Em ano próspero, Ana Flávia Cavalcanti estreia em três séries na televisão

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A atriz Ana Flávia Cavalcanti está em A garota da moto e poderá ser vista ainda em Sob pressão e na série exclusiva da Globoplay, Onde está meu coração?

“É um ano muito próspero para mim!”. É assim que atriz Ana Flávia Cavalcanti define 2019, principalmente, sob o ponto de vista profissional. Só neste ano, a artista poderá ser vista em diferentes produções. A primeira delas na segunda temporada da série A garota da moto, produção do SBT com foco em Joana (Christiana Ubach), uma motociclista que se muda para São Paulo após ser perseguida por Bernarda (Daniela Escobar), que não quer dividir a herança do ex-marido com o filho dele, Nico (Enzo Barone). Na trama, Ana Flávia interpreta Naomi, uma detenta que estabelece um pacto com Bernarda para destruir Joana e Nico.

O convite para integrar a série veio logo após a atriz terminar sua participação na novela Malhação — Viva a diferença, temporada que foi premiada nesta semana com o Emmy Internacional Kids, a premiação mais importante da televisão voltada para programas infantojuvenis. “Eu fui convidada para fazer o teste e passei. Tinha acabado de interpretar a Dóris em Malhação – Viva a diferença. Foi muito bom ter seguido em um trabalho tão desafiador”, lembra.

Como A garota da moto é apenas um dos muitos trabalhos da artista em 2019, ela retorna às telinhas em breve. A atriz está confirmada na próxima temporada do seriado médico Sob pressão, da Globo. Na atração, ela viverá Diana, uma dependente química que é levada a uma reunião do narcóticos anônimos por Evandro (Julio Andrade), o protagonista do seriado.

Na emissora, a artista ainda está confirmada na série Onde está meu coração?, produção exclusiva do Globoplay, que tem no elenco nomes como Fábio Assunção, Camila Márdila e Daniel de Oliveira. Quem assina a direção do projeto é Luísa Lima. A história terá como foco uma médica residente que é viciada em crack. Ana Flávia Cavalcanti está na trama como a enfermeira Inês. Por enquanto, ela está ainda na fase de ensaios da produção.

Luta por representatividade

Mulher negra, Ana Flávia Cavalcanti utiliza o trabalho também como forma de conscientização. Para ela, representatividade é essencial para as novas gerações. “Quando dizemos que representatividade importa, queremos dizer que é importante quando um jovem, que é negro e periférico, quase sempre pobre, vê um ator negro na televisão interpretando um médico. Isso diz a ele, de uma forma bem objetiva, que pessoas que se parecem com ele podem ser médicos. Então ele olha ao redor e entende que aquela é uma realidade, mas que existem outras realidades e isso abre a cabeça dele pro sonho”, revela.

Esse engajamento pode ser visto em dois projetos que a artista encabeça: as performances A babá quer passear e SERVIÇAL, que debatem a condição do empregado doméstico no Brasil. Neste ano, ela também pretende rodar o país com o curta-metragem , dirigido por ela.

Entrevista // Ana Flávia Cavalcanti

Você estreou na segunda temporada de A garota da moto. Como veio a oportunidade de integrar o elenco da série?
Eu fui convidada para fazer o teste e passei. Tinha acabado de interpretar a Dóris em Malhação – Viva a diferença. Foi muito bom ter seguido em um trabalho tão desafiador.

Você já acompanhava a série antes? Como se preparou para viver Naomi?
Não acompanhava a série, não, mas já tinha ouvido falar muito bem. Para viver a Naomi, estudei as lutas e seus processos, porque a ela é uma lutadora, principalmente de muay thai. Me preparei, fiz aulas de muay thai em São Paulo e no Rio de Janeiro. Também assisti aquela série de detentas da Netflix, Orange is the new black. Foi bem legal, porque A garota da moto tem meio a ver esse ambiente das detentas, do crime e da relação das mulheres e a série me ajudou bastante a entrar nesse universo.

Naomi é a vilã da série e os atores e as atrizes normalmente gostam de fazer esse tipo de personagem. Como foi para você interpretar uma vilã?
Eu amei! Você tem razão, atores e atrizes amam viver vilãs e vilões. A gente tem mais espaço para ser fora do padrão imposto. Uma pessoa má acaba fazendo tudo o que quer para conquistar seus objetivos, né? Tem um comprometimento bem raso com a ética e os limites do outro. Eu amei fazer a Naomi.

Como mulher negra, como você vê a presença dos negros na dramaturgia atual?
Eu vejo alguns avanços não só na dramaturgia, mas nas diversas representações sociais. Quando dizemos que representatividade importa, queremos dizer que é importante quando um jovem, que é negro e periférico, quase sempre pobre, vê um ator negro na televisão interpretando um médico. Isso diz a ele, de uma forma bem objetiva, que pessoas que se parecem com ele podem ser médicos. Então ele olha ao redor e entende que aquela é uma realidade, mas que existem outras realidades e isso abre a cabeça dele pro sonho. Não necessariamente o sonho de ser médico, mas o sonho de ser alguma outra coisa além daquelas impostas por um sistema estruturalmente racista, joga a população preta pra longe. Agora não adianta apenas termos atrizes e atores representando médicos ou engenheiros ou gerentes de banco ou artistas plásticos. É importante termos a presença de mais e mais atores, atrizes, artistas, diretores, roteiristas e figurinistas negros. Temos poucos artistas negros, mas falta roteirista negro. É importante que os jovens negros tenham uma boa formação de base, cuidado em todos os níveis da vida enquanto ele for criança e jovem, alimentação balanceada, esporte, lazer, cuidados médicos, odontológicos e terapêuticos, inclusive terapias alternativas às terapias convencionais e tratamentos alopatas. Enfim, uma criança negra só vai crescer bem e forte e preparada pra escolher um caminho a trilhar em sua vida, seja ela ator ou designer de sapatos, se ela for bem cuidada e protegida como são a maioria das crianças brancas.

Você tem outros projetos paralelos à série? O que pode contar sobre eles?
Tenho duas performances que criei A babá quer passear e SERVIÇAL, que vou continuar a apresentar este ano. Nesses dois trabalhos eu discuto a condição do empregado doméstico no Brasil. Além disso estou enviando Rã, meu primeiro filme como diretora e com codireção de Julia Zakia, para alguns festivais. Em maio estreia a terceira temporada de Sob pressão na Globo. Na série eu vivo a Diana, uma dependente química que é levada a uma reunião do narcóticos anônimos pelo Dr. Evandro (Julio Andrade). E estou ensaiando a série Onde está meu coração?, também na Globo, e em que eu vou interpretar Inês, uma enfermeira. É um ano muito próspero para mim!

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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