A primeira semana de Novo mundo (2017) foi bem movimentada, com direito a assalto a navio e apresentação de personagens em ritmo acelerado. Por isso, era de se esperar o mesmo de Nos tempos do imperador, continuação da trama escrita pelos mesmos Alessandro Marson e Thereza Falcão. Mas não foi o que se viu. A primeira semana de Nos tempos do imperador foi lenta, com poucos conflitos. Nem mesmo a imponência de termos um Dom Pedro II (Selton Mello), personagem histórico interessantíssimo, ajudou.
Embalada por bela fotografia, a primeira semana de Nos tempos do imperador apresentou os principais personagens com poucas cenas de tirar o fôlego ー nem a ação, nem o lirismo prevaleceram. Salvou-se a invasão da fazenda do coronel Ambrósio (Roberto Bonfim): a sequência foi grandiosa e manteve o suspense até o desfecho, com o assassinato de Ambrósio. A ira do filho dele, Tonico (Alexandre Nero, um dos destaques do elenco), poderia desencadear um bom conflito com Jorge (Michel Gomes), mas, como Tonico não conhece o rapaz, isso acaba não acontecendo.
O principal conflito do fazendeiro passa a ser, então, com Pilar (Gabriela Medvedovski), jovem que fugiu às vésperas do casamento com ele para tentar ser a primeira médica brasileira. Mas essa trama também não decolou ainda ー pode ter até potencial se Gabriela achar a energia da personagem dela.
Dom Pedro II foi confrontado por Solano López (Roberto Birindelli) no que virá a ser a Guerra do Paraguai, mas meio que deu de ombros às ameaças do hermano. No âmbito pessoal, as discussões com a esposa, Teresa Cristina (Letícia Sabatella), foram logo apaziguadas, pois o casal também não tem explosão. Uma cena chamou a atenção: a do drama de Dom Pedro II e Teresa Cristina terem perdido dois filhos. A conversa deles sobre Afonso e Pedro terem virado estrelas emocionou.
Se Selton Mello não sai um decibel do tom que o consagrou para viver Dom Pedro II, o caminho fica aberto para coadjuvantes. Na corte, é Mariana Ximenes quem aproveita, mas como só ela tem energia, sua condessa de Barral corre o risco de soar over. Talvez quando o romance entre o imperador e a condessa começar isso se ajuste.
Por enquanto, nos resta torcer por Jorge e Pilar. Mas não dá. Gabriela provou que tem talento como a Keyla em Malhação: Viva a diferença e e As Five. Mas Pilar é um desafio e tanto: mesmo doce, ela tem que ter energia para enfrentar o pai, o homem a que foi prometida, a sociedade machista. E aí que a atriz vem escorregando. Aliás, os autores também deram uma derrapadinha na sequência em que Pilar extrai uma bala do braço de Jorge sem muita dificuldade.
A chegada de Tonico ao Rio de Janeiro deve dar uma movimentada na trama. Alexandre Nero está muito bem no papel e, como de costume, já está entre os destaques da novela.
Não é na corte e, sim, na Pequena África (atenção para esse núcleo!) e especialmente na taberna que estão os melhores momentos de Nos tempos do imperador. Dom Olu (Rogério Brito) e Cândida (Dani Ornellas) tiveram texto afiado e mostraram que vem pedrada no racismo atual dali. Já os personagens vindos de Novo mundo Licurgo (Guilherme Piva) e Germana (Vivianne Pasmanter) ganham a companhia de Quinzinho (Augusto Madeira) e Clemência (Dani Barros), num quarteto que esbanjou sintonia nesta semana.
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