The Girlfriend Experience Season 3 2021 2021. Crédito: Aimee Spinks/Starz Entertainment. Cultura. Cena da terceira temporada de The

A terceira temporada de The girlfriend experience estreia, na Starzplay

Publicado em Séries

Temporada de The girlfriend experience chega com história que mistura ciência e erotismo em um clima de tensão

Por Pedro Ibarra*

Com uma nova história, novos personagens e nova showrunner, a série The girlfriend experience chega à terceira temporada neste domingo (2/5) na plataforma Starzplay. O seriado é baseado em um filme homônimo de Steven Soderbergh, lançado em 2009, por isso o diretor participa como produtor. A história mostra a vida dupla de mulheres que têm empregos, mas trabalham como namoradas profissionais nas noites e nos fins de semana. Anja Marquardt assume a direção e o roteiro de todos os episódios, enquanto Julia Goldani Telles, atriz filha de uma brasileira, interpreta a nova protagonista.

Por ser uma antologia, The girlfriend experience apresenta um novo enredo por temporada, com liberdade criativa para que possa ser feita uma história completamente original a partir dos conceitos pensados em 2009 por Soderbergh. Agora, na mão da cineasta alemã Anja Marquardt, o seriado recebe um novo tom, mais futurista, e faz críticas à tecnologia e a situação atual das redes sociais e do mundo virtual.

“Foi uma grande e empolgante oportunidade para mim, foi como trabalhar em uma tela em branco, e cheguei nessa obra de arte de 10 episódios, em que pude ir bem fundo nesses novos personagens, novas histórias e novo mundo”, conta Anja, em entrevista ao Correio.

A nova temporada mostra Iris, personagem de Julia Goldani Telles, uma neurocientista que larga uma especialização para assumir um emprego em uma grande empresa de inteligência artificial, mas, durante a noite, trabalha para uma empresa de namoradas profissionais — mulheres contratadas para exercer o papel de namorada por uma noite. Todo esse esforço da protagonista é para conseguir dinheiro para pagar o tratamento do pai, que está tendo complicações devido à doença de Alzheimer.

“Ela ama dinheiro, ama sexo, quer poder e está disposta a fazer tudo o que pode, e usar o próprio cérebro o tanto que for necessário, para conseguir o que quer. Porém, ao mesmo tempo, a personagem é pé no chão e tem um motivo muito puro para fazer e querer tudo isso”, afirma Julia sobre Iris.

A série é baseada nas relações desta protagonista, que faz tudo por um motivo. “O sexo e o dinheiro são bons benefícios, mas o que ela realmente quer é entender como pode transformar os maiores desejos e os maiores medos das pessoas em tecnologia”, explica a atriz sobre a personagem, que também usa as experiências de namorada profissional para desenvolver uma inteligência artificial.

Para criar todo esse mundo da série, Anja teve a ajuda de consultores em neurociência, inteligência artificial e tecnologia. “É um campo muito específico, então foi, inclusive, difícil encontrar especialistas para nos auxiliar na área”, lembra a diretora. Mas ela foi atrás para que tudo ficasse o mais verossímil possível. “Eu queria criar um mundo autêntico, em que outras pessoas acreditassem e pensassem: ‘realmente eles fizeram o dever de casa deles’”, avalia Marquardt.

“Essa temporada explora uma coisa que a maioria das pessoas tem em mente: quanto dos nossos dados nós estamos abrindo mão quando apertamos o ‘aceitar e continuar’ nos termos e condições de uso, o que é privado na internet e o quanto a tecnologia sabe da gente?”, reflete Goldani Telles. “É realmente sobre a interseção de desejo e intimidade e a tecnologia. Para algumas pessoas, vai ser muito empolgante, mas para outras, muito assustador”, completa a artista.

Aspectos técnicos e pandemia estão em The girlfriend experience

A liberdade da diretora Anja Marquardt ultrapassou o criativo e passou para a execução da série. A cineasta, conhecida por produções independentes como Ela perdeu o controle e Thanksgiving, pôde instalar o formato de gravação de que mais gostava. “Nós meio que tratamos essa temporada inteira como um filme gigante. Eu escrevi e dirigi todos os episódios, também tivemos apenas um diretor de fotografia e um editor para todos”, afirma a showrunner, que também elogiou Steven Soderbergh por dar espaço para que profissionais do cinema independente chegassem ao mainstream com The girlfriend experience.

Contudo, por mais que a diretora fosse livre, ela teve um grande impeditivo, que foi gravar na pandemia. A série adaptou uma mescla das regras sanitárias norte-americanas com as britânicas para criar um ambiente seguro para todo o elenco e a produção trabalharem, até porque o seriado possui muitas cenas de sexo e contato físico. Testes de covid rotineiros e higiene também foram levados muito a sério.

Apesar de todos os obstáculos, a série conseguiu ser gravadas sem problemas ou interrupções, e a diretora disse que não afetou criativamente o resultado final. “Leva um tempo para acostumar, não é fácil usar uma máscara por mais de 10 horas. Criativamente, contudo, não foi diferente de como gravávamos antes da pandemia”, conta.

Um pouco brasileira

“Julia é incrivelmente aberta, corajosa, crua e cheia de nuances, tudo ao mesmo tempo. Isso me intrigou desde a primeira vez que a assisti, em The affair, e eu estava muito animada para tê-la comigo nesta temporada”, pontua Anja Marquardt.

Julia Goldani Telles é uma atriz e dançarina que ficou conhecida nos Estados Unidos pelo papel de Whitney Solloway em The affair, que foi exibida de 2014 a 2019. A artista teve também destaque no filme baseado no jogo de videogame, Slender man: pesadelo sem rosto, em 2018. E agora assume a primeira protagonista em uma grande produção.

Ainda no início de carreira, Julia tem a história muito ligada ao Brasil. Filha de mãe brasileira, ela veio morar no país com apenas 1 ano de idade, e tem como primeira língua o português. Posteriormente, ela voltou para os EUA, onde começou a carreira, em 2012, com a série Bunheads.

“Minha mãe é do Rio Grande do Sul, então eu me considero gaúcha. Eu cresci indo todo ano visitar a fazenda da minha família no Sul do Brasil”, relembra Julia. “Eu costumava visitar o Brasil todo verão até eu começar a trabalhar muito e ficar inviável. Mal posso esperar para voltar”, acrescenta.

*Estagiário sob a supervisão de Sibele Negromonte