Atriz Anaju Dorigon está no ar como a Jade de Malhação: Sonhos e também investe na carreira de estilista da marca La Femme 368
A criação é o motor da atriz Anaju Dorigon. Como intérprete, ela esteve em três novelas de 2017 a 2019 (Belaventura, Orgulho e paixão e Órfãos da terra). Atualmente, pode ser vista como Jade na reprise de Malhação: Sonhos (2014), primeiro trabalho dela na televisão. Paralelamente, comanda a grife La Femme 368, da qual é a estilista.
“Quando se trata do universo de criação, sempre teremos um processo enriquecedor e estimulante, seja na área que for. Tem sido muito interessante trabalhar esses dois mundos que, por muitas vezes, se complementam”, afirma, em entrevista ao Correio.
Anaju trabalha na criação da segunda coleção da marca de e-commerce e espera voltar logo às novelas: “A experiência de emendar novelas foi realmente muito preciosa para mim. E não vejo a hora de voltar a contar histórias”. Na entrevista a seguir, ela fala sobre esses dois mundos em que se divide: a atuação e a moda.
Entrevista // Anaju Dorigon
A Jade foi seu primeiro papel na televisão. Agora, Malhação: Sonhos está sendo reprisada. O que daquela Anaju ainda está na Anaju de agora?
Nossa, que pergunta difícil! (risos) É a primeira vez que um trabalho meu é reprisado, e assisti-lo depois de tanto tempo é quase como assistir ao trabalho de outra pessoa! Foram- se sete anos e minha vida se transformou, em inúmeros aspectos. Acredito que a paixão pelo ofício do ator, a determinação e a paixão por trabalhar seguem presentes!
De 2017 a 2019 você fez três novelas. Essa exposição atrapalha o trabalho de composição do ator, que acaba sendo curto?
Acho que possui lados positivos e negativos. Em um aspecto, é mais delicado mesmo realizar essa transição e compor personagens em curto espaço de tempo; em outro aspecto, é como se a “máquina” estivesse ligada e você aproveita o ritmo. Muito do ator envolve o trabalho de emoções, sentimentos e criações, e este é um canal que deve estar sempre em funcionamento. Você canaliza e se conecta com histórias diferentes, mas este canal já está aquecido. A experiência de emendar novelas foi realmente muito preciosa para mim. E não vejo a hora de voltar a contar histórias.
Como a estilista Anaju contribui para a carreira de atriz? E a relação inversa, como se dá?
Acredito que, quando se trata do universo de criação, sempre teremos um processo enriquecedor e estimulante, seja na área que for. Tem sido muito interessante trabalhar esses dois mundos que, por muitas vezes, se complementam. Estar aberta a percepções, construir universos, canalizar sentimentos e contar histórias são processos que fazem parte de ambos os trabalhos. De um lado, vivo histórias de personas; de outro, exerço minha leitura e percepção. É algo realmente muito mágico, processos que nos preenchem e com os quais amo aprender.
O que te inspira enquanto estilista?
Nossa, pode ser tanto! Quando falamos de criação, estamos abertos a receber inspirações e pontos de vista a todo instante. Ter bem definidos os pilares da marca, como elegância, atemporalidade e um toque de sensualidade, auxiliam muito nesse processo de manter um certo norte. Nessa primeira coleção, The golden age collection, trabalhamos com peças inspiradas no estilo das atrizes da Era de Ouro de Hollywood. Cada peça recebe o nome da artista da inspiração. Foi um universo muito delicioso de explorar. Já a próxima coleção conta uma história e tem uma inspiração completamente diferente.
Como veio a ideia de criar a La Femme 368?
Era um desejo que tinha desde pequena. Eu me lembro que, por volta dos 9 anos, andava com um caderno debaixo do braço, em que eu vivia desenhando vestidos. O desejo de empreender sempre foi latente em mim e em minha história. Vejo que era apenas uma questão de tempo para que eu entendesse qual seria a melhor forma de alinhar isso. Sinto que, conforme o tempo foi passando, fui amadurecendo, me transformando, e a ideia da empresa foi amadurecendo e se transformando. Quando eu compreendi a experiência que eu realmente queria entregar, entendi que era o momento de dar o primeiro passo nesta nova jornada.
