Homecoming, aposta de novembro de 2018 da Amazon Prime Vídeo, é o tipo de série que não é para todos. Criada por Sam Esmail (Mr. Robot), Micah Bloomberg e Eli Horowitz, a produção é inspirada num podcast homônimo de ficção e retrata uma história um tanto incomum, ao melhor estilo Maniac, com Emma Stone e Jonah Hill, da Netflix, porém, muito interessante.
O grande mote do seriado é mostrar os mistérios de uma instituição criada nos Estados Unidos com o objetivo de ajudar os soldados recém-chegados de alguma missão na transição para a vida civil. Para contar essa história, Homecoming acompanha a ex-assistente social do centro de apoio, Heidi Bergman (Julia Roberts), em duas linhas temporais: uma, enquanto ela trabalha na organização, e outra, quatro anos depois, quando ela vira garçonete de um restaurante.
A narrativa ganha corpo quando é revelado ao espectador que a instituição passa por uma auditoria. O Departamento de Defesa dos EUA recebeu uma denúncia em relação ao centro e Thomas Carrasco (Shea Whigham) vai em busca de investigar o caso.
Com duas linhas temporais e um mistério em jogo, Homecoming primeiro coloca o público a par da instituição por meio do dia a dia de Heidi, que serve como uma terapeuta para os soldados. Cabe a ela, escutar as histórias dos soldados, avaliar e repassar semanalmente ao supervisor Boby Cannavale (Colin Belfast) o avanço dos veteranos. No meio disso tudo, Heidi acaba se apaixonado por Walter Cruz (Stephan James), um dos clientes do local, e a relação dos dois está totalmente relacionada ao futuro de Heidi e ao desaparecimento da instituição anos depois.
Mistério, mistério e mais mistério fazem parte da narrativa de Homecoming, o que, em muitos momentos, pode soar enfadonho, já que a trama demora a entregar tudo o que realmente acontece na instituição. Mas isso é proposital. O objetivo é segurar o máximo de informação para que o espectador tenha um choque em um dado momento da produção, que é quando Homecoming vira o jogo e se torna numa série eletrizante com uma narrativa de tirar o fôlego.
Quando se fala em atuação, Julia Roberts, claro, rouba a cena. É muito bacana ver a atriz transitando em diferentes atuações nas linhas temporais. Em uma ela está empolgada com o trabalho, esperançosa por estar fazendo algo bom. Na outra, ela tem um vazio e uma solidão que nem ela sabe explicar. Além de Julia, também é preciso ressaltar o trabalho de Stephan James, que entrega um veterano extremamente empático, o que justifica o encantamento de Heidi pelo personagem.
O visual da produção é outro aspecto bastante interessante. A série utiliza de um recurso visual para que o espectador entende exatamente em qual linha temporal se passa a narrativa. E essa escolha lembra bastante a série Mr. Robot, o que faz sentido já que Sam Esmail trabalha nas duas produções.
Em relação à dinâmica da instituição e da narrativa confusa no início, o seriado se parece com Maniac, da Netflix. Mas consegue ser superior, principalmente, quando engrena do sétimo até o décimo e último episódio, que é o momento que o espectador descobre os mistérios da série e segue apreensivo para saber a conclusão de tudo isso. Além disso, ao falar nas entrelinhas de um assunto real no dia a dia dos norte-americanos, a reabilitação dos veteranos de guerra, o seriado retrata um tema importante aos estadunidenses.
A primeira temporada é formada por 10 episódios e, diferentemente da maioria dos dramas, eles são mais curtinhos, com até 30 minutos. Ainda não há uma confirmação para uma segunda temporada, mas há história para isso. Sobre uma sequência, Julia Roberts disse apenas ao The Hollywood Reporter: “Todos queremos saber (isso)”.
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