Copa Feminina ganha destaque na televisão, mas faltam mulheres conduzindo a programação

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Pela primeira vez, a tevê aberta abriu espaço para a transmissão da Copa Feminina. Apesar do avanço, ainda há muitas barreiras a serem derrubadas

No último domingo (9/6), foi bonito ver a mobilização em torno da estreia da Seleção Brasileira na Copa Feminina do Mundo da França. Bares lotados, pessoas com a camisa do Brasil pelas ruas e duas emissoras da televisão aberta transmitindo o jogo contra a Jamaica em que as mulheres venceram por 3 a 0. Nunca antes o país dedicou tanto tempo ao futebol feminino.

Avançamos, sim! Mas ainda é pouco. Diferentemente do que acontece com o mundial competido pelos homens, não é possível assistir a todos os jogos na tevê aberta. Para quem quiser acompanhar as outras seleções em campo, só na televisão fechada, mais especificamente no Sportv.

A Copa é feminina, mas o time envolvido na transmissão, não. Isso foi motivo de críticas na internet. A Globo escalou Galvão Bueno para narrar a estreia da Seleção Brasileira. O que pode ser visto de dois modos. Como um prestígio do canal, ao colocar o mais famoso narrador do elenco e com o maior salário para o primeiro jogo da seleção. Ou ainda como uma forma de ignorar a força feminina.

Nas redes, os usuários pediram a volta de Fernanda Gentil ao esporte. No entanto, a jornalista agora se dedica a um projeto de entretenimento no canal. Outro nome óbvio e que chegou a ser cotado para a narração foi o de Glenda Kozlowski. Experiência a jornalista tem, fez narração nos Jogos Olímpicos de 2016. Mas Glenda não quis retornar após as críticas negativas que recebeu nas Olimpíadas.

Desse jeito, a narração ficou para os homens mesmo, tanto na Globo quanto na Band. No time da tevê aberta, apenas um nome feminino na bancada de comentários dos jogos: o da jornalista Ana Thaís Matos, na Globo, e da jogadora Alline Calandrini, na Band.

Um acerto e tanto, ao menos, nos nomes. Thaís Matos já vivia um ótimo momento no Sportv, onde se destacou na Copa do Mundo da Rússia. Alline representa o conhecimento de uma jogadora na telinha, com passagem pela Seleção Brasileira. Mas uma pena que as duas estejam navegando nesses territórios sozinhas. Mais mulheres apenas no campo seguindo a Seleção Brasileira. Na Globo, com as repórteres Carol Barcellos e Lizandra Trindade. No Sportv, com as repórteres Milene Domingues (ex-jogadora) e Nadja Mauad. Nem na central do apito existem árbitras.

Sorte nossa que na internet a cobertura anda dando espaço para a mulherada. Aqui mesmo no Correio, as repórteres Maíra Nunes e Maria Eduarda Cardim fazem um trabalho admirável no blog Elas no Ataque. As duas estão na França acompanhando a nossa Seleção. A cobertura está no jornal impresso, no blog e nas redes sociais, onde as meninas compartilham a atmosfera e os detalhes da Copa Feminina.

É toda uma nova cultura nascendo, então, dê sua audiência, seja na tevê, seja na internet. Façam com que mais meninas possam crescer com o sonho de serem jogadoras de futebol admirando a nossa Seleção Brasileira Feminina, que só vem nos dando orgulho!

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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