O cotidiano de jovens estudantes em uma escola de ensino médio da alta sociedade. De certa forma, a premissa de Elite e Baby, ambas produções originais da Netflix da Espanha e da Itália, respectivamente, são quase idênticas. O que as diferencia é o tom mais sensível, realista e trágico de Baby, frente ao tom mais dramalhão e novelesco de Elite.
Mesmo o enredo de Baby não apresentando um misterioso assassinato – como faz Elite –, a linha trágica da produção italiana é mais acentuada do que a da série espanhola, especialmente pelos problemas mais “pesados” que os jovens têm de enfrentar, como prostituição, tráfico de drogas, exposição em redes sociais e parentes irresponsáveis.
A trama de Baby apresenta vários núcleos: o principal deles é o de Chiara (Benedetta Porcaroli) e Ludovica (Alice Pagani). As jovens de 15 e 16 anos, respectivamente, engatam uma amizade improvável, já que Chiara é a garota mais “certinha” da escola e Ludo é mais “rebelde”. Independentemente da personalidade, as duas garotas encontram uma na outra o porto seguro para os problemas pessoais que as consomem diariamente.
Chiara tem de lidar com o relacionamento falido dos pais, o romance frustrado com Niccolò (Lorenzo Zurzolo), irmão da melhor amiga, Camilla (Chabeli Sastre), e com o completo desinteresse pela escola e qualquer perspectiva de futuro.
Ludo, por sua vez, é a pária do colégio, já que teve um vídeo intimo vazado e tem de lidar com a mãe irresponsável, que não consegue pagar a mensalidade da escola.
Juntas, as novas melhores amigas têm coragem para simplesmente esquecer os problemas pessoais e mergulhar no mundo dos adultos, regado a muita festa, álcool, drogas e sexo com homens mais velhos — tudo à procura de espaço e liberdade.
Nessa “nova vida”, Chiara e Ludo, entretanto, caíram nas garras do perigoso Saverio (Paolo Calabresi), cafetão, que tem como plano usar as duas garotas no latente mercado de prostituição romano.
Seguem como tramas secundárias uma infinidade de outras histórias. Vale destacar a chegada de Damiano (Riccardo Mandolini) à nova escola e a paixão avassaladora que sente por Chiara, mesmo se envolvendo com Camilla antes. O jovem está perdido depois da morte da mãe e também acaba caindo nas garras de Saverio.
Niccolò supera o affair com Chiara logo após o terceiro episódio e já engata outro romance, com Elsa (Galatea Ranzi), professora de Educação Física do colégio e madrasta de Damiano.
Outro núcleo importante na história são os pais. Pessoas completamente sem a mínima noção de como criar os filhos, que se preocupam exclusivamente com o status social e não conseguem manter qualquer contato saudável com os adolescentes fazem parte de uma afinada critica social que a série empreende ao longo dos seis episódios.
Atualmente é impossível representar a faixa etária jovem sem as redes sociais como elemento e Baby faz isso brilhantemente. As telas dos celulares roubam as cenas e os rostos dos personagens, e entre as rolagens que levam minutos, a produção joga na cara do público — quase literalmente — o quanto as redes sociais podem ser danosas, e em alguns momentos, simplesmente tristes.
Antes de uma capital conservadora e religiosa como costumamos imaginar, a Roma de Baby é suja, festiva, sufocante – especialmente para Chiara – e tempestuosa. Assim como o estado de espírito da maioria daqueles personagens que a fazem.
Antes da estreia, Baby causou certo burburinho por conta das acusações de algumas instituições (como o Centro Nacional de Exploração Sexual dos Estados Unidos, que liberou uma nota de repudio oficial contra a série ainda no começo do ano) relacionada ao mundo da prostituição “glamourizada” para as jovens.
Após acompanhar os seis episódios percebe-se que tais acusações são, no mínimo, exageradas. O mundo da prostituição de Chiara e Ludovica é muito mais uma aventura – resolvida de forma relativamente simplista –, que as garotas gostam.
O gênero das séries teen faz parte uma fatia importante do mercado de entretenimento. Entretanto, uma chance de representação em relação as dificuldades da idade por questão de escolhas, valores morais e o duro e complexo processo de se transformar em um adulto frequentemente é engolido por um enredo sensacionalista que se resume a retratar os jovens como problemáticos, bagunceiros e “revolucionários sem causa”. Um erro que Baby não consegue ultrapassar.
A série não é ruim, e apresenta um divertimento sucinto, entretanto, a grande impressão que Baby deixa é a de ser uma produção que não ultrapassou muitos passos além do que o público está tão acostumado em uma produção teen. Os clichês de relacionamentos apaixonantes contra o mundo, a clássica relação entre aluno e professora, a rebeldia “insensata”, os diálogos que apontam os jovens como os “grandes salvadores do mundo” fazem parte da grande e limitada marca Baby.
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