Uma outra perspectiva do universo de mistério e investigação de Sherlock Holmes é proposta no filme Enola Holmes, que estreou em 23 de setembro na Netflix. Protagonizado pela atriz Millie Bobby Brown, o longa-metragem gira em torno da irmã do detetive, que dá nome à narrativa. Apesar de a personagem não existir originalmente no cânone de Arthur Conan Doyle, ela vem da série literária homônima de Nancy Springer, formada por seis livros lançados entre 2006 e 2010.
Na adaptação dirigida pelo britânico Harry Bradbeer, a história começa mostrando a forte ligação entre Enola e a mãe Eudoria (Helena Bonham Carter). Sem a presença de nenhum homem em casa — os dois irmãos mais velhos Sherlock (Henry Cavill) e Mycroft (Sam Claflin) seguiram a vida em Londres após a morte do pai –, Enola foi criada completamente diferente de uma jovem dos anos 1880, com muita leitura, interpretações e conhecimentos de luta e nada de etiqueta.
Tudo muda no aniversário de 16 anos de Enola. A jovem acorda e a mãe foi embora. Ela não entende muito bem o que aconteceu e, sendo menor de idade e mulher, acaba tendo a guarda assumida pelo irmão Microft, que reaparece em casa após vários anos, ao lado de Sherlock. Cada um deles chega com uma agenda: Microft de enviar Enola para uma internato de meninas e Sherlock de entender o que aconteceu com a matriarca.
É a partir daí que a história se desenvolve. Enola Homes começa a procurar por pistas da mãe e encontra um recado misterioso. Diante disso, ela decide fugir dos irmãos em busca de Eudoria. Nesse caminho, conhece Viscounde Lord Tewksbury (Louis Partridge), que está fugindo da família para não assumir as responsabilidades que tem com as questões políticas e sociais do título. É nesse momento que tem início uma aventura, com romance, mistérios, adivinhações e muitos conceitos de feminismo.
O filme é bastante despretensioso. Não há uma tentativa de ser uma obra-prima. Mas de ser uma narrativa leve, sob um novo ponto de vista. Em vários momentos, Enola é mais esperta que os irmãos, inclusive, conseguindo superar Sherlock nas investigações, o que pode causar estranheza para quem conhece a história do detetive. Também é por esse motivo que há uma contestação em relação à escolha de Henry Cavill para o papel. O Sherlock do longa da Netflix demonstra sentimentos, dá risadinhas, algo que parece fora dos conceitos do cânone.
Tirando isso, Enola Holmes é um filme interessante. Millie Bobby Brown tem um carisma que fica óbvio. Então, a escolha de fazer uma narrativa em que a personagem quebra a quarta parede durante a aventura conversando bastante com o espectador, funciona. Ela também consegue passar muito bem esse ar de destemida, independente e forte e ainda tem uma química muito boa com todos os personagens, desde os atores que fazem os irmãos mais velhos até Louis Partridge, que é o par romântico.
Apesar de não se adentrar muito no tema, Enola Holmes tem um recorte histórico sobre a luta das mulheres pelo voto, por meio do movimento encabeçado pelas sufragistas no período. Esse enredo aparece na narrativa de Eudora.
Ainda não há uma confirmação oficial de que a produção vá ganhar outras sequências, mas tudo indica que seja possível, já que é inspirada numa série de livros. Que rende, rende!
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