Atriz de 30 anos de carreira, Dayse Pozato se diverte fazendo sua primeira novela, Deus salve o rei. Agora que começou, ela não quer parar mais. Leia entrevista completa com a atriz!
Aos 30 anos de carreira e com alguns prêmios na estante, a atriz Dayse Pozato é uma estreante. Pelo menos no que diz respeito a novelas. Dayse estreia no “mundo apaixonante” das novelas como a cozinheira Betânia de Deus salve o rei, novela das 19h da Globo.
“Outro dia ouvi que ela é um coração ambulante e, na rua, as pessoas comentam que estão adorando e pedem para me abraçar. Eu acho o máximo, mas na verdade elas querem é abraçar a Betânia! Abraçar esse alguém que acolhe tanto e que estimula a vida dos outros”, conta Dayse, em entrevista ao Próximo Capítulo.
Apesar de Deus salve o rei ser uma novela medieval, algumas questões atuais como feminismo e luta de classes são discutidas. “Quando assisto à novela e penso em tudo o que estamos vivendo agora no nosso país e no mundo, a impressão que tenho é que não saímos da época medieval. A época da novela é de intolerância, com as castas bem divididas, as tradições arraigadas, preconceitos aflorados. E o que estamos vivendo hoje em dia? Ainda não é isso?”, provoca a atriz.
Consagrada no teatro infantil, Dayse cobra mais atenção para o segmento: “O governo deveria subsidiar as companhias de teatro, para que pudéssemos produzir bem para qualquer tipo de público. Tem que existir condições de serem produzidos bons espetáculos infantis porque essa turminha mais nova é que será a nossa plateia de amanhã.” De olho na turminha do futuro, a quem Dayse sempre deu atenção, a atriz ensina: “O dia que o país investir em cultura seremos melhores.”
Confira entrevista completa com a atriz Dayse Pozato!
Você tem 30 anos de carreira e só agora faz a primeira novela. Por que tanta demora?
Acho que as coisas acontecem no tempo que têm que acontecer. E acabei entrando justo em uma produção pioneira, nunca se fez uma novela medieval na Globo e com essa produção tão impecável! Mas sempre trabalhei muito mais com teatro, fiz muitas turnês e na televisão fazia mais publicidade. Fui chamada para a oficina de atores da Globo, muitos anos atrás, mas na época viajava pelo Sul com um espetáculo e acabei nunca fazendo essa oficina, que era uma porta de entrada para atuar nos produtos da casa. O que posso dizer é que estou amando fazer televisão, aprendendo um bocado e que espero continuar a fazer novelas, séries, programas. Estou descobrindo um mundo apaixonante e quero mais.
Deus salve o rei está na reta final. Já consegue fazer um balanço da Betânia?
As pessoas comentam que adoram a Betânia porque ela é uma super mãe, uma mulher compreensiva que respeita as pessoas, as suas escolhas, quer o melhor para o filho sem impor nada a ele, é leve e forte, bem humorada, generosa, humana. Tudo isso eu ouço nas ruas. Outro dia ouvi que ela é um coração ambulante e, na rua, as pessoas comentam que estão adorando e pedem para me abraçar. Eu acho o máximo, mas na verdade elas querem é abraçar a Betânia! Abraçar esse alguém que acolhe tanto e que estimula a vida dos outros.
Betânia é uma mulher batalhadora, quase um feminista numa novela de época. Dá para discutir assuntos atuais numa trama ambientada no passado?
Quando assisto à novela e penso em tudo o que estamos vivendo agora no nosso país e no mundo, a impressão que tenho é que não saímos da época medieval. A época da novela é de intolerância, com as castas bem divididas, as tradições arraigadas, preconceitos aflorados. E o que estamos vivendo hoje em dia? Ainda não é isso? A Betânia vai contra essa maré. Ela trabalha por amor e diz que as tradições existem para serem quebradas. Queria mais Betânias no nosso mundo.
Betânia é a cozinheira do castelo de Montemor. Como é a relação da Dayse com a cozinha?
Gosto muito de cozinhar, sou daquelas que têm caderno de receitas e tudo, mas desde que não seja por obrigação.
Você costuma fazer muito teatro para crianças. Sente preconceito em fazer teatro infantil?
Não é exatamente um preconceito, mas deveria haver mais incentivo. Para se ter uma ideia, não temos crítica em jornal para o teatro infantil e os grandes prêmios são para o teatro adulto. Meu último espetáculo foi A pequena vendedora de fósforos, baseado num conto de Andersen que fala sobre morte. Fui criticada antes de montar e taxada de corajosa depois da estreia por tocar em assuntos delicados, quase tabus. É um espetáculo que agrada adultos e crianças, foi feito para toda a família e houve dias que tínhamos mais adultos na plateia do que crianças. Então nesse caso não sofri preconceito mas os incentivos são sempre menores.
Qual é a importância do teatro infantil para a formação de plateia teatral?
Total! Para começar, o governo deveria subsidiar as companhias de teatro, para que pudéssemos produzir bem para qualquer tipo de público. Tem que existir condições de serem produzidos bons espetáculos infantis porque essa turminha mais nova é que será a nossa plateia de amanhã.
Você tem um filho adolescente. Se preocupa com a formação cultural dele? Como fazer para que os jovens tenham contato com arte de qualidade?
Eu me preocupo bastante com a formação cultural do meu filho. Dou muito valor a isso. Ele adora cinema, às vezes vai sozinho, e sei que tenho uma parcela de “culpa” nisso. Sempre fiz questão de levá-lo ao cinema, ao teatro, a exposições. Acho que tudo isso abre um mundo na nossa cabeça e nosso coração. E pensar que tem adulto que nunca entrou em nenhum desses lugares!!! Quando comecei a fazer teatro, fazíamos espetáculos durante a semana para atender as escolas. Os governos deveriam investir em levar as crianças ao teatro, muitas escolas não conseguem fazer isso simplesmente porque não têm verba para o transporte. As empresas também poderiam investir nesse segmento. O dia que o país investir em cultura seremos melhores.