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Conflitos e amores familiares dão o tom da série Nós

Publicado em Séries

Nós estreia no Canal Brasil trazendo assuntos como transexualidade e violência

A família é, muitas vezes, nosso porto seguro, que nos acolhe em momentos difíceis. Mas é também no seio familiar que discussões são levantadas e conflitos deflagrados. É entre o amor e os confrontos que estão os personagens de Nós, série que o Canal Brasil estreia nesta terça-feira (18/8), às 21h, com a exibição de dois dos seis episódios. A série completa está disponível gratuitamente no Canal Brasil Play por um mês.

A trama criada por David França Mendes e Rodrigo Ferrari gira em torno da família chefiada pelo psicoterapeuta Romeu (Fernando Eira), especialista no processo de transição de gênero dos pacientes. Romeu é casado com a advogada trans Lúcia (Fabia Mirassos) e pai de Paulo (Danilo Maia). A jovem trans Manu (Maria Léo Araruna) é acolhida por Lúcia após sofrer ataques transfóbicos e mora com a família. O psicoterapeuta esconde um segredo da família: o hábito de se vestir de mulher. Entre os personagens principais ainda há o maquiador Beto (Gustavo Falcão), que clica homens que desejam se caracterizar como mulheres.

“O ponto de partida da série foi a família e o personagem do Romeu, não as questões de identidade e sexualidade. Ao desenvolver os personagens e suas relações fomos chegando aos temas porque os personagens nos levaram a isso. Quem escreve dramaturgia está sempre atrás das situações de maior conflito, e muitos se passam em ambiente familiar exatamente porque é um ambiente de conflitos. De amor e de conflitos”, afirma David em entrevista ao Próximo Capítulo. “A gente procurou fugir dos estereótipos criando personagens com qualidades e defeitos e contradições”, completa o autor.

Rodrigo ressalta que o debate sobre gênero e sexualidade “avançou nas últimas décadas com políticas públicas para a diversidade sexual e que “o audiovisual acaba refletindo isso, não tem como – e nem deve – fugir dele.”

O título da série, Nós, leva o telespectador a dois caminhos: o pronome pessoal coletivo e um tipo de amarra. “A ambiguidade é deliberada. É o pronome porque os personagens da série formam uma unidade, mas é também o substantivo representando os laços e a complicação desses laços. Afinal, nem sempre um nó é fácil de desatar. E ainda tem uma terceira leitura: os nós atravessados na garganta, que cada uma das personagens tem, como se fosse uma vontade de gritar”, explica David.

“Além de tudo isso, esse laço difícil de desatar pode ter um lado bom, como uma relação que consegue se manter, apesar dos percalços. Mas ruim quando se refere à dificuldade em nos desapegarmos de antigos dogmas, de nos livrarmos de preconceitos”, completa Rodrigo.

Nós tem seis episódios que serão exibidos em pares a cada terça-feira, às 21h, e reprise às quintas, à 0h30; e às segundas, à 1h30.