Leve e divertida. Estes são os dois principais adjetivos que definem a série Single parents, nova aposta de comédia do canal ABC, criada por Elizabeth Meriwether e J.J. Philbin.
A produção se sustenta em uma linha narrativa parecida com Modern family, contando a história de um grupo de pais solteiros, que entre as responsabilidades de criar os filhos, enxergam nos amigos uma forma de sobreviver em uma vida solitária, sem um parceiro.
Estrelam a produção a ex-Gossip girl Leighton Meester (no papel de Angie D’Amato); Taran Killam (como Will Cooper); Brad Garrett (sendo Douglas Fogerty), Kimrie Lewis (que dá vida a Poppy Banks) e Jake Choi (sendo Miggy Park). Os cinco adultos lutam para criar os filhos da melhor forma possível, mesmo sem uma figura materna ou paterna.
Will é o típico paizão babão e sensível, que é muito apegado a filha Sophie (Marlow Barkley). O homem é o oposto de Angie, uma mulher durona e sem muitas emoções, que, às vezes, perde a paciência com o excessivo apego do filho, o amoroso Graham (Tyler Wladis). A relação de Will e Angie é o carro-chefe da série, que gera divertidas situações cômicas.
Não menos importante se encontra o elenco de apoio. A começar por Douglas, o mais velho do grupo e o típico conservador norte-americano. O homem cria as gêmeas Emma e Amy (Mia e Ella Allan) a punho de ferro, mas ao lidar com jovem Rory (Devin Trey Campbell), o ferrenho crítico do Obama fica com coração mais mole.
A mãe de Rory é a despretensiosa Poppy, uma mulher liberal e forte que leva tudo da melhor forma possível, inclusive a dificuldade financeira do amigo Miggy, o mais jovem parente solteiro da turma, que trabalha e vive com Poppy.
Em uma produção com um numeroso elenco ocupando a maioria das cenas, uma preocupação se destaca: a química do grupo. Entretanto, Single parents supera facilmente esse obstáculo. A turma se entende bem em cena e a comédia “grupal” funciona sem grandes problemas.
O piloto consegue – dentro de uma larga margem de segurança e sem grandes pontos ousados – manter a diversão do público em alta. A chegada de Will ao novo grupo é feita moderadamente, e sem grandes pontos de excesso, o que cria uma boa atmosfera de naturalidade ao enrendo.
Fica de crítica a Single parents, contudo, dois pontos principais. O primeiro já pode ser observado no piloto, e define-se como uma desconfortável retração no contexto cômico. As piadas parecem ser limitadas, para um público quase infantojuvenil, com pouco destemor, sendo traduzida em um humor essencialmente familiar.
O único momento que a série consegue uma maior margem de ousadia é em relação a homossexualidade do jovem Rory, mas que também não é uma grande quebra de tabu, e ao longo dos seis episódios exibidos até o momento, acabam perdendo a graça.
O segundo ponto de crítica não é tão perceptível no piloto, mas já após o terceiro episódio levanta desconforto. As personalidades dos personagens são essencialmente estáticas, e eventualmente se tornam cansativas.
Um é o sensível, o outro é o durão, a outra é a liberal e o mais novo é o irresponsável, mas esses estereótipos só se sustentam até determinado ponto, e a insistência da série em tentar deixá-los como principal foco de humor simplesmente não funciona.
Em síntese, a produção agrada aos que buscam um entretenimento sem grandes expectativas, contudo, não é nenhuma obra de arte do mundo das séries.
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