Black is king, filme musical de Beyoncé no Disney+, evoca a beleza negra

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Lançado no Disney+ na última sexta-feira (31/7), Black is king se inspira em O rei leão para retratar a negritude sob perspectiva do belo e do conceito do afrofuturismo

Os estereótipos costumam dominar produções ligadas à negritude. Em Black is king, filme musical dirigido e escrito por Beyoncé (ao lado de vários outros colaboradores), a cantora faz essa quebra. Não há dor, sofrimento e retratação de uma escravidão para falar do povo preto. No longa-metragem, os negros são protagonistas da própria história e são a verdadeira representação da beleza, característica negada à população negra em um mundo de racismo estrutural.

Tudo isso está na história, nas letras, no figurino, nas cores escolhidas e no discurso de Black is king. Em certo momento um dos narradores, ao lado de Beyoncé, deixa isso explícito ao dizer: “Mostramos que negros são emotivos, fortes, espertos, intuitivos. Nós sempre fomos maravilhosos. Nos vejo refletidos nas coisas mais sublimes do mundo. O negro é rei. Éramos beleza antes que soubessem o que era beleza”.

Para fazer isso, Beyoncé se inspira na história de O rei leão. Black is king retrata a trajetória de Nala, vivida por ela mesma, e de Simba, um príncipe que, depois se torna rei, mas precisa buscar a ancestralidade e a conexão com as raízes para, enfim, se empoderar. Diferentemente da obra clássica da Disney, que ganhou uma nova versão em live-action recentemente, a narrativa é contada do ponto de vista feminino: é Nala quem ajuda Simba nessa jornada.

Ao evocar a ancestralidade, a história poderia ficar presa no passado, outro problema frequente em obras sobre a negritude. Porém, Beyoncé busca no conceito do afrofuturismo, uma estética cultural e filosófica que combina elementos da diáspora africana com a ficção científica, fazendo uma conexão da população negra com o futuro. Por isso, há tantas referências a orixás, a dialetos africanos e símbolos do passado africano. No entanto, o negro não está preso ao passado. Há elementos que o coloca lado a lado com o presente e o futuro.

Crédito: Disney+/Reprodução

Essa característica também está no discurso do narrador e na história de Simba: “No final, eu não sei qual é a minha língua materna e se eu não posso me expressar, não posso pensar. E se não posso pensar, não posso ser eu mesmo. Se eu não posso ser eu mesmo, nunca me conheço”. É preciso se entender, para, então, retomar a voz da própria história.

Black is king é um filme diferente. Não há diálogos clássicos. Mas tudo é unificado na música, na dança, no figurino, no cenário e nas expressões, de forma a ficarem conectados para criar uma narrativa de fato. Esse mérito não é só de Beyoncé. Afinal, não se faz nada sozinho e ela deixa isso claro no longa-metragem ao se rodear de outras personalidades, tanto em frente à tela, quanto por trás.

A fotografia de Black is king é sensacional e impecável. Há um cuidado nos detalhes e na escolha das cores. Tudo ali faz questão de ser belo e glamoroso. Não por acaso, mas porque esses territórios costumam ser negados aos negros. Musicalmente, não há o que se dizer. Beyoncé se supera de novo e entrega canções unificadas que bebem de diferentes fontes e em que celebra também outros artistas.

Fora tudo isso, o filme tem o mérito de ser uma produção Disney, estúdio que por muitos anos renegou a diversidade. Isso dá ainda mais força para Black is king.

Assista ao trailer de Black is king

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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