Brasiliense Hugo Carvalho está no elenco de Gênesis, da Record

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Ator candango Hugo Carvalho conversou com o Próximo Capítulo sobre a carreira. Confira!

O ator brasiliense Hugo Carvalho representa a capital há alguns nas produções televisivas. Fora de Brasília — onde se iniciou no teatro — desde 2012, ele se dedica a projetos de âmbito nacional, como as novelas. Neste ano, ele deve voltar a ser visto na telinha quando Gênesis estrear na Record. A novela teve de passar por mudanças por conta da pandemia do novo coronavírus.

Esse é o terceiro folhetim do candango na emissora. A primeira experiência foi em 2014 em Milagres de Jesus, quando fez uma participação. Depois viveu o primeiro vilão da carreira, Glauber, em Topíssima. Agora, está no elenco de Gênesis, como o personagem Pelegue: “Ele conta a história da construção da Torre de Babel, a terceira fase da novela. Pelegue faz parte do núcleo dos caçadores, é o mais novo entre eles e ainda não pode sair para caçar. Se espelha muito em Ninrode (Pablo Morais) o melhor caçador e idealizador da torre, protagonista da fase. É uma honra contracenar com Giuseppe Oristanio, Daniel Dalcin, Saulo Rodrigues, Marcelo Gonçalves, estou aprendendo muito”.

De acordo com Hugo, antes da paralisação das gravações, a novela já tinha algumas partes gravadas, como a primeira sobre Adão e Eva e a segunda sobre Noé. Já da terceira, da qual ele faz parte, cerca de 25% do conteúdo estão prontos. “O dia da volta depende muito do andamento da pandemia, mas acredito que quando acontecer deverá ser com equipe reduzida e de forma gradual”, revela. Encontros on-line para preparação já estão acontecendo.

Hugo Carvalho poderá ser visto no filme Pra onde levam as ondas, em que vive o protagonista Virgil, um fotógrafo voyer e agente funerário. A obra foi feita para o circuito de festivais da Europa e dos Estados Unidos. “Fazer o Virgil foi muito delicado, assisti umas três vezes ao filme O pianista pra usar como laboratório”, recorda-se.

Entrevista // Hugo Carvalho

Como teve início a sua carreira como ator?
Foi em 2008, na escola, sem querer. (risos). Estudei 11 anos na mesma escola e no final do terceiro ano pensei “esse é meu ultimo ano aqui… vou fazer valer a pena.” A escola oferecia aula de violão, dança e teatro. Fui empolgado pra aula de violão, mas acabei não gostando. Aí, entre as opções, tinha dança ou teatro, e foi ai onde tudo começou. Lembro bastante quando cheguei na primeira aula, tinha bastante gente e todos bastante empolgados. Quem dava aula era o Nando da Cia Teatral Néia e Nando. Mas com o tempo o número de pessoas foram diminuindo, principalmente
os meninos. Acredito que seja pelos comentários, que sempre existiu. O preconceito diminuiu bastante, mas até hoje, na maioria das salas de aula de teatro, o número de homens é menor. Ao final das aulas éramos nove e só eu de homem. Nesse ano a gente fez a peça no teatro da escola parque 307/308 Sul. Sabe quando você nunca fez algo
mas se sente tão a vontade naquele lugar? Foi muito gostoso estar em cima do palco. Ao final da peça um rapaz veio até mim e disse: “ Estou abrindo uma cia de teatro, você não quer entrar?” Eu respondi: “Não. Não penso em fazer isso pra minha vida.” E ele insistiu: “Aparece lá um dia, se você gostar você fica mais.” Eis que fiquei na companhia de teatro 2tempoS por quatro anos, até 2012, ano que fui pro Rio (de Janeiro). Esse rapaz se chama Rafael Salmona, somos amigos até hoje e ele trabalha como escritor, produtor e diretor de teatro em São Paulo.

Como foi a sua trajetória no teatro em Brasília?
Em Brasília fiz muito teatro. Na 2tempoS a gente fazia duas peças por ano, fora o teatro escola. Era muito gostoso, o Rafael escrevia e todo mundo fazia de tudo: figurino, cenário… Fiz alguns comerciais aqui também. Estar na Companhia foi muito importante pro meu crescimento como ator, foram quatro anos de muitas alegrias e muito trabalho também! A ultima peça que eu fiz aqui, pela Cia, foi Amatores a Comédia dirigido pelo Abaetê Queiroz. O Bernardo Felinto produziu uma peça no teatro Sesc Garagem, mas ai eu já morava Rio de Janeiro.

