CBNFOT260720202768 Crédito: Equipe D Comunicação/Divulgação / Influenciador e apresentador AD Junior

Apresentador do Trace Trends, AD Júnior fala sobre segunda temporada da atração

Publicado em Entrevista

Trace Trends, com AD Júnior, traz histórias afro-brasileiras para o holofote da televisão aberta

Desde o ano passado, o apresentador e comunicador AD Júnior integra o time do programa Trace Trends, exibido às terças-feiras 22h30 na RedeTV!. A atração tem como objetivo dar voz e retratar histórias que envolvam à comunidade negra.

Na segunda temporada, que estreou neste ano, muitas mudanças. Primeiramente em função da pandemia. As gravações são, agora, todas remotas. O que possibilitou que AD comandasse o programa mesmo morando na Alemanha. “Tem sido um grande desafio. Todo o processo é executado dentro de casa e buscando chegar a uma qualidade de um programa gravado em estúdio. Por sorte, possuo equipamentos como luz, microfone, câmera e etc. Mas, ainda assim, é desafiante”, conta.

Outra novidade são novos quadros: Bafros, Tracepapo, Afroempreendedorismo e um especial dedicado aos esportes. “Tudo isso é bem legal, pois estamos abrindo, cada vez mais, leques da diversidade dentro da representatividade. Estamos em todos os locais, falando sobre várias questões que vão além do racismo ou dos problemas cotidianos que uma sociedade estruturalmente racista nos traz”, explica.

A temporada terá 24 episódios. Até agora, nomes de peso como a filósofa Djamila Ribeiro, o produtor Celso Athayde e as cantoras Bia Ferreira, Linn da Quebrada e Jennifer Nascimento participaram da atração. “E tem muita gente boa para passar por aqui”, garante AD Júnior. Para ele, é uma alegria ver como o programa, que já é um marco na história da tevê brasileira, foi abraçado pelo público. “Temos um programa que não é caricato, que é produzido por pessoas afro-brasileiras contando as próprias histórias de forma positiva”, completa.

Crédito: Reprodução. Jennifer Nascimento participando do Trace Trends

Atualmente, AD Júnior está à frente das redes sociais da atriz Monica Iozzi, numa parceria que não tem data para acabar, mas foi incentivada pelos movimentos na internet que aconteceram após a morte do norte-americano George Floyd, asfixiado por policiais nos EUA.

Duas perguntas // AD Júnior

Você tem um papel muito importante como influenciador e aproveita esse espaço para trazer discussões importantes. Para você, qual é o papel do influenciador?
O nome influenciador digital é uma marcação nova que deriva do antigo “youtuber” e “blogueiro”, já que agora não falamos mais o nome da plataforma e sim o social media. Neste contexto, não sinto esse peso porque não sou um influenciador ou acadêmico especializado no assunto. Sou uma pessoa que está comunicando situações do meu cotidiano e buscando explicar um pouco do racismo estrutural nas redes sociais, de forma simplificada.

Sei que existem muitas pessoas que criticam o nosso trabalho, mas busco focar naquelas que são atingidas e somam os esforças na luta racial. É um lugar para mim de muita reflexão. E fico muito feliz de ver (de maneira geral) que a maioria dos influenciadores digitais negros do país se comunicam e buscam soluções para avançar pautas raciais que farão diferença no país.

Neste ano, a questão do racismo ganhou os holofotes com o caso de George Floyd que acabou tendo repercussão aqui no Brasil também. Como enxergou todo esse movimento?
Acredito que o movimento tenha sido importante, por abrir os olhos de muitas pessoas. E, pela primeira vez, estamos vendo brancos brasileiros desejando ativamente participar das discussões raciais e fazendo reflexões da sua condição na sociedade. E não tínhamos isso anteriormente no país. Ou seja, o Brasil começa a engatinhar no debate ao racismo estrutural e, principalmente, às consequências do menosprezo à pauta racial.

Essa pauta do George Floyd ela é importante, mas não é inédita no que tange ao que nós negros falamos há 132 anos. É novo a participação dos brancos no coro de discussões. E é importante analisarmos que essas pessoas estão tomando consciência muito em parte por conta das redes sociais que expôs as mazelas de uma sociedade que nunca quis discutir a raiz da desigualdade de fato.