episódios, a trajetória de Fause Haten é celebrada, com passagens por momentos marcantes da carreira, como o cansaço com os tradicionais desfiles de moda até a decisão de não participar do São Paulo Fashion Week e a inspiração para o espetáculo Lili Marlene, um musical.
“É um olhar sobre o meu trabalho. Essa série é baseada em muitas entrevistas feitas comigo”, explica Fause. “Na realidade, o grande problema num caso como esse é o personagem se modificar. Para mim não aconteceu. Fui trabalhando e falando. Tem uma coisa é que se deixar levar e eu gosto disso, porque posso desmistificar os mitos e mostrar mais verdade e realidade, que é a grande beleza de um documentário”, emenda.
Momento de transição
Acho que foi acontecendo naturalmente e eles viram ali uma possibilidade de ter um material interessante. Quando eu estava revendo os episódios achei engraçado, porque algumas coisas eu anunciava que iam acontecer, como a minha insatisfação com o mundo da moda, esse desconforto. Quando se pensa em Brasil estamos um pouco atrás. As marcas brasileiras estão todas bem perdidas, vivendo de passado. A gente tá querendo uma coisa nova, uma renovação, como aconteceu nos anos 1990 quando eu apareci, o Alexandre (Herchcovitch) e outras pessoas. Acho que ainda estamos esperando essa renovação no mercado brasileiro.
Lado performático
Acho que tem uma coisa muito interessante que está acontecendo na minha abertura criativa. Eu tenho trabalho de escultura, no universo das artes plásticas, na performance mesmo. Meu trabalho no teatro é sempre relacionado com a moda. O meu primeiro solo conta a história de Yves Saint Laurent, depois apareço vivendo Lili Marlene, com uma coisa de transformação de corpo, já que o personagem principal era uma transformista. Essa expertise aparece muito em todo o meu trabalho. No episódio 6 mostra o trabalho que fiz no Sesc Ipiranga em que começo a construção de boneca Marlene, até que entra no meu corpo e encaro esse personagem enquanto ator. Tem toda essa trajetória da moda e da transição, essa união de dois universos. Quando comecei lá atrás, eu já fazia performance.
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