Por Pedro Ibarra
Uma das produções brasileiras mais diferentes dos últimos tempos estreou na HBO Max na semana passada, já chamando a atenção. B.A. O futuro está morto chega ao streaming com uma distopia que envolve críticas políticas, sociais e a esperança de um futuro melhor e que foca na juventude para mostrar que há algo de errado no mundo, mas ainda dá tempo de mudar.
A história mostra um Brasil em um futuro em que a Amazônia foi privatizada e os maiores de 18 anos se tornaram pessoas monocromáticas e tristes. Nesse contexto, apenas os adolescentes têm cores e acabam desenvolvendo habilidades especiais, superpoderes que são chamados de Dons. De super força. a escutar a quilômetros de distância, eles usam estas capacidades para criar uma comunidade revolucionária. O mais interessante é que esses poderes são transmitidos pelo beijo.
O espectador acompanha Ariel (Benjamín), um menino de 14 anos que acaba de descobrir que terá superpoderes e precisa se juntar a comunidade que tem o Palhaço (Shaolin Shabba) como líder e Linlin (Giulia Del Bel) como figura de destaque. O problema é que ele entra no meio de um vórtex, visto que estes adolescentes estão sendo perseguidos e assassinados.
A história é baseada no quadrinho Beijo Adolescente de Raphael Coutinho e foi criada por Mariana Youssef e Peppe Siffredi. “Foi uma lição de vida, nunca tinha participado de algo assim, visto uma apropriação de algo que eu criei virar algo muito maior. Eles deram uma nova dimensão para o projeto todo”, afirma o autor das HQs que elogia o trabalho da equipe. “Esse não é um grupo qualquer, é uma equipe muito ambiciosa. que dentro das possibilidades que tinha, jogou o mais alto que podia, sonhou o mais forte e mais intenso”, afirma.
O trabalho de adaptação chega a impressionar. A série sabe usar muito bem as cores e texturas nas emoções das personagens de forma a transmitir com maestria a ideia do quadrinho. “É uma série super lúdica. Quando lemos o quadrinho a gente se questionou muito como iríamos trazer isso para o audiovisual”, lembra Giulia Del Bel. “O mais importante foi essa junção de artistas criativos, para muito além do elenco, não teve uma pessoa envolvida na produção que não saiu da caixinha para pensar como criar isso”, exalta.
O resultado foi realmente algo muito distinto da produção brasileira como um todo.” Faz parte da nossa vontade fazer coisas diferentes. Sempre objetivamos um certo gosto pelo poético e pelo fantástico. A busca pelo diferente é uma das grandes graças do audiovisual, mostrar para as pessoas algo que elas nunca viram, não podem ver”, conta Peppe Siffredi.
Um dos pontos de destaque da história está na mistura de crítica e esperança tudo isso pensado para um público muito jovem. “Esta é uma série infanto-juvenil , mas tem essas mensagens que são muito bem entendidas pelo público mais velho. A gente acredita que as questões políticas e jovens do B.A. servem como uma forma lúdica de dar alertas e de fazer reflexões de que vem por aí uma geração que tem o poder, não necessariamente os dons que mostramos na tela, mas o amor e a garra de mudar as coisas e se juntar”, explica Karol Lannes, que interpreta uma das lideranças da comunidade jovem. “É na união que conseguiremos mudar o mundo”, completa.
“O B.A. é diferente de outras histórias de adolescentes porque tem um caráter político muito maior. Tudo que estamos falando na série é muito importante. Um produto com profundidade para jovens”, destaca o protagonista Benjamín. “É uma reflexão que vale não só para os adolescentes, mas para todo mundo que assistir. O fato dela ser brasileira faz com que a distopia não pareça tão distante assim. A série traz várias reflexões sobre o sistema que a gente vive e quem são as pessoas que tem poder nele”, conclui.
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