Crítica: A impactante história retratada na minissérie Inacreditável da Netflix

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A partir de sexta-feira (13/9), a Netflix lança a minissérie Inacreditável. O Próximo Capítulo assistiu a produção e te conta o que esperar!

Inacreditável, nova produção da Netflix, estreia sob forte expectativa. Isso porque o tema chama bastante atenção, ainda mais no mundo atual, em que casos de estupro são cada vez mais comuns — no Brasil, por exemplo, segundo o 13º Anuário de Segurança Pública publicado na última terça-feira, no ano passado, o número de casos de violência sexual correspondeu a mais de 180 estupros por dia. Não bastasse o assunto em si, a minissérie traz uma história chocante e alarmante, que tem dois pontos fortes: um caso de estupro tratado como denúncia falsa, e um estuprador em série.

Um dos grandes méritos da produção vem do roteiro, que é baseado no livro Falsa acusação: Uma história verdadeira. A obra dos jornalistas norte-americanos é muito bem construída e isso passa para a telinha. A minissérie, em sua maioria, é bastante fiel ao conteúdo das páginas literárias, ganhando apenas em alguns pontos aspectos mais ficcionais e narrativos para que o espectador possa se aproximar das personagens. Na minissérie, a vida pessoal de Marie (Kaitlyn Dever) — a jovem que é estuprada em Lynwood, mas tem a história apontada como falsa pela polícia local após descrédito da mãe adotiva — ganha mais tempo de tela, assim como das detetives Karen Duvall (Merritt Wever) e Grace Rasmussen (Tony Collette), que ficam responsáveis pela investigação da série de abusos sexuais ocorridas nos Estados Unidos.

Assim como fez Olhos que condenam, que levava o público a vivenciar o que os jovens passaram durante os depoimentos policiais, Inacreditável coloca o espectador para passar os piores momentos da vida Marie juntamente com ela. O primeiro episódio é incômodo, e isso é proposital, mostrando a protagonista repetindo várias vezes o depoimento sobre o abuso. A ideia é passar algo próximo do que a personagem viveu ao ser abordada de uma forma tão leviana após ter sido estuprada.

Credito: Beth Dubber/Netflix. Cena da série Inacreditável, da Netflix.

Ao mesmo tempo, a minissérie faz questão de mudar o tom no segundo episódio. Propositalmente de novo. Aqui o objetivo é mostrar a diferença de atitude da investigadora Karen com Amber (Danielle Macdonald), outra jovem vítima de estupro, que é tratada completamente diferente. A detetive dá todo o suporte para a menina, que tem um papel importantíssimo para a investigação que leva até o maníaco sexual. No terceiro episódio é a vez do público conhecer mais sobre Grace, novas vítimas e o caminhar da investigação, agora, em conjunto.

Essa mudança de tom que Inacreditável ganha, totalmente empática e empoderada, é um mérito que se deve ao fato de que produção conta com a direção de duas mulheres que têm experiência com narrativas femininas: Susannah Grant, diretora do ótimo Confirmation da HBO — filme protagonizado por Kerry Washington, que interpreta Anita Hill, uma professora de direito que denuncia caso de assédio sexual do juiz Clarence Thomas –, e Lisa Cholodenko, nome por trás da série The L Word, sobre o mundo homossexual feminino.

Mesmo com esse lado mais humano, por assim dizer, com o passar dos episódios — são oito no total –, a minissérie pode ser dura de acompanhar. A dificuldade enfrentada para chegar até o criminoso e o sofrimento vivido pelas vítimas, principalmente de Marie, é de cortar o coração, porém necessário de ser mostrado num mundo em que a violência sexual cresce. Outro mérito da produção, que o faz da forma mais realista possível.

Inacreditável deve figurar entre as produções de mais destaque da Netflix neste ano. Resultado da união de um tema forte, uma história inacreditável — como bem indica o título da minissérie — e incrivelmente bem conduzida narrativamente deixando o espectador na expectativa para o próximo episódio, além de boas atuações do trio de protagonistas.

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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