Duas pessoas que não se conhecem e buscam um grande amor num programa de tevê. Resumindo bem esse é À primeira vista, reality show que a Band exibe às quintas, a partir das 22h30, sob o comando de Luigi Baricelli.
Confesso que não é o tipo de programa que me chama a atenção. Mas me rendi e acompanhei a saga dos 14 casais que participaram dos dois primeiros episódios — o terceiro será exibido nesta quinta. Afinal, como não torcer pelo amor, não é mesmo? Até os corações mais duros gostam.
Mas À primeira vista peca justamente aí. O público acaba não torcendo pelos casais, seja por falta de empatia mesmo, seja por falha brutal na escolha dos participantes, a maioria sem carisma nenhum. Dos 14 pares, em oito casos os dois participantes disseram “sim” e em seis um dos dois disse “não” e o romance não saiu do programa.
O problema de À primeira vista não para aí. O apresentador/recepcionista/ator/animador/galã… Luigi Baricelli está ali para dar ritmo ao programa e acaba sendo responsável pela quebra dele. É por meio de Luigi que conhecemos os participantes, que conversam com ele antes de encontrar o pretendente. Não seria melhor acompanharmos essa apresentação à possível cara metade?
Cara metade?! Sim! A fala de Luigi e do locutor do programa está repleta de clichês do nível de “abrir as portas do coração”, “deixar o coração aberto” e “o amor é cego”. Ouvidos mais sensíveis reclamarão. As respostas dos casais também são ilustradas com desenhos clichês nos quais duas pombinhas formam um coração ou um passarinho sai voando do galho quando o outro pousa. Olhares mais sensíveis reclamarão.
Dá para salvar À primeira vista. Como? Deixa pra lá essa coisa de amor e de torcer pelo casal. Assume a atração como um… humorístico e… não é que dá certo? Claro que não é uma Escolinha do Professor Raimundo ou um Tá no ar: a TV na TV. Talvez esteja mais para uma sitcom.
Devo admitir: é engraçado ver pessoas do alto de seus 40, 50, 60 anos sentindo o friozinho na barriga de um encontro às escuras, se entregando mesmo às paixões. Renova a esperança do quase quarentão aqui!
Dá pra rir quando jovens bebem demais e perdem a mão na paquera; quando a participante dona de um sex shop não tem outro assunto e constrange o rapaz; quando o moço se espanta ao saber que ela se casou virgem, transou e se separou; ou quando um autodenominado “ogro” responde “horrorosa” à pergunta “o que você achou de mim?”. Também dá para se emocionar com a história do cover do Homem de Ferro que se veste como o herói para ajudar no tratamento de crianças.
À primeira vista oferece um misto de emoções — talvez não as que o programa deseja despertar. Funciona às vezes, derrapa outras. É regular e, como de costume na Band, longo demais (termina tarde que nem o MasterChef!). Quem sabe mereça uma segunda chance para que eu me apaixone de vez?
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