Bruce Gomlevsky é um dos destaques de Desalma e ainda interpreta personagens fortes em A divisão e em Impuros
As séries são uma paixão do ator Bruce Gomlevsky. Mas não é só como fã de The handmaid’s tale e Black mirror que ele curte esse tipo de atração. Como profissional, elas o perseguem. E ele acha bom! Atualmente, Bruce pode ser visto como um dos destaques de Desalma, na pele de Ivan, além de dar vida a Paulo, em A divisão, e a Santana, em Impuros. E tem mais: ele está em O anjo de Hamburgo, que teve as gravações interrompidas pela pandemia e pode ser transformada numa novela.
O Ivan tem duas características bem marcadas: a ancestralidade ucraniana, que dita o comportamento dele até hoje; e os gestos e hábitos sóbrios, fruto da segura direção de Carlos Manga Jr. na série.
“Ivan é filho de ucranianos, então, aprendi um pouco da língua, li e tive aulas sobre mitologia ucraniana, além de trabalhar o sotaque do personagem, que é bem diferente do meu. E ele é um homem do campo, dono de um matadouro de porcos, vivendo uma realidade bem diferente da minha vida na metrópole”, conta Bruce, em entrevista ao Correio.
Sobre a direção, o ator comemorou a opção do diretor por “admirar e buscar este tipo de interpretação mais contida nos filmes que admiro e estudo. Acho fantástico um trabalho optar pela sobriedade na interpretação dos atores, pois tudo fica mais sofisticado”. Animado com o novo trabalho, Bruce, com razão, completa: “Desalma não deve nada a nenhuma produção internacional deste segmento”.
Mesmo com tantas séries, Bruce não abre mão do teatro. À frente da Cia Teatro Esplendor, pretende voltar com o espetáculo Um tartufo. Num projeto solo, os planos são montar o clássico Hamlet, de Shakespeare. Agora, ele voltou a interpretar Renato Russo em Renato Russo, a peça, que faz desde 2006. “É sempre um tour de force. O espetáculo me exige muito fisicamente, vocalmente, emocionalmente, então é sempre um ótimo desafio. E, apesar de ser um musical, tem clima de show, o público canta junto, então a energia sempre se renova”, afirma o ator que já esteve algumas vezes em Brasília com o espetáculo.
Entrevista // Bruce Gomlevsky
A direção de Desalma optou por uma interpretação mais contida, sóbria até. Para você, que vem do teatro, isso é uma dificuldade a mais?
Não considero uma dificuldade a mais porque venho fazendo muito cinema e algumas séries recentemente, além de admirar e buscar este tipo de interpretação mais contida nos filmes que admiro e estudo. Acho fantástico um trabalho optar pela sobriedade na interpretação dos atores, pois tudo fica mais sofisticado.
Desalma é uma produção do gênero de terror/ suspense, em que o audiovisual brasileiro vem se arriscando com frequência. Como você vê esse crescimento do gênero?
Acho interessante, pois existe um público imenso para este gênero. E, na minha opinião, Desalma não deve nada a nenhuma produção internacional deste segmento. Estamos fazendo o que há de melhor no mundo.
O Ivan é muito fiel às tradições nórdicas. Como você se preparou para esse lado do personagem?
Ivan é filho de ucranianos, então aprendi um pouco da língua, li e tive aulas sobre mitologia ucraniana, além de trabalhar o sotaque do personagem, que é bem diferente do meu. E ele é um homem do campo, dono de um matadouro de porcos, vivendo uma realidade bem diferente da minha vida na metrópole.
Você voltou aos palcos em outubro, com mais uma temporada em que vive o cantor Renato Russo, personagem que o acompanha há muito tempo. Interpretá-lo mais uma vez é uma zona de conforto? Como fazer diferente?
Não é uma zona de conforto porque é sempre um “tour de force”. O espetáculo me exige muito fisicamente, vocalmente, emocionalmente, então é sempre um ótimo desafio. E, apesar de ser um musical, tem clima de show, o público canta junto, então a energia sempre se renova.
Tanto em A divisão como em Impuros você vive policiais. Tem como comparar Paulo e Santana?
Paulo é um cara politizado, de esquerda, preocupado com a situação sócio-política que o cerca. Tem uma visão lúcida do sistema e não se corrompe. Santana é um policial ambíguo, não posso dizer que é incorruptível, ele joga o jogo do sistema.
Você está em três séries lançadas recentemente – Desalma, Impuros e A divisão. O formato te escolheu ou foi o contrário?
Eu amo séries. Fico feliz de estar trabalhando tanto em tantas obras interessantes. Agradeço por ter o privilégio de ter estes convites fantásticos.
É mais fácil conciliar teatro e uma série do que teatro e uma novela? Isso pesou de alguma forma em suas escolhas?
Como sou workaholic, estou sempre conciliando tudo, teatro, cinema e TV. Dá trabalho conciliar, mas é mais forte do que eu. Não consigo parar de fazer teatro, então os trabalhos sempre se sobrepõem.
Você estará em O anjo de Hamburgo, minissérie que poderá virar novela. O que pode adiantar sobre o projeto?
É um lindo projeto com o qual me identifico com o tema, pois tenho família que foi perseguida e morreu na Segunda Guerra Mundial em consequência do nazismo. Além de ser uma série toda falada em inglês, o que é um ótimo desafio para mim como ator.
E no teatro? Quais serão seus próximos passos?
Tenho alguns projetos com a minha Cia Teatro Esplendor como, por exemplo, voltar com o espetáculo Um tartufo e viajar com ele pelo Brasil. E tenho o projeto de fazer Hamlet como ator.