A La Femme 368 já era uma marca de e-commerce ou foi uma opção tomada por conta da pandemia?
Minha ideia sempre foi começar pelo e-commerce. É uma plataforma e tipo de negócio no qual acredito muito e entendo a minha proximidade com o universo digital. Naturalmente, acredito muito na organicidade das empresas e, se a melhor decisão em alguns anos for levar às lojas físicas também, não vejo problema algum em inserir este modelo dentro da marca. Para mim, o mais importante é que a nossa cliente tenha uma experiência especial e se sinta ainda mais maravilhosa quando vestir uma de nossas peças.
A moda parece um pouco presa a tendências, de cores, estilo, cortes… Como quebrá-las para se destacar e, ao mesmo tempo, não fugir muito do que está sendo procurado?
Acho essa faceta da moda extremamente interessante. Todo o setor de análise e estudo de tendência é realmente valioso, assim como todo processo de criação. Muito dele influencia, e muito dele é influenciado. É também um reflexo dos costumes e da sociedade atual. Acredito que este movimento ficou ainda mais evidente durante este período de pandemia e nos desfiles da Semana de Moda na Europa, por exemplo: a influência do período atual nas escolhas e criações de temas, aviamentos, cortes e designs. Pessoalmente, eu acredito que moda é arte, é história e é quem você decide ser! Acho interessante brincar com elementos que estejam “in” e inseri-los na autêntica leitura de estilo. Para mim, o mais incrível é você sentir-se bem e representada na roupa que veste. Sabe aquela sensação de se olhar no espelho e reconhecer-se ainda mais linda? Para mim, isso é o mais importante!
A La Femme também tem uma pegada sustentável. Pode falar um pouco sobre isso?
Claro! Esse projeto é um setor da marca sobre o qual, confesso, sinto muito orgulho. Praticamos a neutralização de carbono, preservação de nascentes e agimos diretamente no reflorestamento. Em parceria com a ECOOAR (startup ambiental) realizamos um cálculo médio da quantidade de carbono que emitimos e, com isso, sabemos quantas árvores devem ser plantadas para que haja essa compensação. Atualmente possuímos nossa área de reflorestamento no interior de São Paulo, onde diversas árvores já foram plantadas e nossas clientes podem acompanhar o crescimento de cada uma delas através de um QR Code que está disponível em nosso site. Além disso, nossa área florestal está localizada aos pés de uma nascente que abastece mais de 30 cidades na região, atuando diretamente na preservação destas nascentes tão puras. E nossa fábrica possui o sistema de economia circular e incentivo ao mercado têxtil nacional. Pretendemos seguir expandido esta área e seguir aprendendo, dia após dia, como priorizar escolhas socioambientais positivas.
A moda não “pasteuriza” as pessoas? Como fazer para que as individualidades sejam respeitadas e até ressaltadas?
Acredito que um dos aspectos mais interessantes da moda e que, recentemente, vem sendo trabalhado e expandido, é justamente a pluralidade de escolhas! Vemos, de alguns anos para cá, como muitas marcas têm procurado humanizar e pluralizar suas escolhas. Sejam de perfis, tamanhos de corpos e flexibilidade de tendências e storytelling. Acho, sim, que ainda é um caminho longo e muito precisa ser feito. Mas é perceptível que este caminho está sendo percorrido.
A La Femme 368 é para todas — de todos os tamanhos, formas e gostos?
Para todas as pessoas que procuram roupas atemporais, elegantes e com um toque de sensualidade! Trabalhamos com a filosofia de que são as roupas que devem se adaptar aos corpos, e não o contrário! Isso se aplica ao desenho dos modelos, à escolha de tecidos, aviamentos e cortes! Atualmente nossa grade de tamanhos vai do P ao GGG e estamos estudando e trabalhando para expandir essa grade cada vez mais!