“Acredito no poder arte”, afirma Natascha Stransky, de Terra e paixão

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Atriz carioca, de 36 anos, que interpreta Silvia na novela das 21h trabalhou nos três filmes sobre Legião Urbana gravados em Brasília

Por Patrick Selvatti

“Eu sou completamente apaixonada por Brasília”. A declaração é da atriz Natascha Stransky, a Silvia de Terra e paixão, que, muito antes de saber que estaria no ar em uma novela do horário nobre da Globo, atuou nos filmes Somos tão jovens, Faroeste caboclo e Eduardo e Mônica — baseados na vida e na obra da Legião Urbana e rodados na capital federal. Entretanto, foi somente no primeiro que ela esteve diante das câmeras; nos outros dois, dirigidos por Renê Sampaio, a carioca de 36 anos trabalhou como assistente de produção financeira e de produção executiva, respectivamente.

Foram cerca de seis meses em Brasília, por conta das três filmagens. “Brasília é um lugar onde, com certeza, consigo me imaginar morando. Nunca vi um céu tão bonito!”, descreve Natascha, que estreou na televisão em Duas caras (2007) e recebeu o convite para a atual novela um mês após a morte da mãe. “Vejo a Sílvia como a oportunidade de um recomeço, tanto como atriz quanto como pessoa”, resume.

A atriz, que também estuda psicologia, está envolvida com outros dois projetos que buscam quebrar tabus e trazer alertas importantes: a peça O abuso, idealizada por ela e a amiga Bella Rodrigues,  que aborda a violência sexual e psicológica contra as mulheres; e a websérie Escoderijo, que trata do amor entre duas pessoas do sexo feminino. “Acredito no poder da arte”, conclui.

Leia a entrevista de Natascha Stransky ao Próximo Capítulo:

Silvia trabalha na cooperativa da novela Terra e paixão

O que a Silvia de Terra e paixão representa para você, como atriz e como pessoa?

A Silvia veio como um presente. Tinha perdido minha mãe há um mês quando o Fábio Zambroni (produtor de elenco da novela) me ligou me convidando para atuar em Terra e paixão. Vejo a Sílvia como a oportunidade de um recomeço tanto como atriz, quanto como pessoa. Sou fã do Walcyr Carrasco e trabalhar em uma novela dele sempre esteve entre os meus objetivos como atriz.

Você está cursando psicologia. Onde pretende encaixar esse novo ofício na profissão de atriz, ou vice-versa?

Resolvi fazer a faculdade de psicologia exatamente por achar que se comunica bem com a atuação. Entender da mente humana ajuda a pensar em personagens de uma forma mais ampla e profunda. Para mim, a psicologia caminha junto com minha carreira de atriz: nos dois ofícios, lidamos com pessoas e sentimentos. Acredito que quanto mais eu souber como funciona a mente humana, mas poderei dar profundidade pras minhas personagens.

E como é concilia a novela com a faculdade?

O que coloquei para mim é que tentaria conciliar os dois da melhor forma possível. Se tiver que abrir mão de alguma matéria na faculdade para poder fazer o meu melhor, e aprender de verdade, o farei, sem peso. O importante é a gente entender nossos limites e conseguir fazer nosso melhor dentro deles.

Você destaca, em entrevistas, a importância da peça O abuso, que fala sobre relacionamento tóxico, e da websérie Esconderijo, que retrata a homossexualidade feminina. Em que lugar esses assuntos são conectados com a sua realidade pessoal e com o seu desejo tão forte de  abordá-los?

O abuso foi uma peça idealizada por mim e uma amiga Bella Rodrigues. Tanto a Bella quanto eu tivemos experiências com diferentes tipos de abusos: ela passou por um estupro e eu, por uma relação de abuso psicológico. Para sairmos de um relacionamento doente, precisamos primeiramente, identificar que estamos em um. Acredito no poder da arte para isso… Quanto a Esconderijo, abordamos outro assunto importante: o amor entre mulheres. Se tem uma bandeira que levanto, é a do amor. Para mim, o amor é a senha, sempre. Acho extremamente importante as pessoas se sentirem à vontade em ser quem são e acredito que a forma como abordamos esse assunto na websérie, pode ajudar com essa visão. Falamos de amor, por um acaso, de amor entre mulheres, mas fundamentalmente sobre amar, sem tabus, sem preconceitos.

Conta como foi a experiência na produção executiva dos filmes Faroeste caboclo e Eduardo e Mônica.

Em Faroeste caboclo, trabalhei como assistente de produção financeira, em Eduardo e Mônica, como assistente de produção executiva. Para mim, as duas experiências foram muito importantes. Aprendi demais e acho muito válido pra quem é ator, entender o que está acontecendo por trás das câmeras, quem é quem nessa engrenagem tão grande que vai muito além do que a gente consegue ver na tela.

Qual foi a sua relação com Brasília com as experiências desses filmes gravados aqui e que têm tanto o DNA do brasiliense?

Eu sou completamente apaixonada por Brasília. Fiquei ao todo seis meses em Brasília, três meses da primeira vez e três meses da segunda. Amo os brasilienses e a forma como a cidade é planejada. Fiz grandes amigos na cidade e já voltei quatro vezes para visitar. Brasília é um lugar onde, com certeza, consigo me imaginar morando, nunca vi um céu tão bonito. Para ser feliz aí, só preciso do meu soro fisiológico e do meu hidratante labial (risos).

Patrick Selvatti

Sabe noveleiro de carteirinha? A paixão começou ainda na infância, quando chorou na morte de Tancredo Neves porque a cobertura comeu um capítulo de A gata comeu. Fã de Gilberto Braga, ama Quatro por quatro e assiste até as que não gosta, só para comentar.

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