A carreira do ator Armando Babaioff está em alta desde quando ele brilhou como Ionan em Segundo sol, ano passado. A boa fase se confirma com o atual Diogo, vilão que interpreta com graça em Bom Sucesso, novela de Paulo Halm e Rosana Svartman exibida na Globo na faixa das 19h.
“Vilões tendem a ser sedutores. O Diogo tem uma ironia, um humor involuntário que dinamiza essa obstinação dele pelo dinheiro. Então as pessoas adoram odiá-lo. Ele virou um ‘malvado favorito’. Eu tomo bronca do público, ouço que eles morrem de rir quando ele canta alguma música, que adoram as discussões com o sogro e que ele fica com a idade da Sofia quando se alfinetam”, afirma Armando, em entrevista ao Correio referindo-se aos personagens Alberto (Antonio Fagundes) e Sofia (Valentina Vieira).
Alberto é o principal alvo das maldades de Diogo, mas também sobra para Nana (Fabiula Nascimento) e Paloma (Grazi Massafera), mas tudo com um bom humor que acabou virando marca registrada do personagem: “Ajuda e suaviza a maldade dele. Esse cinismo é uma característica muito forte.”
Um dos pontos altos de Bom Sucesso é a maneira como a novela trata a literatura, quase como uma protagonista. Trechos de livros são recitados em momentos líricos da trama. “É bonito demais. A minha formação está ligada afetivamente aos livros. E ver a literatura sendo abordada de forma tão bonita na novela é incrível. Os autores estão usando os grandes clássicos da literatura para ilustrar a trama de uma forma tão natural e espontânea, sem didatismos, despertando a curiosidade de quem ainda não leu os livros, respeitando o conteúdo e aproximando a novela dessas histórias”, comemora o ator.
A ligação de Babaioff com a literatura é tão forte que ele participou, na última Bienal do Rio de Janeiro, de uma roda de conversa sobre livros de teatro. Ele falou sobre a tradução do espetáculo Tom na fazenda. “Estive ao lado de colegas que também publicaram seus textos e foi um encontro muito bonito, um diálogo muito interessante sobre dramaturgia, teatro. A resistência da cultura existe como consequência de um processo de não-realização artística. Quanto investimento é feito pelas prefeituras, pelo governo que atende aos projetos teatrais? Cada vez menos”, reflete.
O Diogo não mede esforços para ficar rico. A repercussão do público quando você interpreta um vilão é diferente?
Vilões tendem a ser sedutores. O Diogo tem uma ironia, um humor involuntário que dinamiza essa obstinação dele pelo dinheiro. Então as pessoas adoram odiá-lo. Ele virou um “malvado favorito”. Eu tomo bronca do público, ouço que eles morrem de rir quando ele canta alguma música, que adoram as discussões com o sogro e que ele fica com a idade da Sofia quando se alfinetam. Diogo é um personagem amoral. Fora da curva. É muito diferente interpretar um vilão. É um exercício prazeroso criar esse personagem tão bem escrito pelo Paulo (Halm) e pela Rosane (Svartman).
Apesar de ser vilão, o texto de Diogo é muito bem-humorado. Acha que isso ajuda na aceitação do personagem pelo público?
Ajuda e suaviza a maldade dele. Esse cinismo é uma característica muito forte, mas tudo indica que essa aceitação vai acabar logo logo. Ele um psicopata, né?!
O Diogo tem várias cenas sensuais. Como você lida com a exposição do seu corpo? Fez alguma preparação especial neste sentido?
De forma natural. Essas cenas constroem as relações dele, tanto com a esposa, quanto com a amante. São cenas que funcionam dentro da dramaturgia da novela, ajudam a contar a história. Eu corro no calçadão quando consigo, ultimamente não tem dado tempo. E tento me alimentar sem exageros. Mas não fiz nenhuma preparação especial, não.
A trama de Bom Sucesso tem uma forte ligação com a literatura. Como vê a importância de um tema como esse ser abordado no atual cenário cultural brasileiro?
É bonito demais. A minha formação está ligada afetivamente aos livros. E ver a literatura sendo abordada de forma tão bonita na novela é incrível. Os autores estão usando os grandes clássicos da literatura para ilustrar a trama de uma forma tão natural e espontânea, sem didatismos, despertando a curiosidade de quem ainda não leu os livros, respeitando o conteúdo e aproximando a novela dessas histórias.
Você esteve este ano num painel da Bienal do Rio. Fazer literatura — ou arte em geral — no Brasil é um ato de resistência? Sempre foi assim?
Estive no último dia da Bienal. Numa roda de conversa sobre Os livros do Teatro, mediado pela Isabel Diegues, diretora editorial da Cobogó, que me deu a felicidade de publicar a minha tradução de Tom na fazenda. Estive ao lado de colegas que também publicaram seus textos e foi um encontro muito bonito, um diálogo muito interessante sobre dramaturgia, teatro. A resistência da cultura existe como consequência de um processo de não-realização artística. Quanto investimento é feito pelas prefeituras, pelo governo que atende aos projetos teatrais? Cada vez menos. Houve um grupo de artistas aqui no Rio que não receberam o fomento de um trabalho selecionado, executado e que não foram pagos pelos seus trabalhos até hoje. Sempre foi difícil, mas talvez nunca tenhamos experimentado um naipe de líderes políticos – mundiais – que desprezassem tanto a cultura como agora.
Desde Segundo sol, seus personagens vêm crescendo na TV. Acha que esse é o melhor momento de sua carreira?
Eu estou vivendo um personagem em que me divirto muito. Ao lado de uma equipe de atores e artistas muito criativos, temos uma troca muito potente. Ao mesmo tempo, estou viajando com o espetáculo Tom na fazenda. Vamos entrar no terceiro ano da peça e ainda temos muito para rodar. Uma produção minha, ao lado de amigos, com uma repercussão além de qualquer expectativa inicial. Então, sim, talvez seja um momento importante, mas vem novidade, porque eu não paro.
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