Cuidado, contém spoilers!
Quem entortou o nariz para as polêmicas que Euphoria apresentou na estreia, com certeza, errou feio. A série da HBO norte-americana terminou no domingo (4/8) a exibição da primeira temporada, que teve oito episódios, e mostrou que é muito mais do que imagens gráficas e burburinho de redes sociais.
Na história — que foi baseada em um drama israelense de mesmo título — o público acompanhou os dramas da vida de Rue (com excelente atuação de Zendaya). A adolescente de 17 anos começa a série se “recuperando” do vício em drogas. A verdade, entretanto, é que o descontentamento da protagonista com a vida é tanto, que ficar longe das drogas só é algo possível com a chegada de Jules (interpretada pela estreante, e brilhante, Hunter Schafer).
A jovem, que é transexual — algo que nem é citado diretamente ao longo da narrativa —, desperta uma paixão avassaladora em Rue. Ambas se salvam com a amizade inesperada, mas têm um destino trágico em relação ao amor.
A grande ideia de Sam Levinson — showrunner da produção norte-americana, que tem como produtor-executivo o rapper Drake — foi apresentar Euphoria como uma versão mais real, menos idealizada e com uma boa dose de sinceridade sobre a vida de jovens de classe média nas terras do Tio Sam. Bem longe daquela ideia do jovem cheio de esperanças com a faculdade e a carreira profissional em vista, os garotos na produção são presos em um “misto” de alegrias rápidas sustentadas por drogas e muitos problemas decorrentes de traumas da juventude.
Ao longo da temporada, esse “misto” foi dissecado pela perspectiva de cada personagem que compõe o elenco principal da produção. Em cada episódio, o público viu como aqueles jovens eram quando crianças e o que eles se tornaram.
Para o final, o público teve algumas conclusões, e outras tantas aberturas. Os principais arcos fechados foram o de Kat (Barbie Ferreira), que finalmente saiu da defensiva e aceitou a atração por Ethan (Austin Abrams). Cassie (Sydney Sweeney) também teve um fechamento, com o muito bem representado processo de aborto sofrido.
Para a próxima temporada, entretanto, ficaram as histórias de Maddy (Alexa Demie), que finalmente ficou sabendo sobre o pai de Nate (Jacob Elordi). Este, por sua vez, alcançou o fundo do poço com o confronto travado com o patriarca da casa. Em uma cena quase perfeita, o público se deparou com o quanto o garoto é afetado pela pedofilia do pai.
Fez (Angus Cloud), outro personagem que cresceu muito ao longo da temporada, teve um dos mais fortes ganchos da produção ao roubar o próprio fornecedor de drogas.
Toda a tensão entre Jules e Rue teve um fim triste. Enquanto as duas finalmente aceitaram o amor e decidiram fugir, Rue percebeu que essa paixão, talvez, não fosse a coisa mais certa a se perseguir e decidiu largar a amiga/grande amor em uma cena digna de cinema com estação de trem e tudo.
A cereja do bolo deste episódio final ficou com o número musical produzido grupo Labrinth e interpretado por Zendaya. Entre toda a cantoria pela ruas e pela escola, a série conseguiu uma satisfatória catarse para tudo que a protagonista sofreu ao longo desta temporada e o que o retorno dela as drogas poderia significar. (A faixa da última cena, você pode curtir aqui)
Em síntese, uma produção que se destaca pela coragem de retratar uma perspectiva mais real, e ao mesmo tempo sensível e delicada, sobre temas tão pesados, que muitos preferem simplesmente ignorar.
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