Fantástico Fabio Porchat, Maju Coutinho e Poliana Abritta, Bruno Bernardes, Alex Escobar, Sonia Bridi, Renata Ceribelli, Ana Carolina Raimundi e Drauzio Varela | Foto: Globo/Estevam Avellar Fabio Porchat, Maju Coutinho e Poliana Abritta, Bruno Bernardes, Alex Escobar, Sonia Bridi, Renata Ceribelli, Ana Carolina Raimundi e Drauzio Varela | Foto: Globo/Estevam Avellar

Fantástico 50 anos: Saiba as novidades do programa da Globo

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O Fantástico completa 50 anos este fim de semana lembrando do passado e pensando no futuro, com um programa mais feminino do que nunca

Pedro Ibarra, enviado especial

Rio de Janeiro – Há 50 anos, o domingo brasileiro estava mudando para sempre. Estreava na Rede Globo de Televisão, em 5 de agosto de 1973, a revista eletrônica que prometia fazer jornalismo como nunca antes na tevê do Brasil e, por isso, ficou conhecida como O show da vida. O Fantástico foi abraçado pelos brasileiros e, meio século depois, mesmo com o advento da internet, continua um dos programas mais relevantes das telinhas.

A partir de hoje, o Fantástico começa a exibir uma programação especial que passa pelo passado, presente e futuro — da inesquecível voz de Cid Moreira e os gols de Léo Batista aos cavalinhos do Brasileirão e o primeiro grande programa brasileiro com um elenco fixo de duas apresentadoras, Poliana Abritta e Maju Coutinho. O Fantástico conquistou o brasileiro fazendo um jornalismo incisivo, destrinchado e vanguardista.

Para a comemoração, a programação ganha quadros especiais e, como de costume, perspectivas distintas sobre fatos já existentes. A começar pelas apresentadoras. Poliana Abritta retorna com o quadro Mulheres fantásticas, que contará a histórias de Chiquinha Gonzaga, Niède Guidon, Renée Richards e Glória Maria em um formato metade animação, metade entrevista com novas lideranças. Enquanto, Maju Coutinho comanda, ao lado do cantor Rael, a roda de conversa Música preta brasileira, que tratará, nesta temporada, da Música baiana, do rap, do samba e do funk com convidados do calibre de Gilberto Gil, Emicida e Carlinhos Brown. Outra novidade é a estreia televisiva do Prazer, Renata, podcast de Renata Ceribelli, que ganha novo formato para falar, em tevê aberta, sobre o prazer sexual feminino.

Alguns quadros voltam com novos episódios, como é o caso do Isso tem nome, em que a repórter Ana Carolina Raimundi explica termos que pareciam sentimentos antes de serem nomeados. Sonia Bridi mostra o renascimento do Pantanal na primeira edição 100% em terras brasileiras do programa Jornada da vida. Drauzio Varella, por sua vez, faz uma série chamando a atenção do brasileiro para as alergias. Por fim, Alex Escobar continua com toda irreverência dos cavalinhos do futebol, agora com direito a eguinha e cavalinho careca. Além de todos os quadros, o Fantástico se autoexalta com uma série que passa, episódio por episódio, pelas décadas de existência do programa. A primeira parte será exibida hoje.

O programa apresenta o planejamento, mas as mudanças não alteram o caminho já trilhado. “O Fantástico é um programa de poros abertos, isso significa que ao longo desses 50 anos e também ao longo dos últimos nove anos, que é o período que eu estou apresentando, esteve sempre antenado, acompanhando a evolução e as transformações da sociedade”, afirma Poliana Abritta ao Correio. “A gente, às vezes, trata de muitos assuntos que a sociedade não obrigatoriamente está habituada. Fantástico não tem assunto tabu, sempre aposta em assuntos de vanguarda e apresentando temas novos, sejam eles quais forem”, adiciona.

Para a jornalista brasiliense, são 50 anos merecidos. “Por que o programa está completando 50 anos? Porque está se atualizando sempre e, assim, ele consegue falar para várias gerações”, diz. “É surpreendente pensar em programa de TV de meio século, mas, estando dentro do Fantástico, faz todo o sentido ele ter 50 anos”, completa.

