Pensar no que realmente faz o sucesso de uma série dá uma verdadeira dor de cabeça. Pouparemos o leitor deste desprazer, mas vamos expor a dura realidade: não é só qualidade que dita fama. Vide American rust.
Apresentada nos Estados Unidos pelo canal a cabo Showtime, American rust chegou ao Brasil pelo streaming da Paramount+ e ainda não caiu nas graças do público das redes sociais (tanto norte-americano, quanto brasileiro), apesar da qualidade.
A narrativa é complexa e cheia de camadas. No protagonismo o telespectador acompanha Del Harris (Jeff Daniels). O chefe de polícia da cidade fictícia de Buell representa o pontual de toda a natureza humana: não é bom, nem mal. Ele tenta acertar, erra (feio) no processo, e tem um compasso moral de referência.
O cenário de Buell é uma inteligente representação da indústria norte-americana: decadente. Os poucos que ainda resistem no local sofrem vítimas de uma epidemia de drogas fora do controle enquanto lutam para ter o mínimo.
Em um primeiro momento, o trabalho de Del é investigar a morte de um policial nos subúrbios de Buell. A investigação vai levá-lo ao jovem Billy (Alex Neustaedter). É aí que as coisas se complicam. Billy é o único filho de Grace, a grande paixão de Del. E, na tentativa de poupar a amada, o chefe de polícia vai andando no limite em relação à proteção de Billy e ao papel de policial.
Os personagens secundários também são interessantes e completos. Ao longo dos episódios o público descobre que não foi Billy que matou o policial e, sim, o melhor amigo dele, Isaac (David Alvarez).
A situação se complica mais ainda porque, além da amizade, Isaac sempre nutriu uma grande paixão por Billy, mas nunca foi correspondido, porque o grande amor da vida de Billy foi a irmã de Isaac — que “fugiu” para Nova York em busca de uma vida melhor.
Entre proteger o amigo, se salvar, proteger a própria mãe e salvar uma possível relação com a amada, Billy acaba sendo jogado no meio de um furacão de emoções (e tragédias), do qual talvez nem Del consiga salvá-lo.
De uma forma geral, American rust guarda uma semelhança significativa com Mare of Easttown. Ambas investigam um assassinato em um cenário decadente, enquanto os “heróis” nada mais são do que humanos. O ritmo das duas é excelente, a história caminha sem tropeços e existe um objetivo a ser alcançado. American rust é mais sombria, com um drama mais latente. Às vezes, é difícil saber se existe esperança em meio a tanto sofrimento.
Em consequência, é uma série que realmente não merece ser deixada de lado. Trata a natureza humana com um toque de realidade cru e distinto, e encanta por saber representar os altos e baixos da contradição do que é ser “bom” e “mau”.
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