Crítica: American gods, uma série boa com um ritmo lento

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Primeira temporada de American gods chega ao fim conseguindo se sagrar como uma boa série. Mas terá que ganhar agilidade se quiser sobreviver nas próximas temporadas

Veredito: Muito bom

O seriado American gods foi uma das apostas deste ano do mundo televisivo. A série chegou sob grande expectativa pelo fato de ser uma adaptação do livro homônimo (e elogiado) de Neil Gaiman, que retrata a guerra entre deuses antigos e novos. Com apenas oito episódios, American gods encerrou a primeira temporada no domingo (18/6), nos Estados Unidos, e na segunda (19), nos países em que a série é licenciada pela Amazon Prime Vídeo (como aqui no Brasil). E o saldo é positivo. Mas poderia ser (bem) melhor.

American gods tem tudo para ser uma série sensacional. Tem um visual deslumbrante, graças ao trabalho do diretor Bryan Fuller, conhecido por essa assinatura (basta ver produções como Hannibal e Pushing daisies); um bom elenco; e temáticas e debates importantes, como homossexualismo, racismo e imigração.

Só que a série peca em ritmo. Ao ser muito fiel ao livro de Gaiman, a impressão que se tem é de que a cada episódio a série avança muito pouco na história. Até o penúltimo episódio vemos Mr. Wednesday (Ian McShane) e Shadow Moon (Ricky Whittle) nessa saga (bem) devagar de convocar deuses antigos para guerrear contra os novos, sob o objetivo de voltarem a reinar na Terra. Só no oitavo episódio é que o embate de fato engrena e vemos uma ação dos deuses antigos nessa guerra.

Crédito: Amazon Prime Video/Divulgação. Easter (Kristin Chenoweth) mostrando que os deuses antigos ainda têm poder. Obrigada, Easter!

A segunda temporada de American gods está confirmada. E isso, de certa forma, é um alívio. Porque, quem acabou de assistir a trama, ficou com um gostinho de quero mais. No único momento em que o enredo avança de verdade, nossa expectativa é cortada pelo fim da temporada.

Os méritos de American gods

Apesar desse problema em relação à agilidade, American gods é uma série muito boa. A trama não tem medo de ousar. Chocou ao exibir explicitamente o sexo entre dois homens. E debateu o racismo comparando fatos que acontecem atualmente com o que acontecia na época da escravidão de forma bem realista.

Se Mr. Wednesday e Shadow Moon soam uma dupla sem graça em alguns momentos, a série entrega outra combinação que funciona demais: Laura Moon (Emily Browning), a esposa morta de Shadow, e Mad Sweeney (Pablo Schreiber), o Leprechaun. Sem falar dos deuses, principalmente os antigos…

Crédito: Amazon Prime Video/Divulgação. Laura Moon (Emily Browning) e Mad Sweeney (Pablo Schreiber)

Também é muito boa a escolha de apresentar pelo menos um deus em cada episódio. A introdução dos personagens é bem feita e costuma ser até mais interessante do que o enredo em si da trama. Mas isso é uma faca de dois gumes: não faz a trama avançar, ao mesmo tempo em que introduz personagens que terão destaque — em um futuro próximo, pelo menos é o que esperamos.

Obs: Ricky Whittle falou sobre a mensagem de American gods, que “não importa no que você acredita, contanto que você acredite em algo”, cá estou eu acreditando que a segunda temporada terá um ritmo melhor. Porque que a série é boa, ela é.

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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