Com Regina Duarte e títulos da concorrência, Globo faz uma bela homenagem aos 70 anos da novela

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Especial 70 anos esta noite emocionou fãs de novela e ainda trouxe reflexão sobre o gênero, que busca reinvenção

Antes mesmo de o especial 70 anos esta noite começar havia duas expectativas: como a Globo trataria sucessos de outras emissoras e se Regina Duarte estaria de alguma forma presente na homenagem ao 70º aniversário da telenovela brasileira.

Um dos mistérios foi desfeito quase no início. Depois de uma breve e linda apresentação de Lima Duarte, parte do elenco da primeira novela, cenas de várias produções foram enfileiradas. E lá estavam Pantanal (TV Manchete), Rebelde (Record), Carrossel (SBT), a cena épica da abertura do Mar Vermelho de Os dez mandamentos (Record). Mais adiante, Taís Araújo lembrou momentos da carreira e não deixou Xica da Silva (Manchete) de fora. Era impossível falar de telenovelas sem mostrar cenas dessas emissoras e mais da Tupi.

Assim como era impossível ignorar a importância e, nas décadas de 1970 e 1980, a onipresença de Regina Duarte. Se não era de bom tom para a emissora convidá-la para participar ativamente do especial, personagens tão bem defendidos por ela não poderiam perder a festa. E não perderam. Helena de Por amor, Maria do Carmo de A rainha da sucata e Raquel de Vale tudo se fizeram presentes.

Narrado por Jessica Ellen (nova queridinha da emissora, anotem), o especial era dividido em temas, como mães, heroínas, casais, vilãs, viagens. E para cada um deles encontros e reencontros deliciosos. Foi bom rever Betty Faria e Francisco Cuoco juntos, acompanhar a emoção de Antonio Fagundes e Tony Ramos ou se divertir com os papos entre as heroínas Taís Araújo, Giovanna Antonelli, Camila Pitanga e Nívea Maria e entre as vilãs Claudia Raia, Renata Sorrah, Patrícia Pillar, Adriana Esteves e Gloria Pires.

Muitas cenas foram mostradas e tramas relembradas. Mas houve ainda mais sabor nas histórias que não foram ao ar nos capítulos, como Fernanda Vasconcellos dizendo que a Nanda de Páginas da vida ficou mais tempo no ar do que o previsto ou Rodrigo Lombardi revelando que a sinopse de Caminhos das Índias matava Raj para que Maya (Juliana Paes) ficasse com Bahuan (Márcio Garcia). E Betty Faria elogiando a pegada de Cuoco, talvez nosso último grande galã clássico ainda vivo.

70 anos esta noite poderia ter sido um simples jogar confete sobre a aniversariante. Mas não foi só isso. Atores como Mateus Solano lembraram a importância da ficção para a vida real quando comentou o primeiro beijo gay nas novelas brasileiras, protagonizado por ele e Thiago Fragoso em Amor à vida: “Ali era a redenção. O beijo meio que eximiu um país assassino, que mata, homofóbico.”

A novela é feita de emoção. E o recurso usado pela direção de os atores verem em telões cenas marcantes da própria trajetória os pegou de surpresa. A emoção várias vezes transbordou para fora das telas. É como Fernanda Montenegro disse, no final, não dá para dissociar as novelas da nossa vida. Elas não terminam no último capítulo, deixam marcas na sociedade.

70 anos nesta noite pecou por deixar os autores das novelas de lado. Mesmo assim, merece ser visto no Viva na reprise de quarta-feira (22/12), às 18h30, ou revisto no Globoplay. Vale deixar a caixinha de lenços ao lado.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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