A série nacional Todxs nós, da HBO, perdeu a chance de marcar presença como uma produção que levantou a discussão sobre identidade social de forma contundente. Essa era a promessa, mas não é o que acontece. A atração, criada pelos craques Vera Egito, Heitor Dhalia e Daniel Ribeiro, decepciona por trazer a questão de forma rasa, com pouca contribuição para o debate.
Curioso que o primeiro episódio de Todxs nós, intitulado Ser e não ser, talvez seja o melhor da série. Ali, conhecemos o trio de protagonistas: a pansexual Rafa (Clara Gallo), o ator gay Vini (Kelner Macêdo) e a ativista pelos direitos dos negros Maia (Julianna Gerais). Vini e Maia dividem o apartamento quando Rafa, prima (ou prime, como ela prefere ser chamada por causa da desinência neutra) do rapaz, chega do interior para morar com eles, sem avisar antes.
Rafa vai para a capital na esperança de que lá e ao lado de Vini pudesse viver sua identidade não binária com respeito e paz. Todxs nós mostra desde o início que não é bem assim e que as dificuldades de Rafa começam dentro da própria família, estendendo-se para o mercado de trabalho e para a vida social.
O problema é que os sete episódios seguintes da série são mera repetição de discursos e até de situações. A impressão que temos é que Rafa, Vini e Maia se limitam a falar ou fazer tudo apenas em função da sexualidade ou raça deles. O que era para ser uma série de inclusão acaba reforçando alguns estereótipos.
Talvez ao ler a sinopse de Todxs nós, o público espere uma produção pesada, com alto teor de tensão. Não é o que acontece. E a leveza e comicidade do texto não são um problema por si só. Pelo contrário, se bem utilizados, são armas para prender o espectador e, depois, o levar à reflexão.
A questão é que as discussões não são levantadas por falta de complexidade dos personagens e de profundidade do que vemos na tela. O trio de atores se esforça, mas quem chama a atenção mesmo é Gilda Nomacce na pele de Inês, mãe de Vini e tia de Rafa.
Um elemento que chama a atenção positivamente em Todxs nós é a trilha sonora. Não são apenas canções ao fundo das ações. As letras escolhidas muitas vezes passam o recado com a mesma clareza do que o texto. A começar pelo aviso na faixa de abertura: “eu não sou obrigado a nada!”. Os jovens e conflitos de Todxs nós são reais, existem fora da tela. Mas com muito mais complexidade. Quem sabe na segunda temporada isso não se resolve?
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