Com performances inspiradas de Oscar Isaac e Jessica Chastain, Cenas de um casamento é destaque no catálogo do HBO Max. Confira a crítica!
O que se pode dizer com várias palavras ao cônjuge no meio de uma crise no casamento? E os silêncios, o que eles significam? Tudo isso diz muito. E a força do discurso — falado ou não — é o que conduz os cinco episódios de Cenas de um casamento (Scenes of a marriage), remake de obra homônima assinada por Ingmar Bergman, em 1973. Na versão atualizada, disponível no catálogo do HBO Max, acompanhamos a crise conjugal de Jonathan (Oscar Isaac) e Mira (Jessica Chastain).
É imprescindível para a beleza de Cenas de um casamento que se pontue a entrega de Oscar Isaac e, especialmente, de Jessica Chastain em seus papéis. A série se passa quase toda em um único cenário e tem pequenas presenças de outros personagens — muitas vezes apenas por voz ou sendo citados. É como se fosse teatro. A câmera acompanha cada passo deles e nos põe em contato com a intimidade do casal.
Questões como a presença da mulher no mercado de trabalho, paternidade, responsabilidade afetiva e machismo estão na pauta mais do que contemporânea do quase ex-casal. Uma longa discussão sobre o que é traição, e sobre o que isso pode significar para quem trai e para quem é traído, é exemplo de que temas árduos não ficam de fora do roteiro.
Embora sejam Oscar e Jessica que aparecem em cena, o texto é o grande protagonista de Cenas de um casamento. O casal já se cortou com as palavras feitas para sangrar, já se afagou com as palavras feitas para humilhar e, como diz a canção de Chico Buarque (De todas as maneiras), espera o sol lá fora, com as garras presas um no coração do outro. Ou não.
