Toda vez que termina uma temporada mal-sucedida de Malhação fico apreensivo com a possibilidade do fim da novelinha teen. Mas daí, a próxima leva de capítulos vem e mostra que a atração ainda tem fôlego. Pelo menos se depender de Malhação: Viva a diferença, temporada que estreou semana passada, tem mesmo.
As diferenças começam pelo formato: nada de um triângulo amoroso no foco das atenções. As protagonistas – sim, no plural e no feminino! – são Lica (Manoela Aliperti), Keyla (Gabriela Medvedovski), Ellen (Heslaine Viera), Tina (Ana Hikari) e Benê (Daphne Bozaki). As meninas se conhecem por acaso e se tornam amigas (saiba mais sobre a trama delas aqui) . As atrizes parecem que darão conta do recado — Manoela, Gabriela e Ana estão no tom certo e as outras têm tudo para crescer, ainda mais Daphne que tem a personagem mais complexa do quinteto.
Por enquanto, as tramas de Malhação – Viva a diferença que menos empolgaram foram o divórcio dos pais de Lica, Edgar (Marcelo Antony) e Marta (Malu Galli), e a insistência da mãe de Tina para que ela siga a carreira de medicina.
O elenco jovem ainda teve como destaques Matheus Abreu (o rapaz brilhou em Dois irmãos, lembra?), o intérprete de Tato, e Gabriel Calamari como Felipe. Entre os mais experientes (que tiveram pouca vez na primeira semana) vale a pena notar Lúcio Mauro Filho como o pai de Keyla, Roney. Com tintas menos carregadas no humor, ele mostra que tem versatilidade.
A diversidade
As diferenças não estão apenas no título da temporada. Elas estão em todo lugar: na condição financeira das protagonistas, no modo que elas têm de ver o mundo, em como o núcleo familiar de cada uma é formado. As diferenças raciais e culturais entre elas também grita. A mensagem está dada e é clara: conviver com tantas diferenças não é fácil (as meninas já tiveram seus desentendimentos), mas é possível e necessário no mundo plural de hoje.
Temas
Em uma semana, Malhação – Viva a diferença já mostrou que alguns temas fortes e necessários virão à tona. Começa pelo mote da temporada — Keyla é mãe solteira — e vai por outros caminhos: o pai de Tato, Aldo, é alcoólatra; Tina e o irmão de Ellen, Anderson (Juan Paiva), viverão um romance interracial já desaprovado pela mãe dela; o feminismo e o machismo também já mostraram as caras em conversas das amigas.
Sampa
Pela primeira vez em 25 temporadas, a metrópole é o principal cenário de Malhação. Nada mais justo: São Paulo tem a fama de abraçar toda a diversidade proposta pela novela. Além disso, as paisagens são outras e a beleza concreta das esquinas de Sampa estão todas lá, com direito a personagens grafiteiros, como Felipe.
Agilidade
A dupla Cao Hambúrguer (autor) e Paulo Silvestrini (diretor) imprimiu à novela um ritmo que tem tudo a ver com o público jovem e com São Paulo. A agilidade tanto dos diálogos (tomara que no futuro não se confunda com superficialidade) quanto das cenas, como a sequência do parto de Keyla num vagão de metrô, está na medida certa.
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