Tudo que Anitta faz tem repercussão. Não importa se é positiva ou negativa. Logo não poderia ser diferente com a chegada do novo documentário da artista para Netflix. Anitta: Made in Honório vem para “corrigir” o que a cantora desgostou da primeira docussérie Vai Anitta, também da plataforma de streaming.
A principal missão a nova produção cumpre. A de contar a história da menina de uma família pobre do Rio de Janeiro que fazia apresentações em bailes de favela até conseguir se tornar numa das maiores estrelas da música brasileira e do mundo se apresentando num dos palcos mais cobiçados nacionalmente e internacionalmente, o do festival Rock in Rio. Tudo isso com o próprio esforço e a ajuda dos familiares, principalmente os três pilares: a mãe Miriam, o irmão Renan e o pai Mauro. Durante os seis episódios, o documentário vai pincelando situações do passado e as contrastando com o momento atual da artista para traçar essa narrativa.
Ao longo da temporada, outros acontecimentos para além da trajetória são mostrados, como a participação de Anitta em eventos de negócio, o cargo de liderança conquistado na Ambev, a gravação do clipe de Combatchy (com MC Rebeca, Lexa e Luisa Sonza), a viagem para Aspen, nos Estados Unidos — quando conheceu Mariah Carey –, e os bastidores do Rock in Rio.
Dois pontos muito específicos de Made in Honório saltam os olhos. O primeiro é a revelação de Anitta de que sofreu um abuso sexual quando tinha 14 anos. Chorando, a cantora compartilha o trauma da adolescência vivido com um homem com quem também teve um relacionamento abusivo.
O outro é um abuso da parte da própria Anitta, que aparece em alguns momentos do documentário descontrolada com a equipe a ponto de rasgar páginas de um documento de apresentação durante uma reunião e de distribuir palavrões e xingamentos num áudio enviado para os sócios. As cenas têm levantado o debate nas redes sociais em relação a normalização do abuso moral. Mas não são bem uma novidade. Momentos semelhantes foram mostrados em Vai Anitta nas gravações de Vai malandra.
Os melhores momentos de Made in Honório são exatamente quando Anitta resolve mostrar a faceta que mais esconde, a de Larissa. Os episódios dedicados à família, à viagem e até o último que mostra mais cenas do show em Madureira — que foi similar ao do Rock in Rio, mas de graça em uma comunidade em que a artista fazia apresentações no início da carreira –, quando a cantora mais se despiu das amarras da persona para ser ela mesma.
Ver o lado “desnudo” de Anitta é o que realmente vale a pena no seriado documental. Até porque o lado de “empresária bem-sucedida” já vem sendo explorado há alguns anos em entrevistas, no próprio Vai Anitta e até no biografia não autorizada escrita por Leo Dias, Furacão Anitta.
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