Atriz Bárbara Reis define Susana, de Jesus, como uma feminista bíblica e fala sobre os 15 anos de carreira. Leia a entrevista!
A atriz Bárbara Reis está sempre pronta para a briga, seja como a gladiadora Susana da novela Jesus, da Record, seja fora das telas, combativa pela igualdade entre os gêneros.
“Susana usou toda a sua força feminina, foco e determinação para ganhar as lutas que lhe trouxeram proventos para que ela comprasse a liberdade. Ela é uma feminista e ser livre é o que ela mais preza, livre para ir e vir, livre para falar de igual pra igual, livre para tomar a frente e decisões”, define Bárbara, em entrevista ao Próximo Capítulo.
Bárbara ressalta que a luta das mulheres continua e comemora a presença do assunto nas novelas. “Esse tem que ser sempre um assunto a ser abordado em qualquer obra de ficção para as mulheres não verem uma piadinha ou uma brincadeira como algo normal. Não é normal! Estamos cansadas de brincadeirinhas. Queremos respeito”, brada.
Mas Bárbara não passa só por esse momento aguerrido. Ela passa pela calma trazida a ela pela espiritualidade. “Estamos enfrentando um momento de transição muito difícil, em que muitas pessoas estão saindo do armário com suas maldades e pensamentos retrógrados. Como sou muito ligada à espiritualidade, creio que o que está acontecendo foi permitido pelo astral para um processo de limpeza e mudança. No final, todos nós iremos participar de uma grande mudança de consciência coletiva”, deseja a atriz, que comemora este ano 15 anos de carreira.
Na entrevista a seguir, Bárbara ainda fala sobre teatro, outros trabalhos na televisão e política. Confira!
Leia a entrevista com Bárbara Reis!
A Suzana, de Jesus, é mulher gladiadora que usa o dinheiro das batalhas para ser livre. Você diria que ela é uma feminista bíblica?
Na verdade, ela usou toda a sua força feminina , foco e determinação para ganhar as lutas que lhe trouxeram proventos para que ela comprasse a liberdade. Sim, ela é uma feminista, e ser livre é o que ela mais preza, livre para ir e vir, livre para falar de igual pra igual, livre para tomar a frente e decisões!
De uma certa forma, a Dorinha de Velho Chico também falava sobre a condição feminina, sendo explorada pelo patrão. A presença maior desse assunto em obras de ficção pode ajudar na luta das mulheres contra os abusos?
Sim, mas na verdade havia uma diferença. A Doninha era submissa e representava mesmo a mulher de mãos atadas com as condições de trabalho, pois sem aquele trabalho ela não teria casa, nem comida. Além disso, houve um momento em que ficou claro o interesse do patrão por ela no primeiro capítulo da novela. Esse tem que ser sempre um assunto a ser abordado em qualquer obra de ficção para as mulheres não verem uma piadinha ou uma brincadeira como algo normal. Não é normal! Estamos cansadas de brincadeirinhas. Queremos respeito.
Como é atuar em uma trama bíblica?
Estou adorando. É sempre uma oportunidade de aprender novas coisas e entrar em assuntos que talvez fugissem ao nosso interesse principal. Sem falar que tem ajudado bastante na minha espiritualidade.
Você chegou a gravar em Marrocos. Como foi essa experiência?
Foi surpreendente! É sempre uma delícia poder viajar a trabalho. Quando soube que seria para o Marrocos, eu fiquei a mil! Não teria por agora o interesse de viajar a um país tão diferente. Foi um grande presente .
E para as cenas de luta, houve alguma preparação especial?
Quinzenalmente, tenho aulas de luta, com espada, com adaga pra sempre estar em dia, para quando a direção solicitar alguma cena que precise da habilidade!
Você comemora 15 anos de carreira. Que balanço pode fazer da sua trajetória nas telas e nos palcos?
Percebi que todas as coisas que vivi até aqui foram orquestradamente preparadas para que eu estivesse pronta. Ainda estou caminhando e subindo degraus. Me vejo ganhando amadurecimento diariamente e esse amadurecer profissional não tem preço.
Mais da metade da sua vida foi como atriz. Como foi literalmente crescer trabalhando?
Um privilégio, pois é muito bom fazer aquilo que você ama, se ver realizando isso em vida! E isso só foi possível graças ao apoio dos meus pais e pelas pessoas legais que encontrei durante o caminho, pessoas que acreditaram no meu trabalho.
Em Os dias eram assim, seu trabalho tinha uma ligação muito forte com a política e com o Brasil atual. Como você vê nosso cenário hoje? É muito diferente do enfrentado pela Cátia?
Estamos enfrentando um momento de transição muito difícil, onde muitas pessoas estão saindo do armário com suas maldades e pensamentos retrógrados. Como sou muito ligada à espiritualidade, creio que o que está acontecendo foi permitido pelo astral para um processo de limpeza e mudança. No final, todos nós iremos participar de uma grande mudança de consciência coletiva.
A Cátia era uma jovem bem engajada politicamente. O jovem brasileiro de hoje carece de exemplos em casa para ser engajado? Ou você acha que essa geração é participativa como aquela foi?
Hoje em dia, a internet tem sido mesmo o grande incentivador desse engajamento. É um ambiente livre em que as pessoas vão atrás da informação. Mas acho que a maioria se deixa levar pelas falsas informações e não aprofundam realmente o que é a verdade. Acho perigoso! Com certeza a informação quando vem de diálogo dentro de casa, você consegue compartilhar opinião, ouvir o outro, respeitar opinião diferente da sua. Na internet é um ambiente muito bélico!
Em Impuros, você pode ser vista numa trama contemporânea, com várias cenas de violência. Como é para uma atriz poder estar no ar ao mesmo tempo com personagens tão diferentes?
Eu acho que esse é um dos o grandes presentes para o ator: ter a oportunidade de fazer coisas diferentes, fora dos mesmos estereótipos.
A série é dirigida pelo brasiliense René Sampaio. Como é o René no set?
Foi uma troca bacana de mão dupla, vi muita generosidade. Na ocasião, estava num pós-operatório e René modificou uma cena pra que ela fosse feita da melhor forma possível! Me senti especial!
Que lições você tira de personagens como as que viveu em Os dias eram assim e Impuros?
Ter a oportunidade de chegar perto de uma realidade que eu não vivenciei: uma mulher em plena ditadura e uma jovem grávida da periferia. Que todos somos iguais, os medos existem, mas com pesos e medidas diferentes.
Sua carreira no teatro inclui clássicos mundiais como A tempestade e Os miseráveis. É no palco que se sente mais à vontade?
Eu adoro fazer teatro. É realmente onde me sinto uma atriz criadora, construtora. É muito difícil fazer a mesma coisa de quinta a domingo! O teatro ensina a ter compromisso. Mas na televisão ou no cinema, tudo se torna mais natural, mais dia a dia.