Mesmo com quase uma década à frente das noites de domingo, Poliana ainda se sente especial neste papel e, por vezes, diz que a ficha não caiu. Contudo, um dos maiores orgulhos é representar a cidade em que nasceu. “A sensação que eu tenho é de uma atleta indo para as Olimpíadas. Quando saí de Brasília para assumir o Fantástico, eu pensei: ‘É assim que os atletas se sentem’. Porque a torcida, a vibração foram enormes e continuam muito grandes”, conta a apresentadora, que entende a exposição que tem como uma missão. “Eu tenho o compromisso de levar essa Brasília alegre e vibrante para o Brasil, porque as pessoas só lembram da Brasília dos políticos. Porém, é uma cidade feita de moradores e pessoas como qualquer uma cidade”, explica.

Mais feminino do que nunca

Os 50 anos do Fantástico têm uma característica especial: o programa está mais feminino do que nunca. Além das duas apresentadoras, os quadros mantêm um foco maior em temas do universo das mulheres. “Me ver neste lugar, mesmo sabendo que está acontecendo, ainda é difícil de acreditar. Ainda estou processando, acho que só daqui a alguns anos vai dar para olhar para trás e ter uma real dimensão do que eu estou vivendo”, afirma Maju Coutinho.

A apresentadora ainda destaca que é um trabalho minucioso para fazer o programa ter este molde atualizado. “É um olhar que está no detalhe na reunião de pauta, nas correções de rota. Um ângulo de duas mulheres com um olhar atento para o feminino, e ainda uma mulher negra atenta também para a perspectiva negra e feminina”, afirma a jornalista, que comemora o resultado. “É revolucionário, é mostrar a sociedade como ela é. Repleta de mulheres que estão ocupando espaços de relevância, poder e expressão. Estamos representando muito bem, e isso é importante para criar novos imaginários. Esse é o pulo do gato, fixar isso na cabeça dos jovens de que as mulheres podem estar onde estão, falando de todos os assuntos possíveis”, continua.

Uma das mais antigas colaboradoras, a repórter Sonia Bridi acredita que é um avanço, mas ainda falta muito na opinião dela. “Precisamos de atitudes afirmativas em lugares e questões que estão necessitadas de visibilidade. A questão racial no Brasil ficou debaixo do tapete por muito tempo, o fato de o Brasil matar e violentar mulheres impunemente em números inaceitáveis também, um país que tem muito mais mulheres na escola e muito menos em cargos de chefia”, aponta. “Há uma barreira para as carreiras femininas e eu não acho que as pessoas devam ter uma personalidade forte e lutadora para ter oportunidades na vida. As mulheres mais tímidas precisam ter o mesmo espaço. Eu acho ótimo que o Fantástico esteja reafirmando isso”, adiciona. “O grande efeito de ter duas mulheres no Fantástico será maior quando essas duas mulheres que estão apresentando não forem o assunto por serem mulheres. Se fossem dois homens, isso não seria assunto”, alfineta.

Há 25 anos no programa, Renata Ceribelli é uma das figuras mais marcantes dos 50 anos desta história. Ela já foi apresentadora, enviada especial, repórter e agora fala sobre prazer sexual feminino. Por isso, ela entende que a mulher está no holofote nesta data comemorativa, e o motivo é que o programa está muito antenado no mundo que está inserido. “Esse protagonismo das mulheres no Fantástico é uma reflexão da sociedade, o programa sempre foi muito bom em fazer isso. Estamos vivendo tempos em que vemos o protagonismo da mulher, da mulher preta, da vida sexual feminina”, analisa a repórter. “Eu vou ter um quadro no Fantástico sobre o prazer sexual feminino, isso é muito forte, mas é resultado de um mundo que está mudando a partir da mulher”, acrescenta. “A verdade é que nós mulheres estamos ocupando um papel que não ocupamos antes”, complementa.

O repórter viajou a convite da Rede Globo