Apesar de jovem, o ator Felipe Silcler, o Zumbi de Topíssima, tem discurso de gente grande quando o assunto são as oportunidades a atores negros na televisão. Antes de Zumbi, que é estudante de medicina, Felipe viveu o jornalista Libério na novela Novo mundo, da Globo.
“Eu reconheço o meu privilégio de viver personagens que têm histórias bacanas que fogem do estereótipos que são impostos para os negros sempre”, afirma Felipe, em entrevista ao Próximo Capítulo. Otimista, o ator ainda avalia que o público brasileiro está preparado para assistir a novelas com mocinhos e mocinhas negras: “Na vida real existem muitos negros e negras lindos e bem-sucedidos, esses exemplos precisam só ser mostrados cada vez mais nas tramas.”
Sobre Zumbi, o garoto é um boa praça que transita entre os vários núcleos da trama: a república onde mora, o hospital onde trabalha, a universidade onde estuda. Por isso, é natural que ele se envolva nas questões que mais movimentam Topíssima, caso do tráfico de drogas. “O Zumbi é aquele típico cara que é amigo de todos, ele acaba se envolvendo com os conflitos e histórias de todos, então circula bastante nos núcleos. Ele, por ser um cara que vive em baladas, vai despertar essa desconfiança de algumas pessoas com relação às drogas. Mas se ele se envolve ou não com isso, só assistindo à novela. Não posso dar spoiler”, despista.
Na entrevista a seguir, Felipe fala sobre Topíssima, teatro, a mudança da Globo para Record e outros assuntos. Confira!
O Zumbi tem o problema de desmaiar a cada vez que vê sangue, apesar de estudar medicina. Como você lida com o sangue? Daria um bom médico?
Eu não tenho problemas com sangue. Eu não gosto de ver as pessoas sofrendo ou sentindo dor. Isso acaba comigo. Acho que a medicina é uma das profissões mais lindas que existe, mas não sei se seria um bom médico porque eu ia acabar me envolvendo muito com as situações das pessoas, me emocionando e não ia saber me distanciar.
Outra característica do personagem é que ele é baladeiro. Você gosta mais do dia ou da noite?
Eu funciono melhor de noite. É a hora que eu estou mais ligado, tanto que eu tenho o hábito de dormir tarde, mesmo quando não quero. Mas eu me dou bem tanto com o dia quanto com a noite. Acho que existem situações e programas bacanas para os dois horários.
O que pode adiantar sobre a trajetória do personagem nas próximas semanas de Topíssima?
O Zumbi é aquele típico cara que é amigo de todos, ele acaba se envolvendo com os conflitos e histórias de todos, então circula bastante nos núcleos.
De alguma forma o apelido Zumbi não deixa de ser uma espécie de bullying que o personagem sofre. Em algum momento essa discussão entrará na novela?
Não vejo como bullying. Na verdade, é uma zoação de amigos com carinho, por ele emendar a noite com o dia e passar o dia com sono e andar como um Zumbi, um morto vivo. Mas não é uma grande questão porque ele dá conta de todas as suas funções e obrigações. E ele sente que é querido por todos.
Topíssima aborda em uma das tramas a questão das drogas. Como será a participação de Zumbi nesse núcleo?
Ele, por ser um cara que vive em baladas, vai despertar essa desconfiança de algumas pessoas com relação às drogas. Mas se ele se envolve ou não com isso, só assistindo à novela. Não posso dar spoiler. (Risos)
Em Novo mundo você interpretava o jornalista Libério. Agora, em Topíssima, um estudante de medicina. Isso quer dizer que os personagens com atores negros escalados têm se diversificado?
Sim. Acredito que as escalações vem se diversificando, mas ainda é muito pouco perto da quantidade de personagens que existem nas produções, geralmente são dois ou três personagens fixos na trama que são escalados atores negros para fazer, em comparação com todo um resto que são de atores brancos. Mas a gente está caminhando sim. Não podemos negar. Tem uma galera tentando mudar isso. Eu reconheço o meu privilégio de viver personagens que têm histórias bacanas que fogem do estereótipos que são impostos para os negros sempre.
A televisão brasileira está preparada para um mocinho ou galã negro, sem que estejam no personagem estereótipos ligados à raça?
Eu tenho certeza que sim. As pessoas só precisam de oportunidades. Na vida real existem muitos negros e negras lindos e bem-sucedidos, esses exemplos precisam só ser mostrados cada vez mais nas tramas. O público com certeza vai se identificar, até porque nós negros, somos a maioria da população brasileira né?! E precisamos ser representados não só na frente das câmeras, mas como em todas as outras funções.
Essa é sua primeira novela na Record. Há diferenças muito grandes em termo de estruturas para a Globo?
Não vejo muita diferença em termos técnicos. Ambas têm uma boa estrutura. A maior diferença que percebi é em relação ao tamanho e as relações. Na Record, por ser menor, a gente tem uma relação de se sentir em casa e em família, mais rápido.
Você faz teatro desde os 11 anos de idade. Sente saudades do palco quando está gravando novelas?
Sim. Sinto muita saudade. O palco é onde eu me sinto pleno e em casa. É uma das artes mais lindas pra mim, porque é efêmera, cada apresentação é única pra quem tá ali, todo dia é diferente, mesmo você fazendo “a mesma coisa” sempre.
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