Baseado em livro da midas da literatura juvenil, Confissões de uma garota excluída diverte e ainda pode trazer reflexões. Leia a crítica
Tetê é uma adolescente como outra qualquer. Vivida por Klara Castanho, a protagonista do filme Confissões de uma garota excluída vive as dúvidas e os dramas (às vezes supervalorizados, a gente percebe quando cresce) típicos da conturbada idade. Dirigido por Bruno Garotti, o longa estreia nesta quarta-feira (22/9), na Netflix.
Chamada pelos colegas de Tetê do Cecê por suar demais quando fica nervosa, a menina deveria estar feliz com a mudança de escola. Mas as circunstâncias não são boas: o pai dela (Stepan Nercessian) perde o emprego e a família tem que se mudar para a casa dos avós de Tetê, papéis de Rosane Gofman e Acelmar Vieira. O problema é que, como diz o ditado, “gato escaldado tem medo de água fria”, e Tetê teme o que encontrará na nova escola. Novos bullyings poderão surgir ou o mesmo a zombaria poderá vir mais forte.
Ao chegar à nova escola, Tetê logo encontra apoio na ‘turma dos excluídos”, formada pelo nerd Davi (Gabriel Lima) e pelo homossexual Zeca (Marcus Bessa). Na classe, ela ainda vira alvo das populares Valentina (Júlia Gomes) e Laís (Fernanda Concon). Mas Tetê é diferenciada: ela não quer briga com as meninas, quer apenas paz.
Confissões de uma garota excluída acerta o tom na leveza
Um dos acertos de Confissões de uma garota excluída é que a ação não está totalmente concentrada no bullying e nas dores de Tetê ー a menina realmente tem um modo interessante de lidar com tudo isso. Embora sejam o eixo principal, as ofensas à protagonista dividem a cena com desejos, festas, descobertas, paqueras. Enfim, assuntos também inerentes ao universo adolescente.
Outro acerto é o núcleo familiar tanto de Tetê como de outros personagens, como o irmão e os avós de Davi e o pai de Zeca. Autora do livro que dá origem ao longa e corroteirista do filme, Thalita Rebouças faz uma participação especial hilária como uma das mães. Na casa de Tetê, o clima é instável. Ora, a menina e a avó se divertem na cozinha, ora a jovem é alvo de uma deliciosa (para o público, claro) espécie de bullying familiar. É nesses pontos que Confissões de uma garota excluída passa do puro entretenimento e abre espaço para um possível diálogo entre a família, que pode, sem sustos, sentar-se unida em frente à televisão.