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Sandra Bullock atrás de uma segunda chance em Imperdoável

Publicado em Séries

Sandra Bullock brilha em novo filme da Netflix, Imperdoável. Ela vive uma ex-presidiária que quer retomar a vida, mas esbarra no preconceito

Se você é daqueles que ligam a imagem de Sandra Bullock a glamour, prepare-se para ver outra faceta da atriz em Imperdoável, filme dirigido por Nora Fingscheidt que estreia hoje na Netflix. Sandra é o melhor do não mais do bom filme, numa construção sensível, exata.

Ela dá vida a Ruth Slater, mulher condenada por assassinato que sai da prisão após cumprir pena de 20 anos. O que Ruth quer é reencontrar a irmã, Katherine (Aisling Franciosi), uma criança na época do crime, para quem Ruth escreveu cartas sem receber resposta. O problema é que ela foi adotada sem deixar muitos rastros.

Nada parece conspirar a favor de Ruth. A sociedade a vê como uma ex-presidiária, negando a ela um emprego digno e a rodeando de preconceitos e ódio. Para piorar, os filhos do xerife que ela matou querem vingança. Ao lado dela, apenas Vince Cross (Rob Morgan, em bom momento), espécie de agente da condicional dela que vira mais um confidente e um conselheiro.

Imperdoável não poderia, portanto, ter uma protagonista solar, otimista. E não tem. Ruth poderia ser, pelo contrário, uma mulher amarga, cada vez mais castigada pela sociedade. Mas Sandra também não a constrói por aí. Ruth parece uma mulher sem coração, fria. Poucas são as explosões, os rompantes, sejam eles de alegria, raiva ou tristeza. É como se fossem todas emoções o mesmo torpor. A interpretação dela entrega tudo isso.

Um dos maiores problemas de Imperdoável está no roteiro. Faz falta uma explicação para tudo que está acontecendo. E quando a reviravolta vem (e ela é surpreendente), Ruth não a agarra, deixa a vida passar na frente dela. É curioso que outros personagens, como Liz (Viola Davis), poderiam crescer e render mais dentro da história. Mas nada, além de Ruth, parece ser desenvolvido no filme.

De qualquer maneira, Imperdoável é um interessante exercício. Cabe ao público refletir sobre essa invisibilidade a que condenamos parcelas da sociedade nas quais se incluem, por exemplo, os ex-presidiários. É a tentativa de sair dessa invisibilidade e ter um papel social definido que move Ruth.