O que te motivou a se mudar? Ainda mora fora de Brasília?
A gente que trabalha com teatro sonha em ir pra São Paulo ou pro Rio de Janeiro pra viver disso. Nesses quatro anos na Companhia lembro que ganhei R$ 50 em uma apresentação em Goiânia. (risos) Em 2012 surgiu a oportunidade da gente apresentar no teatro Vanucci, no shopping da Gávea, no Rio de Janeiro. Olha como são as coisas: terminei a faculdade exatamente em 2012 e, quando surgiu essa oportunidade de ir pro Rio, não pensei duas vezes. Chegar no Rio foi um recomeço, não foi fácil, mas fui muito bem recebido e é um lugar que possui mais campos de trabalho: teatro, tevê, cinema, publicidade… Sim, moro há 8 anos no Rio e sempre trabalhando como ator. Viver de arte no Brasil
nunca foi fácil mas com muita luta e coragem da certo. Infelizmente agora com a covid-19 e com o governo atual as projeções não são muito boas. Mas a arte sempre se reinventou e sobreviveu. Vamos vencer essa!

Você está no filme Pra onde levam as ondas. Como surgiu a oportunidade de fazer parte do elenco e de ser o protagonista?
Eu conheci o Dan Albuk, o diretor do filme, em 2015, num anúncio pela internet. Ele tava procurando atores pro seu primeiro curta e fui lá fazer o teste. Passei e o filme que a gente tava gravando nunca saiu, mas amizade e parceria ficaram. Quando ele me ligou dizendo do longa e que seria um protagonista fiquei muito feliz e curioso pra ler. Na primeira leitura com todo o elenco a gente viu que seria um filme bem bonito e diferente do que a gente já tinha visto no Brasil. Fazer o Virgil foi muito delicado, assisti umas três vezes o filme O pianista pra usar como laboratório. O filme conta a história do Virgil, um fotógrafo voyeur, um introspectivo agente funerário e avista sua próxima modelo: Éden (Paulla Carniell), uma jovem musicista em começo de carreira. Das lentes para uma obsessão, Virgil vai enfrentar antigos demônios para que consiga Éden não só em suas fotos. O Dan além de Dirigir, escreveu e produziu! Tudo com pouca grana mas a vontade e o amor a profissão faz acontecer. Quem estiver curioso é só ir no meu instagram @euhugocarvalho. Lá tem o cartaz e o trailer! Vou adorar receber vocês lá.

Além desses dois projetos, tem mais algum pra 2020?
Pós-novela estava planejando começar um novo projeto no teatro. Eu, Daniel Dalcin, Caio Menck e a Eline Porto estávamos já pensando em algo. Mas agora sem previsão. Também tenho dois projetos pessoas, um monólogo pro teatro e dirigir um curta-metragem que escrevi. Curioso pra saber que cara teria um filho meu. (risos)

Como você enxerga o futuro do audiovisual em geral no mundo pós-pandemia?
Acho que pra nossa profissão 2020 tá muito complicado. Além do pouco incentivo do governo a gente deve ser uma das últimas áreas a voltar a trabalhar pós-pandemia. Teatros, cinemas… não devem ser uma opção tão imediata de lazer do público, além de ter a capacidade reduzida. Nós artistas somos trabalhadores autônomos, a grande
maioria só recebe se trabalhar, não existe home office ou férias remuneradas. É torcer pros projetos voltarem a serem executados: gravações de longa, novelas, publicidade, ensaios de peças. O que já era uma luta diária agora ficou bem mais difícil. Mas existe sim uma luz no fim do túnel, a gente vai se reinventar e voltar com força total. A arte, em geral, não é uma primeira opção no mundo contemporâneo, onde as pessoas estão preocupadas em ganhar mais dinheiro em menos tempo, mas essa quarentena nos mostrou que as séries, os filmes, as músicas ajudaram e muito no isolamento, imagina se não tivéssemos a arte pra nos ajudar nesse momento? Todos nós precisamos de
arte, um filme pra rir pós dia de trabalho pesado, uma música pra animar seu dia, um quadro pra deixar sua sala menos branca… Portanto vamos valorizar os artistas porque sem eles a sociedade seria caótica e monótona.

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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