Em Brasil imperial, Dedeh Melo vive Leopoldina de um modo a inspirar as mulheres de agora. Em entrevista, ela conta o que aprendeu com a personagem
Dedeh Melo garante que temos muito o que aprender com a imperatriz Leopoldina, personagem que ela interpreta na série Brasil imperial, da Amazon Prime. Seriam lições como “pensar no bem maior, no que é bom pra gente enquanto sociedade mesmo e não pra si próprio. E ter foco, lutar por um ideal. Algo em que você acredita, uma ideologia.”
Essa mulher forte é a que Dedeh leva às telas na série nacional com pegada documental que lembra nossa história. Brasil imperial apresenta ao público feminino uma fonte de inspiração. “Mesmo num lugar frágil em que era casada com alguém que não a amava, Leopoldina largou o país, a família, mesmo com tudo isso ela tomou as rédeas, foi forte demais tanto na vida particular quanto na política. Ela assina a independência e é responsável pelo que somos hoje. Agora, 200 anos depois, nós, mulheres, ainda estamos conquistando nosso espaço na política”, comenta a atriz, que imprime suas próprias cores e sensações à personagem.
Na entrevista a seguir, Dedeh fala sobre a experiência de estar na série e também adianta um pouco sobre a participação dela na novela Gênesis, prevista para estrear em janeiro na Record. Confira!
Entrevista // Dedeh Melo
Você vive a Princesa Leopoldina em Brasil imperial. A personagem já foi interpretada por outras atrizes nos palcos, nas telas da televisão e do cinema. Teve medo da comparação?
Não. Acho que se tivessem um milhão de atrizes fazendo Leopoldina, seriam um milhão de Leopoldinas diferentes. O encanto da arte é justamente o poder de cada ator dar sua assinatura, sua visão para cada personagem. Assim como tem o Coringa, por exemplo, que já foi interpretado por vários atores e cada um deu sua cor, sua interpretação… É você usar sua matéria prima, sua vivência, suas opiniões e emoções para dar vida a um personagem. É a Leopoldina através da lente das experiências da Dedeh.
Leopoldina foi uma mulher à frente do tempo dela. Isso te inspirou de alguma forma?
Sim. Acho que ela é uma inspiração para todas as mulheres. Mesmo num lugar frágil em que era casada com alguém que não a amava, largou o país, a família, mesmo com tudo isso ela tomou as rédeas, foi forte demais tanto na vida particular quanto na política. Ela assina a independência e é responsável pelo que somos hoje. Agora, 200 anos depois, nós, mulheres, ainda estamos conquistando nosso espaço na política. Uma coisa que me inspirou muito é a determinação dela em cumprir a sua missão. A imperatriz estava acima da mulher, da esposa, de tudo. Ela tinha um propósito muito claro e muito maior e me identifico de alguma maneira nisso. Por ter largado família e tudo mais para vir para o Rio de Janeiro em busca do meu propósito que é ser artista.
O que a sociedade brasileira atual ainda tem que aprender com ela?
Pensar no bem maior. Pensar no que é bom pra gente enquanto sociedade mesmo e não pra si próprio. E o foco, lutar por um ideal. Algo em que você acredita, uma ideologia.
Fazer um trabalho com fundo documental é diferente do que estar num totalmente fictício?
Sim. Porque existe toda uma pesquisa; um estudo em cima não só do personagem, mas também do contexto político e social da época. E a coisa da caracterização também, tive uma transformação pra ser Leopoldina porque era uma mulher austríaca, loira de olhos verdes. Usei lente, pintei cabelo, fiquei meses sem tomar nenhum sol.
Você estará em Gênesis, da Record. O que pode falar sobre esse projeto?
Foi uma participação muito bacana, forte. Faço parte da cidade de Enoque, a cidade onde acontece o dilúvio. Mas não posso falar muito sobre, tudo surpresa. (risos)
A pandemia acabou atrasando a estreia da novela. Isso tirou o gás do elenco de alguma forma? Ou foi o contrário?
Eu fiz só uma participação, mas acredito que não. Temos que lidar com a ansiedade, mas acho que pode dar até mais gás.
Quando você interpreta uma personagem de época, como em Brasil imperial ou em Gênesis, tem um figurino e uma direção de arte. Isso ajuda o ator? Tem o perigo de que se torne uma “muleta” na hora da criação?
Não. Acho que só ajuda. A direção de arte consegue te transportar para aquele tempo. Você já entra no universo da época. O figurino muda sua postura, o seu andar. Você entende como é andar com aqueles vestidos, o peso da roupa te dá um peso, as jóias, o cabelo. Faz você se reconhecer ainda mais como o personagem.